Esperança na terra seca... Refazem o... Paulo Afonso de Barros...

Esperança na terra seca...

Refazem o batido caminho pela velha e conhecida terra seca, o mesmo sol que lhes dá vida também lhes judia marcando-os, nos rostos, os poucos, mas já aparentes muitos mais anos de vida...

Intenso, escaldante, é secura demais...

Se a chuva vier o chão não lhes negará a vida adormecida...

Já faz muito, mas ainda se lembram do último ano onde o inverno foi bom, nessa memória tem cheiro da terra sendo encharcada...

Exaustos chegam ao açude ainda com um pouco de lama, olham para o céu com poucas nuvens...

Cai de joelhos e puxa os filhos, com os olhos rabisca no barro todos seus desejos e sonhos como se fossem sementes e suplica:

Meu divino São José,
Aqui estou a vossos pés.
Dá-nos a chuva com abundância,
Meu divino São José.
“O sertão é uma espera enorme”,
Dá-nos chuva com abundância,
Meu divino São José.

Talvez nenhum de seus desejos se realize e nenhuma das sementes veja brotar...

Sabe que não há certezas na vida, mas precisa acreditar que haverá ainda uma próxima vez, pelo menos para os meninos...