A noite E cada noite que não durmo É... layon Lyon

A noite
E cada noite que não durmo
É mais uma filosofia
Em meio a fumaça fria
De um neblinar noturno

É mais um poema duro
É mais uma dura dor
Poemas de cor de couro
De preto e branco sem cor

Rasgou-me o couro
E a carne não curou
E não o coração parou
Perante punhal que o perfurou

A dor tão dura
E incessante como corte cego
Mais forte que a armadura
Do forte guerreiro grego

Mas juro que não me apego
E se contestado, nego

E a noite que se arrasta
Num tempo que só se perde
Na dor que não se afasta
Do peito que sempre arde

A noite ainda é meia
Mergulho na dor inteira
Não há sono que me venha
Tirar dessa noite dura

E eu ajo sem bravura
Não choro, mas não infrento
A dor, que não busco a cura
Sem cura eu me contento

Atento a vida dura
Que de tempo é duradoura
E de sorriso tão rara
E rara de coisa sincera

E a noite já é mais que meia
Perdida pra quem tem pouco
Criança pra quem tem tempo
É dura pra quem pranteia
Capas de deixar o louco
Criança pra quem tem tempo.