Ele acordou com a claridade e o calor do... Enio Ferreira

Ele acordou com a claridade e o calor do sol que já invadia o quarto. Tentou uma leve carícia nos cabelos dela, mas desistiu para não incomodá-la em seu sono delicado. Levantou-se e foi fechar as janelas que ficaram entreabertas para que deixassem entrar a fresca brisa marinha que os acalentou durante a madrugada. A vista da praia apinhada de banhistas e o mar azul com tantos barcos de velas coloridas faziam a manhã tão bela como jamais estaria, pensou. Cerrou as cortinas e ligou o ar-condicionado, pegou o lençol e tentou protegê-la...

Como num golpe de jiu-jítsu ela o enlaçou com as duas pernas pela cintura e o jogou no meio da cama e por cima dele prendeu-lhe os braços dominando-o. Ele ali, subjugado, ria. Ria entre enternecido e surpreso: Enternecido por que isso é coisa de homem apaixonado e a surpresa foi por ela ter-lhe aplicado um perfeito golpe de jiu-jítsu sem jamais ter aprendido essa técnica. E por que ele ria, ela ria também.

Riam os dois. Um riso único, grande, superlativo, um riso encantado que só é permitido aos apaixonados e a paixão tem a soberania sobre todas as outras coisas. Do riso à excitação é uma tênue ponte que se transpõe com abraços. Ele deixou-se dominar enquanto ela ria, mas quando viu o brilho dos olhos dela aumentarem de intensidade e antes que as lagrimas da felicidade lhe derramasse no rosto, abraçou-a apertando contra si e inverteu a posição e com o mesmo movimento que as ondas do mar fazem nos barquinhos plantou nela uma ansiedade para descobrir o que eram aqueles apitos e os balõezinhos coloridos do outro lado do sonho.

A manhã continuava bela e colorida como sempre estaria...