Uma infinidade de coisas que você não... Karina Müller

Uma infinidade de coisas que você não quer saber, mas, que eu preciso falar...”

Bom, você vai estranhar o fato de um endereço de e-mail que você nunca viu, lhe dizer coisas tão sem nexo, mas enfim... Eu preciso tentar de alguma forma.
Vou te avisar logo no início, tá? Eu tirei licença pra ser brega, então, não se assuste! rs
Tenho algumas perguntas pra lhe fazer, e no decorrer do e-mail elas vão surgir, mas a primeira é: O que você fez comigo?
Porque assim, é impossível alguém ter um efeito desses em outra pessoa. Cara, se você está no mesmo espaço que eu, tipo: a estação de trem, eu surto. O coração esquece que tem que bombear o sangue pro restante do corpo funcionar; as minhas pernas ficam instantaneamente bambas; e eu até esqueço que tenho que respirar, perdi a conta de quantas vezes me faltou o ar. Confesso estar assustada com tamanha intensidade e profundidade desse furacão de sentimentos que está vivendo (e bagunçando tudo) dentro de mim.
Isso tudo é por você. Essa destruição toda, é você quem está causando, mesmo sem nem saber da minha existência. Eu espero, de coração, que você tenha intenção de reconstruir esse pequeno vilarejo que o furacão dissipou. Pois se eu já não tivesse sentimentos o suficiente para brigar incessantemente, pedindo pra sair, de dentro de mim, o senhor fez o favor de trazer um outro amontoadinho com você, sua bagagem veio repleta de nhemnhemnhem, e eu, burra, abracei tudo isso. E agora? Nem os meus sentimentos antigos e nem os novos (que chegaram com você) tem lugar para ficar, afinal, você destruiu tudo por onde passou, e todos precisamos de hospedaria, logo, senhor Engenheiro, comece a trabalhar aqui, rum...
Ah! Eu sonho acordada com o dia em que vou emaranhar meus dedos nos seus cabelos, te fazer cafuné, te olhar deitado no meu colo e não precisar desviar o olhar, porque você vai estar ali, comigo, porque quer estar.
Têm sido uma tortura te ver por aí, quase todos os dias, e não poder gritar aos quatro ventos, tudo o que tá preso aqui na minha garganta. Sentir necessidade de me abrir, e ao mesmo tempo me sufocar com o "Eu não posso!". Me bloquear, me impedir de desengasgar. Isso não é justo comigo! Mas, infelizmente, eu sou muito "certinha", e todo esse sentimento que me impede de falar, é por causa do seu relacionamento. Não acho certo te falar todas as coisas que tenho vontade, você é comprometido, não é certo. Mas eu já estou sufocando, preciso falar... Eu tô completa, ridícula, perdidamente apaixonada! Pronto, falei...
Me julgue louca, insana, e até ridícula se quiser... Eu acho ridículo. Pô, como assim me apaixonar sem nunca termos trocado nem um "boa noite" sequer?... Jamais vou conseguir explicar a euforia que surge em mim toda vez que passo por você e posso, por instantes, vislumbrá-lo. E o sorriso idiota que aparece no meu rosto? Idiotamente idiota! Uma amiga diz que é um sorriso digno de ir pra caixinha de 'melhores sorrisos', só porque é bobo e apaixonado, e vem carregado de esperança e felicidade. (Eu avisei que tirei licença pra ser brega, rs.) Enfim, ainda não me conformo com a rapidez que esse sentimento todo surgiu, e cresceu. Tudo o que precisou, foi você passar na minha frente, e puft, a mágica aconteceu. Talvez isso passe com um pouco de determinação, talvez, só talvez. Costumava funcionar, sei lá, se eu decidir que não quero sentir, talvez eu não sinta. Mas com você, ah, com você é tudo diferente.
Você apareceu do nada e triturou minhas noites de sono, pisoteou meus momentos de ócio mental. Você preencheu cada espacinho, por mais minúsculo que fosse, do departamento de pensamentos, e de sentimentos, e o lado racional também. Como você fez isso? Como entrou na minha mente e comeu todo o juízo que me restava? Isso tudo sem NENHUMA PALAVRA. Caraca, você é ninja!
Eu tô ensandecida pra chegar mais perto, saber mais, e não sei como, não consigo...
Fico pensando, se eu tô desse jeito agora, imagina se um dia (não que eu acredite que isso venha a acontecer, maaaass) você me der atenção, topar uma aproximação, eu serei a personificação da paixão, rs. Eu não sei como prosseguir, não sei mesmo. Os poucos momentos em que te vejo fico com vergonha de encarar e mostrar que tenho algum interesse, só olho e desvio o olhar quando corro risco de ser pega te admirando a distância. Você é tão... tão... tão inalcançável pra mim! Tão lindo, tão certinho, tão perfeito...! Jamais olharia pra alguém como a menininha bobinha e feinha aqui.
Eu queria saber o que fazer e como fazer. Mas no momento, também não acho certo tentar uma aproximação, sua resposta OBVIAMENTE seria "Pára de ser louca, eu namoro!" E eu não teria o que fazer. Poderíamos tentar uma amizade, sei lá, estudamos na mesma faculdade, temos amigos em comum, eu curto a banda que você toca, rs, sei lá... Podíamos tentar ser amigos. Eu só queria poder ficar perto. Seja como for. Conhecer mais de você, do seu mundo. Ridículo né?! Ah, eu não consigo nem dizer que quero sair dessa, parar de sentir essas coisas, essas sensações perturbadoramente deliciosas, é estranho pra mim. Eu não me vejo pedindo para que essa maré cesse de trazer ondas mais fortes e até então, desconhecidas. Eu só gostaria que você entrasse nessa comigo, pulasse no barco, e seguíssemos. Velejaríamos juntos, encontraríamos tesouros juntos e num iceberg qualquer, bateríamos e afundaríamos juntos. Entra nesse barco? Sem rumo, sem pressa de chegar. Embarca comigo nessa?!

Não vou me prolongar. Já disse mais do que pretendia.
Enfim... Provavelmente, depois de ler tudo isso, você prefira me ignorar completamente quando passar por mim, fingir que eu não existo. Vou te entender.
Perdão pela invasão do teu espaço, mas eu precisava muito que você soubesse.

Um beijo.