opióide I abre espaço pro... Vinícius Dantas

opióide I
abre espaço
pro entorpecimento.
confusão — coração
lasso.
a sensação
do esgotamento
se esvai
em um abraço.
o traço, o laço
que entorpecia
desaparece num
retrato opaco.
letargia.
silêncio,
dormência,
espaço.
a melodia da monotonia
encontra na nostalgia
o ópio
(da poesia)
e a brisa da inércia
suspende, cessa.
sufoca a essência.
despe a alma
com delicadeza adversa.
a sensação do cansaço
encontra,
enfim, na cama, abraço.
alquimia do corpo.
torpor —
afunda travesseiro.
e o universo
mergulha em inteiro
esquecimento,
lento.
escrevo nos versos,
brincando de alquimista,
enquanto esbagaço
o pedaço
da harmonia
que novamente
encontra poesia —
e juntos
formam magia
(em suave contraste)
com a agonia.
simpatia desencontra
a euforia,
a alegria
vira utopia
(sonho acordado)
com a calmaria —
como se,
em alquimia,
essa anestesia tecesse
uma sinfonia
que se perde
em fantasia.
e os tormentos morrem
injetados entre sílabas
e remédios dourados.