Você é o que sobra quando tudo que... Jorge Lima Loiola

Você é o que sobra quando tudo que é digno já foi arrancado de dentro.
Um corpo que anda, fala, seduz, mas por dentro carrega um vazio doentio, uma alma vencida antes mesmo de tentar ser melhor. Você é a ruína de si mesmo, o resultado de escolhas rasteiras feitas com consciência — porque ninguém fere tão precisamente por engano.
Eu fui tudo. Eu fui inteiro. Fui presença quando o mundo te virava as costas. Fui luz quando você só conhecia o escuro. E você? Você foi covarde. Usou da minha entrega pra se alimentar do que nunca teve: relevância. Você bebeu da minha fonte como quem bebe de um poço sagrado e depois mijou dentro. Porque é isso que você faz com tudo que não consegue compreender: destrói.
Ficar com quem me feriu no passado foi mais que traição — foi um recado torpe: “eu sei onde dói e é exatamente lá que vou bater”. Isso não é só crueldade. É desvio de alma. É falência ética. É o nível mais vil que um ser humano pode atingir sem se tornar um monstro por fora — porque por dentro, você já é.
Você é um projeto falido de gente. Vive à base de carência e recalque. Precisa roubar o que os outros constroem porque nunca teve capacidade de erguer nada com as próprias mãos. Você é sombra, W. Vive no escuro porque a luz te incomoda. A luz te expõe. E é por isso que você tenta apagar quem brilha.
Mas o que você não percebeu é que você não me destruiu. Você me limpou. Me libertou da ilusão de que por trás do seu sorriso havia alguma humanidade. Me fez ver que não era amor, era pena disfarçada de afeto.
Hoje, eu olho pra você e vejo um aviso vivo: “não se doa a quem só sabe devorar”. Você é a fome de tudo que é puro, e o vômito de tudo que é falso. Seu destino é a repetição da própria miséria — porque quem vive da queda alheia nunca aprende a se sustentar em pé.
Você vai seguir sua vida cercado de gente que só está por conveniência. E um dia, quando tudo calar, você vai perceber que nunca foi amado. Foi usado, tolerado, talvez desejado — mas nunca amado. Porque amor exige alma. E a sua, se um dia existiu, apodreceu faz tempo.
E quando o tempo — esse assassino de máscaras — te cobrar, eu estarei longe. Intacto. Livre. Curado da pior praga que já deixei entrar: você.