Abelha de padaria Ah! Como a vida é... Weslley marchezan da Silva...

Abelha de padaria

Ah! Como a vida é bela!
Enchi minha vida de vírgulas, exclamações...
Criei muitas interrogações e usei pontos para continuar.
Deixei o ponto final para Deus, que eu nem sei se vai usar.

Organizei e desorganizei minha vida de tantas formas
Que nem mesmo sei por que não virei reticências...
Eu aprendi chorando e rindo de mim mesmo.
Não sou abelha de padaria... Mas, não sou mesmo!

Abri muitos parênteses no que julgava prioridade.
Ganhei pra perder e perdi pra ganhar.
Entrei por tantas portas e virei aspas
Da criação de meus próprios problemas.

Amei coisas que nem me lembro do por que.
Emprestei minha mente e pensei por outros.
Fugi de mim mesmo por várias vezes.
Gritei calado onde só eu pude ouvir.

Ah! Como a vida é bela!
Construí muitos labirintos para resolver coisas.
Passei horas aconselhando-me diante do espelho.
Resumi: Não sou abelha de padaria...

Fiz tantos planos, sonhei...
Busquei amigos fora de casa e encontrei dentro.
Fiz dos meus problemas, os de Deus.
Fiz dos dias noites e das noites dias.

Fiquei intimo da interrogação, questionei pra aprender.
Perdi amores, perdi amigos, me apaixonei...
Briguei várias vezes com Deus. Quem já não brigou?
Depois descobri que no meio dele estava “EU”.

Encontro tantas pessoas como abelhas de padaria...
Lindas, virtuosas, vigorosas, até bondosas.
Todavia, perdidas pelo falso mel
Longe de casa a procura de aventuras.

Iludidas, buscam saciarem-se.
Preocupadas apenas com o doce
Só buscam o ter, não saber ser.
Por horas vazias, entorpecem, perecem.

Vivem fugindo ameaçadas de serem esmagadas.
Esqueceram-se do beijo da flor que elas polinizam .
Não lembram quem são e para que servem.
Incomodam sempre que aparecem.

Ah! Como a vida bela!
Não me iludo e não deixo de lutar.
Apenas em livros há teorias.
Fui feito para a prática, para agir.
Não! Não sou abelha de padaria.