Diego chegou e já teve uma enorme... MGT

Diego chegou e já teve uma enorme recepção.
Também chegou Leandro Damião e com Guerrero e Vizeu o ataque rubro-negro passa agora a ter nomes de peso e futuro e o treinador Zé Ricardo um bom elenco à disposição.
Impossível não é que esse grupo “encaixe” rapidamente e passe a mostrar o futebol de que é capaz e até fazer história, mas não é provável.
Bons times demandam uma combinação muito boa de elenco, treinador, tempo e trabalho. Dessas variáveis, a mais complicada e ao mesmo tempo mais simples é o tempo.
O tempo é inelástico, independentemente da vontade de quem tenta manipulá-lo.
De qualquer forma, porém, estamos no mundo do futebol, um mundo onde o rigorosamente impossível costuma acontecer com razoável frequência.


A outra grande e despercebida notícia da semana

Naturalmente os holofotes ficaram sobre Diego, mas essa semana começou com uma notícia extremamente alvissareira para os rubro-negros. Na verdade foi uma coleção de boas novas, relatadas em carta do Vice-Presidente Jurídico e também Procurador-Geral do Flamengo, Flávio Willeman, aos sócios do clube.
O ponto alto da prestação de contas do 1º semestre do setor foi a concretização de quatro grandes acordos envolvendo dívidas do clube, que resultaram numa economia total ao clube de R$ 178 milhões. Essa economia se dá em relação a números possíveis, números que poderiam impactar pesada e negativamente as contas do Flamengo.
Em sua carta, Flávio Willeman destacou a importância do trabalho conjunto com Fred Luz – CEO – e Paulo Dutra, Diretor-Financeiro. Esse é outro ponto que deve ser destacado, pois mostra a importância e os bons resultados de áreas diversas dos clubes trabalharem em conjunto.
Pensando em termos mais concretos, ou seja, pensando na dívida do clube, esses acordos e outros mais de menor expressão já fechados também nesse primeiro semestre, principalmente envolvendo questões trabalhistas, deverão gerar uma queda ao redor de R$ 110 milhões na dívida do Flamengo.

Os acordos negociados são referentes aos seguintes casos:
- caso Ronaldinho Gaúcho: a petição inicial do atleta apontava para um pagamento de R$ 70 milhões; o acordo acabou sendo fechado em R$ 17 milhões, que serão pagos parceladamente e dentro do Ato Trabalhista;
- COFINS: a Fazenda Nacional cobrava R$ 35 milhões referentes à aplicação desse imposto sobre receitas do clube entre 2007 e 2001; o clube venceu em 1ª e 2ª instância, provando que o imposto não se aplicava às suas atividades;
- o famoso “caso Plaza”: a dívida, que alcançava o total de R$ 96 milhões, foi negociada e foi fechado um acordo no valor de R$ 61,5 milhões; desse total, R$ 40 milhões já estavam penhorados e o saldo de R$ 21,5 milhões foi pago com parte das luvas recebidas pela renovação do contrato de cessão dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro; esse processo estava correndo há 14 anos, desde 2002, e o acordo final resultou em economia de R$ 35 milhões;
- o quarto grande acordo foi fechado há poucos dias, segundo Willeman, e foi fechado com cerca de 700 funcionários e ex-funcionários; dizia respeito a valores de FGTS não depositados desde 1985 e foi aberto em 1992; essa dívida há muito já fora reconhecida pelo clube, restava pagar; a soma dos processos e dos cálculos indenizatórios elevou o total da dívida a R$ 60 milhões; novas perícias, novos cálculos e o novo acordo acabaram por reduzir o pagamento a R$ 5 milhões, resultando em economia de R$ 55 milhões.

Esse post ficou extenso com tanto texto e tantos números e... tantas datas. Vejam, porém, os anos em que os problemas sanados em 2016 começaram: 1985, 1992, 2002...
Para tentar mostrar ou explicar um pouco da importância desses fatos não havia como não mencionar números e datas.


É por isso que 2016 pode ser um ano histórico para o Flamengo, pois ao seu final a expectativa hoje, praticamente uma certeza, é o clube terminar o ano tendo uma dívida líquida inferior à receita do ano ou ligeiramente superior a ela.
As novas contratações, Diego inclusive, estão sendo feitas dentro do budget, dentro do orçamento previsto para contratações.
Mais que isso: os custos que elas representam não chegam ao limite de 50% estipulado pelo clube para gastos e investimentos. Por quê? Porque a outra metade desse dinheiro em tese disponível continuará sendo usada para as quitações de dívidas.
Em termos práticos: o Flamengo entrará em 2017 com uma relação de 1:1 entre dívida e receita, ou seja, em tese a receita de um ano seria suficiente para pagar toda a dívida.
Isso acontece depois de um ano excepcional como 2015, já reportado nesse OCE (aqui), e no decorrer de um 2016 marcado pela depressão de nossa economia, o que valoriza ainda mais esses resultados obtidos pelo Flamengo.

Esse será, sem a menor dúvida e em minha opinião, o maior feito extracampo de um grande clube brasileiro nesse século.
Lembro a todos que esse OCE, desde seu nascimento, sempre teve uma preocupação enorme com a sustentabilidade de nossos clubes e sempre apontou inumeráveis falhas de gestões, gastos absurdos, prejuízos gigantescos, que às vezes, só às vezes, traziam alegrias instantâneas.
Essas alegrias, de curta duração, eram seguidas por anos e anos de sofrimento e tormento, com as dividas, as penhoras, as execuções sufocando o dia a dia dos clubes e influenciando terrivelmente nosso futebol.
Esses processos continuam na quase totalidade dos nossos clubes.
Por isso mesmo, fecharei esse post repetindo a abertura desse bloco:
Esse será, sem a menor dúvida e em minha opinião, o maior feito extracampo de um grande clube brasileiro nesse século.