Corredor Oculto Agora desço e repouso... Romario Carvalho

Corredor Oculto

Agora desço e repouso em teus braços, perante teus olhos revelei meus sentimentos, meus desejos, e porque não minhas mágoas?

Voltamos alguns anos atrás e juntos buscamos entender o passado. Foi complicado pra mim relembrar o que estava tão distante, mas que bem ali na minha frente, tornara tudo tão mais vivo... Te expliquei o que realmente havia acontecido, de que forma e o porquê, e você pareceu entender, foi possível notar seu leve sorriso discreto, porém verdadeiro.

Foram os melhores 40 minutos da minha vida, mas ainda sou acorrentado ao passado, como se eu me recusasse a desprender-me daquela memória, aquela noite.

É como se minhas lembranças fossem guardadas em um corredor longo e estreito, completamente escuro e sombrio, mas lá no fim do corredor, entre todas memórias escuras e solitárias, é possível notar que há uma luz iluminando uma única lembrança.

Caminho em direção a ela e revivo a minha mais cruel e melhor memória... Ah, foi o dia mais estranho, confuso, alegre e satisfatório da minha vida, éramos Eu e Você, uma casa e um "banheiro", e foi lá que pude pela primeira vez descobrir o que era a felicidade, foi com teu beijo doce e carregado de amor que vivenciei uma ilusão, a ilusão de que um dia, apenas um único dia, você seria minha, que o meu coração podesse ser teu, e foi teu...

Mas você não somente o quebrou, foi alem disso, você despedaçou e o jogou do alto de um penhasco, sem se importar com meus sentimentos, medos e alucinaçoes, os anos se passaram e eu pude te perdoar, e aquela chama perdida no vazio que você deixou, pode novamente ser reencontrada, e num passe de Mágica: você estava ali.

Novamente em minha frente, e era a minha ultima oportunidade de revelar o que eu sentia por Ti, e baixinho eu disse a Você "Eu ainda te amo...", mas você não falou nada, só trocamos olhares e sorrisos, e juntos prometemos guardar as coisas ruins dentro de um "baú".

Mas coisas ruins não se guardam, simplesmente se jogam fora, e eu as joguei bem pra longe, mas você as guardou novamente dentro de seu peito, não entendo por que.

Enfim, talvez um dia, sentados abaixo de uma árvore, iremos sorrir ao lembrar destas lembranças, das nossas coisas de criança, das brigas e palavras desnecessarias, mas agora, com lágrimas nos olhos, digo adeus a Ti, que tu possa encontrar o teu caminho repleto de alegria, enquanto a mim, só restarão lembranças daquela noite fria e longa...