Não Procuro um Príncipe, Só um... Cyntia Karla De Liz

Não Procuro um Príncipe, Só um Homem Inteiro
(uma carta sobre os amores que não foram)
Hoje, com o coração entreaberto e as mãos trêmulas de lembranças, decidi escrever sobre os meus amores que não foram.
As promessas que não vingaram, os gestos que não vieram, os abraços que ficaram pela metade.
Desde menina, eu sonhava...
Sonhava com um amor doce, como os contos de fadas que me embalaram na infância.
Um homem que me chamasse de princesa, que me visse com olhos de cuidado e alma de ternura.
Um homem criado com afeto, que soubesse respeitar e valorizar.
Que me levantasse nos dias em que eu não conseguisse sair da cama.
Que caminhasse ao meu lado — não à frente, nem atrás.
Mas ao lado.
Sempre.
Sonhava com risos em estradas longas, com músicas compartilhadas no carro,
com planos traçados à mão livre,
com jantares simples, luz de vela, vinho tinto e palavras sinceras.
Um chalé no inverno, dois corpos colados, um mundo inteiro cabendo num toque.
Queria alguém que visse além.
Além do rosto, além do corpo, além da superfície.
Que enxergasse em mim minha coragem silenciosa, minha fé nos detalhes,
meus silêncios cheios de significado.
Alguém que se apaixonasse pela mulher inteira —
a forte, a sensível, a sonhadora e a intensa.
Mas...
o tempo me mostrou que o amor que eu idealizei talvez não more aqui,
neste mundo apressado e egoísta, onde sentir virou fraqueza e demonstrar virou jogo.
Por que é tão difícil amar de verdade?
Por que alguns homens desaprenderam a ser gentis?
Por que o respeito se tornou exceção e o ego virou regra?
Vejo homens que dizem não saber amar,
mas amam suas mães, suas filhas, suas irmãs.
Então me pergunto: por que não sabem amar uma mulher como eu?
O amor não é seletivo.
Ele é entrega, é coragem, é toque sem medo.
É olhar que permanece, palavra que conforta, presença que cura.
E eu entendi — o amor vem de dentro.
Vem da infância, do afeto que se aprendeu em casa,
dos “eu te amo” que foram ou não foram ditos.
Ninguém oferece o que nunca recebeu.
Ninguém ama com plenitude sem antes ter sido amado com inteireza.
Hoje, escrevo para aceitar.
Aceitar que meu coração não é pequeno demais.
Ele só é grande demais para caber em amores pela metade.
E mesmo que eu ainda não tenha vivido esse amor,
eu sigo acreditando.
Sigo esperando — não por um conto de fadas —
mas por alguém real, inteiro, disposto.
Alguém que não fuja da profundidade que habita em mim.
Porque eu sei o que sou.
Sou abraço quente em noite fria,
sou paz em meio ao caos,
sou amor que vale a pena.
E um dia — se o universo quiser —
esse amor há de me encontrar.
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