Fomos, por instantes eternos, o que... Raísa Sousa

Fomos, por instantes eternos, o que muitos jamais serão: um encontro raro, profundo, visceral. Era amor — daqueles que não se explicam, apenas se sentem. E ele sentia. Eu via nos olhos, nos gestos, nas entrelinhas.
E, no entanto, ele não ficou.
Disse que me amava, mas não queria o peso de me fazer feliz. Que era demais. Como se amar fosse uma carga, não uma escolha leve e compartilhada. Como se a felicidade só pudesse ser sustentada por um dos lados.
Mas eu nunca pedi sacrifício. Nunca quis que ele carregasse o mundo por mim. Eu só queria que caminhássemos juntos. Que fôssemos abrigo, riso, silêncio e paz — lado a lado, não sobre os ombros de ninguém.
Ele dizia que eu era tudo o que ele sempre sonhou. E, mesmo assim, se foi.
Talvez tenha sido medo. Talvez não se sentisse merecedor. Talvez o amor, por mais verdadeiro, tenha sido maior do que ele podia suportar.
O que sei é que somos almas que se reconheceram. E, ainda assim, ele escolheu o caminho oposto ao meu.
E isso é o que mais dilacera: saber que, mesmo com amor, mesmo sendo tudo o que ele dizia procurar… ele não quis ficar.