ANJOS E PÁSSAROS (soneto melódico)... Luciano Calazans

ANJOS E PÁSSAROS
(soneto melódico)

Não que me importe com a sua porta
Aberta para outros portos
Não que me importe com a sua vida
Alheia ao meu inteiro dispor

Não que me importe com meu segundo círculo
Do meu inferno de antes
Ainda ouço o canto da cotovia

Estranho o canto do sabiá do forte
E suas melodias sinuosas em plena
Hora que o anjo também costuma
Versar, cantar

Amigos, Angelus, flores
Mil melodias de cantos e prantos
Numa saborosa agonia
Espanto!

Não que eu queira me antecipar
Mas se a dor purifica a alma azul
Peço às cotovias e sabiás

Em forma de anjos
Que cantem suas mis melodias
Em cânones reverberados e retumbantes

O sim
O sim
O sim

Desejo este atendido
Pelas singelas aves-anjos
Aos que penam no segundo inferno

Não que seja o recomeço
Mas ouvi os anjos a cantar
Não sofras coração maculado

Não! Não!

As portas estão abertas e o que está atrás delas também.

Não que me importe por alguns momentos me calar.

Quem sou eu para com quimeras
Desafiar os cantos dos anjos, cotovias e sabiás?