Os 12 minutos que eram 11, na realidade... Kevin Martins

Os 12 minutos
que eram 11, na realidade
Mais ou menos
feito de saudades e da tua beleza
nobre mais que nobreza
com a destreza da alma de quem
não conhece pobreza
nem financeira
nem de dentro da alma
Te ergo nos braços
e sorrio
mal sorrio, mas sorrio meu sorriso
contigo
Sorrio meu sorriso de canto
com os olhos fechando
sentindo tuas costas em órbita
Mulher de olhares sem palavras
e palavras súbitas
descabelada ou incompreensível, aos outros
não aqui, no meu peito perene
Sinto nos minutos
rápidos, da tua chegada
vasculhando minhas roupas
bagunçando a minha cabeça
subindo pela lã do meu casaco judiado
arrancando os fios soltos
e descansando no meu ombro dolorido
E sob o teu peito eu encontro
a calma de um céu lotado de estrelas e camomila
o portão da tua casa
que despedaça os pedaços mais sórdidos da minha entrada
na tua vida
e da minha
Enquanto as famílias assistem TV
qualquer hora do dia
hora dos descanso dos roubados
Eu fumo no quarto, como todos os apaixonados
ou quem ama
que desconta em si mesmo o morrer
Igual você
eu acho
Sei lá
é que eu confio no teu carinho
sozinho
ou mesmo que me acaricie um tapa
Minha pequena
jamais deixe teu peito esquecer
o endereço
o apreço
jamais se deixe esquecer
onde mora nosso amor
teu amor
meu amor.
Saudade de um pé perdido no lençol
limpo os olhos inchados
lavo o rosto surrado
e vou procurar teu sutiã
enquanto vasculho a cama
à procura da fome ou da fama
de um perfume que emana da
minha alma profana
que nada mais é
o perfume ateu
dos teus cabelos
e teu cheiro misturado com o meu
Eu to morrendo de saudade, pequena
pequena é que nunca foi
Eu to vivendo os dias pequenos
e contando as horas que já nem do relógio
são
pra olhar no teu olho e te roubar, como já disse
pros meus abraços
e perder os braços
e defesas
de tanto te abraçar
e perder a boca
a sanidade
a plenitude
de tanto te beijar
eu preciso te encontrar
antes que eu
não me encontre mais.