Houve um tempo em que eu achava que tudo... anônimo

Houve um tempo em que eu achava que tudo não passava de uma mera ilusão. Houve um tempo que eu ainda acreditava que as estrelas, que Deus, poderia trazê-lo de volta pra mim. Houve um tempo em que eu, não entendendo a triste realidade, tinha a esperança de senti-lo pela última vez me abraçando, olhando nos meus olhos e refletindo a sua bondade, a sua humildade e o seu amor. Houve um tempo em que eu não tolerava mais esperar ele chegar, foi aí que eu tentei achá-lo por mim mesma. Procurei no meu quarto, na casa, nas ruas, nos velhos telefones em que ele me ligava quando tinha a rara oportunidade. Procurei até mesmo em outras pessoas. Não o achei. Tive a impressão de que ele simplesmente tinha ido embora, tinha fugido de mim e de todos. Houve um tempo muito ruim, o pior. Pensei em largar tudo, deixar minhas esperanças e aceitar que tudo aquilo era verdade, que eu nunca mais o veria, o sentiria, o teria. Durante esse tempo, uma parte de mim ficou seca, ficou abandonada e fria. Tive medo de demonstrar o meu amor novamente a uma pessoa e achar que ela me abandonaria também. Resolvi guardar tudo em mim, minha alegria era forjada e o meu eu... o meu eu estava preso em minhas lágrimas. E tudo isso me designou à solidão e à raiva. Nesse ínterim, foi que eu me liguei que as pessoas ao meu redor que eu tanto amava não estavam conseguindo se entreter comigo, não tinham mais disposição e sabedoria para me entender, estavam tristes, eu os deixei tristes. Resolvi mudar radicalmente por eles. E com todas as minhas forças, eu me dinamizei, liberei o meu eu, porém, tudo que eu passei, tudo que eu sentia e guardava mantinha intacto e escondido, e eu ainda tinha a ingênua certeza de que não sentiria a essência do meu pai em mim mais. Todo esse tempo eu tinha escondido a constante saudade que eu sentia dele, no entanto, ao mesmo tempo, eu não queria sentir nem saudades e nem dor, por esse motivo, eu tentava esquecer. Foi um longo tempo esse, e, como eu disse, o mais difícil. Mas aí, com a solidão e a raiva suprimida, adquiri novas emoções e sentimentos. Conheci alguém. Esse alguém foi quem mudou completamente minha vida. Esse belo alguém se chama Deus. Com o tempo, eu percebi que dependia dele para tudo, precisava dele para me manter bem e feliz. Mas Deus não era só isso em minha vida. Ele me amava, e eu o amava também. Deus me mostrou um outro lado muito diferente do que eu estava vivendo. Ele queria que eu me libertasse de tudo que me desanima e me deixava triste. Fui um pouco teimosa, mas de pouco em pouco eu fui confiando mais e mais a cada dia. Entreguei tudo a Deus e minha vida foi transformada. Pude ver além de mim, além da minha dor. Ele mostrou-me o amor pleno, a felicidade constante, a esperança e uma visão positiva do mundo. Também me disse que eu poderia sim sentir meu pai, e tê-lo sempre em minha vida, bastava eu fechar os meus olhos e senti-lo. Esses foram os maiores presentes que Deus me proporcionou. O amor e a cura interior. E A essência do meu papai nunca se foi. Ele sempre esteve comigo. Todos os dais, no meu coração, nas minhas lembranças, no meu caráter, e até mesmo na minha fisiologia – todos dizem que eu me pareço com ele-, (risos). Pai, mesmo não estando fisicamente perto de ti, quero que saiba que o pouco que você esteve presente em minha vida foi o suficiente para eu conhecer o grande, o guerreiro, o simpático e o homem apaixonado pela vida que você é. E, assim como você, almejo experimentar tudo de bom que este mundo tem a oferecer, principalmente a essência de cada SER.