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INSCRIÇÃO PARA UMA LAREIRA
A vida é um incêndio: nela
dançamos, salamandras mágicas
Que importa restarem cinzas
se a chama foi bela e alta?
Em meio aos toros que desabam,
cantemos a canção das chamas!
Cantemos a canção da vida,
na própria luz consumida...
Na verdade, não era amor. Era uma paixãozinha fantasiada, era uma carência de cuidados e mimos. Uma companhia de cinema, uma lareira em dias frios. Um dia já foi amor. Hoje não passava perto. O respeito se perdeu. A posse me sufocou. Acabou. Não me fazia bem.
Para Pensar 🧠
Sala Cerebral - Limpo de dentro para fora.
Por Kate Salomão
Parece fácil pensar, mas na verdade é bem mais difícil do que acreditamos ser.
Então, esgotados, entramos numa sala ampla, a que chamaremos figurativamente de " sala cerebral " e o fato é que nem sempre essa sala está limpa e organizada.
Às vezes deixamos a janela dos
" dizeres " aberta e quando menos esperamos uma forte ventania do que não precisamos, ou queríamos ouvir ou dizer, chega e põe tudo fora do lugar.
E nem sempre na verdade estamos com energia para organizar a grande bagunça e é ali que começa uma cansativa luta interna. Quando vemos estamos deitados no chão, jogados, no meio da
" sala cerebral ", rodeados por pensamentos, que diremos figurativamente novamente, serem papeis espalhados por toda parte.
E ali ficamos por horas, às vezes dias, esperando inspiração para ressurgimos com uma Fênix do meio da bagunça.
Um dia desses eu dormi no meio dessa bagunça e tive um sonho, um dos papéis preso parte em baixo de minha cabeça, balançava e o barulho do vento da janela dos dizeres, que estava escancarada, o balançava e o barulho do dançar do papel me fez abrir os olhos.
Foi então que deitada ali no meio da bagunça de papéis riscados, escritos e amassados, percebi que aquela era a única folha em branco.
Sentei-me, olhei com responsabilidade para folha e com um lápis comecei a escrever; fiz um rústico projeto da arrumação daquele ambiente bagunçado.
Criei coragem, primeiro levantei e fechei a janela e a ventania dos dizeres sumiu. Peguei uma das folhas espalhadas e li, resolvi guardá-la. Peguei outra, o pensamento escrito nela não era bom, então descartei. Assim fiz na sala toda, papel por papel, pensamento por pensamento, limpei tudo e organizei.
Na lareira da sala cerebral queimei os maus pensamentos, afinal pensamentos nocivos não devem ser compartilhados.
Acordei. Ainda meio zonza, ouvi meu próprio pensamento me lembrar a frase de Julien Green:
"O pensamento voa e as palavras vão a pé: eis o drama do escritor."
Olhei a enorme bagunça real e só então compreendi:
"Eu sou essa enorme bagunça". Mas também compreendi que sou a única que pode fechar a janela dos dizeres inúteis para que pensamentos fúteis não entrem, a sala cerebral é minha, então se entraram maus pensamentos, se ouvi maus conselhos, se nutri maus sentimentos, a culpa foi, e é minha.
E só eu que posso, ou não, arrumá-la.