⁠Há quem chame de vício. Eu chamo de... Diane Leite

⁠Há quem chame de vício. Eu chamo de fuga. Fuga de si, dos abismos internos que não tiveram coragem de atravessar. Vícios não são só substâncias — são pactos si... Frase de Diane Leite.

⁠Há quem chame de vício.
Eu chamo de fuga.
Fuga de si, dos abismos internos que não tiveram coragem de atravessar.

Vícios não são só substâncias — são pactos silenciosos com a autossabotagem, com personagens frágeis que fingem força, com sombras que cresceram demais porque receberam atenção demais.

Eu sei o que é isso.
Eu já estive ali: no precipício da compulsão, no limite entre o alívio momentâneo e a destruição silenciosa.
Mas um dia — e esse dia sempre chega para quem decide — eu olhei no espelho e entendi: ninguém virá me salvar.
Ou eu me levanto, ou viro pó.

Troquei minha compulsão pela escrita.
Pelas palavras que curam, pelas ideias que constroem, pelo trabalho que transforma.
Troquei o vazio pelo propósito.

E entendi, com a brutalidade da vida vivida, que ninguém me deve nada.
Quem me ama, fica.
Quem escolhe partir, que vá em paz.
Eu não imploro, não suplico, não me diminuo.

Aprendi que o outro só pode me ferir uma vez.
Depois disso, se continuo sangrando, o punhal já é meu.

Quem se agarra ao passado arrasta correntes.
Quem se liberta, voa.

E eu escolhi voar.

Deixo as pessoas livres para serem quem quiserem ser — mesmo que isso signifique escolherem não ser comigo.
Porque o amor verdadeiro não suplica: oferece.
E se não for recebido, segue inteiro.

No fim, quem mais precisa do meu amor sou eu mesma.
E esse amor, hoje, é inegociável.
Não carrego mais monstros — só cicatrizes que me lembram do quanto fui forte.

A vida não é sobre vencer todos os medos, mas sobre não deixar que eles decidam quem você vai ser.

E eu decidi:
Vou ser farol.
Não âncora.

Ilumino.
Mas não prendo.

Diane Leite