⁠"Da Janela, o Silêncio"... Prof.Cranon

⁠"Da Janela, o Silêncio" Por Prof. Cranon Há algo de profundamente sagrado nas pausas que a vida oferece. Um instante onde o tempo não corre — apenas ... Frase de Prof.Cranon.

⁠"Da Janela, o Silêncio"

Por Prof. Cranon

Há algo de profundamente sagrado nas pausas que a vida oferece.
Um instante onde o tempo não corre — apenas respira.

A caneca fumegante repousa, silenciosa, como quem guarda segredos de manhãs que não precisam ser apressadas. O vapor que se eleva desenha no ar uma dança invisível, quase uma prece efêmera, que se desfaz antes mesmo de ser compreendida.

Sobre o caderno, repousa uma caneta. E, mais do que tinta, ela carrega possibilidades. Palavras ainda não ditas, pensamentos por nascer, universos inteiros à espera de um simples gesto de coragem: escrever-se.

Do lado de fora, a vida segue — árvores, vento, luz, sombras e um verde que não se cansa de existir. O mundo não grita lá fora. Ele sussurra. E é justamente nesse sussurro que a alma encontra abrigo.

A janela, aberta, não é só moldura para o olhar. É também convite. Convite para atravessar as paredes invisíveis do hábito, do barulho interno, das urgências que sequestram nossos dias.

Ali, naquele pedaço de madeira aquecido pelo sol, mora um acordo tácito entre o ser e o estar. O ser que contempla. O estar que se permite.

Perceba: não há ruído. Só o som da respiração, do vento que toca as folhas e, talvez, do próprio pensamento sendo reorganizado em silêncio.

O café esfria, o sol se move, o tempo passa — e, paradoxalmente, tudo permanece.
Porque há momentos em que a vida não exige respostas, nem pressa. Só presença.

E talvez isso seja o suficiente:
Uma caneca, um caderno, uma janela aberta...
E a sutil, mas poderosa, decisão de simplesmente... existir.