Pro dia cinza. E se os trovões bruscos... Amanda Seguezzi

pro dia cinza.

E se os trovões bruscos fossem palavras de calmaria
Que aos enamorados a tradução fosse uma canção de ninar
Saberiam os outros decifrar as notas dos relâmpagos por aí?
Se os trovões fossem um abraço esperando por aceitação
Um estrondo procurando seu amor no eco inóspito
Se os trovões pudessem sentir a amargura dos homens
Cairia a tempestade
Assim como lágrimas do céu
Se os flashes fossem meros sorrisos
Esperando outro sorriso
A ventania então seria quem aproxima a solidão do dia
Dia nublado, dia que não cessa
A tempestade uniria nuvens
Apaixonadas, quem sabe?
E os trovões seriam apenas fagulhas
Sinfonia de uma nota só
Até o infinito cinza atravessa o céu
De ponta a ponta feito obra-prima
O relâmpago traz nas costas o peso
O peso de não cair duas vezes no mesmo lugar
Mostrando que até o impossível
O impossível
Não tolera segunda chance
E é tudo um carnaval fúnebre
Dança mal ensaiada
Que borda o céu de tristeza
Tristeza bonita de se apreciar
Quando os trovões não são sentidos
Eles choram
E eu sou assim também
A chuva cai e eu choro junto.

E até a alma explode em tons de cinza