Balada do Cárcere de Reading (...) Eu... Oscar Wilde

Balada do Cárcere de Reading
(...)
Eu soube, então, a idéia lacerante 
que o atormenta, e o faz correr,
e o faz olhar, tristonho, o céu radiante, 
radiante, e alheio ao seu sofrer:
de matou aquela que adorava,
- por causa disso vai morrer.
No entanto (ouvi) cada um mata o que adora:
o seu amor, o seu ideal. 
Alguns com uma palavra de lisonja,
outros com um duro olhar brutal,
O covarde assassina dando um beijo, 
o bravo, mata com um punhal.
Uns matam o Amor, velhos; outros, jovens; 
(quando o amor finda, ou o amor começa);
matam-no alguns com a mão do Ouro, e alguns 
com a mão da Carne — a mão possessa!
E os mais bondosos, esses apunhalam,
- que a morte, assim, vem mais depressa.
Há corações vendidos, e há comprados; 
uns amam, pouco, outros demais;
há quem mate a chorar, vertendo lágrimas, 
ou a sorrir, sem dor, sem ais.
Todo homem mata o Amor; porém, nem sempre, 
nem sempre as sortes são iguais."
(...)
 
 
 
 
 
 
