Assim continuo sempre entre duas... Vincent van Gogh

Assim continuo sempre entre duas correntes de ­ideias. A pri­meira: as dificuldades materiais, virar e tornar a se ­virar para se sus­tentar. A seguir: o estudo da cor. Conti­nuo a ter sempre a esperan­ça de encontrar aí mais alguma coisa. Expri­mir o amor de dois namorados pelo ­casamento de dois complementares, sua combi­nação e suas oposições, as ­vibrações misteriosas dos tons aproxi­mados. Exprimir o ­pensamento de uma cabeça pela irradiação de um tom ­claro num fundo escuro.

Exprimir a esperança por alguma estrela. O ardor de um ser pelo brilho de um pôr de sol. Certamente não se trata aqui de ilusão realista, mas não são coisas que realmen­te existem?

Vincent van Gogh Cartas a Theo. Porto Alegre: L&PM, 2021.

Nota: Trecho de carta a Theo van Gogh, escrita em 3 de setembro de 1888.