Lanterna — Nunca Salvadora"... Diane Leite

Lanterna — Nunca Salvadora"
Nasci para ser lanterna — nunca salvadora.
Sou chama que arde, mas não queima;
sou farol solitário que corta a neblina,
mas jamais conduz a embarcação.
Lanterna que ilumina a trilha,
mas não empurra, não puxa, não arrasta.
Ofereço a luz, mas não os passos.
Aponto a direção, mas não determino o destino.
Cada ser que cruza meu caminho
é livre para mirar o horizonte ou se perder na escuridão das próprias resistências.
E eu aceito — serena, firme, inteira.
Porque sei:
quem clama por conselho, muitas vezes, deseja dividir a culpa,
fugir do peso da escolha,
diluir a responsabilidade.
Mas eu não sou abrigo nem salvação.
Sou lanterna.
Sou presença que clareia,
não promessa que alivia.
Se caírem, que aprendam com o chão.
Se voarem, que celebrem o céu.
A minha travessia é outra.
É aquela onde assumo cada pedra, cada vento contrário,
cada vitória e cada ferida.
Não me escondo atrás de ninguém.
Não transfiro culpas, não terceirizo méritos.
O que é meu, é meu.
E o que é do outro, deixo com o outro —
sem pena, sem apego, sem ilusão.
Não vim ao mundo para salvar.
Vim para iluminar.
Sou lanterna:
fogo discreto,
fagulha incessante,
sol silencioso,
estrela que nunca se apaga,
mesmo quando ninguém olha para o céu.
Quem quiser ver, verá.
Quem não quiser, que permaneça no conforto da sombra que escolheu chamar de lar.
Eu sigo —
livre,
inteira,
luminosa.
Porque a luz verdadeira nunca força:
simplesmente, é.
Autoria: Diane Leite