Você dobrou e desdobrou o meu coração... Pâmela Marques

Você dobrou e desdobrou o meu coração com a facilidade de alguém que brinca com origamis. Veio sem razão aparente sambar bonitinho dentro do meu coração. Onde versam prosas sem nexos e poemas sem pretensões .

Que eu quebre a cara uma segunda, terceira e quantas vezes for necessário. Mas, que eu nunca desista de tentar e recomeçar. Que eu tenha a coragem necessária de abraçar todas as oportunidades que vierem de encontro a mim, mas que eu saiba cortar pela raiz aquilo que definitivamente não tem futuro. Que eu não perca a esperança no amor, que eu tenha fé e mesmo que a vida me dê outra rasteira eu continue tentando.
E tentando, tentando e tentando.

Eu sinto muito, muito, muito mesmo. Sinto por ter perdido aquilo que nos unia, deixado que o meu coração esvaziasse do sentimento bonito que te dedicava, por não ter dito: “você é importante para mim, amigo.” Então eu preferi que o adeus [não dito] enterrasse a nossa relação. E doeu, dói, doerá. Porque não há como simplesmente desconectar do mundo, fingir que você não existe, dizer que você não pertence a minha vida de alguma forma. Os textos mais bonitos que escrevi na vida foram dedicados a você e os mais tristes [uma tristeza-alegre-masoquista] também. É que você, meu amigo, batia em uníssono com o meu coração. E eu me pergunto: “o que eu vou fazer com tantas linhas escritas no livro da minha vida?” Mas você não me responderá, você não quer responder. E eu fico pensando que a vida nos uniu naquela época para sermos alicerces, em alguns momentos, um ao outro. Só que você se doou e eu, por vezes, deixei a desejar. E você me dói todos os dias, todas as horas, todos os minutos. Porque não dá para ouvir alguém chamar o outro de “bonito” e eu não me lembrar de ti. E então eu compreendo que alguns relacionamentos terminam para preservar aquilo que há de bom. Só que não queria que tivesse terminado.
Não assim.

Talvez eu queira uma casa com varanda, um parquinho de areia e um jardim com margaridas. Talvez eu queira um tapete branco, uma estante abarrotada de livros, um gato siamês para me "matar" de espirros e uma caneca de 500ml para tomar café aos domingos. Talvez eu queira viajar ao exterior, sentar sob a Torre Eiffel e escrever alguns poemas ou escrever cartas em garrafas jogando-as em seguida ao mar. Talvez eu queira um amor de filme água com açúcar, um amor enlouquecido e cheio de intrigas ou talvez eu queira apenas um amor sereno. Talvez eu queira uma casa, alguns finais de semana na roça, meus filhos brincando de pique-cola e um cafuné a toda hora.
Talvez eu queira tudo. Talvez eu queira nada.

Quando eu era pequena achava que somente quedas doíam e por algum tempo achei isso. Depois eu descobri que algumas pessoas tinham o poder de doer. E doem de forma latente, cortante e profunda. É uma dor fina que te sufoca e aos poucos rouba o teu ar. Elas doem, doem e doem. E por doer tanto eu não consigo escrever nada mais que isso, termino com reticências. O ponto não me finaliza, infelizmente...

Não precisamos nos dobrar para que alguém goste de nós, mudar a aparência, deixar nos conceitos e princípios de lado. O amor verdadeiro te reconhecerá nas tuas falhas, nos teus defeitos. Não adianta fabricar-se na intenção de conquistar alguém. A conquista deve ser verdadeira, simples e nunca maquiada.
Ame-se acima de tudo.

Dificilmente te socorrem quando há apenas gritos. Espera-se que haja fogo, que a fumaça indique a tragédia. A maioria das vezes a destruição acontece silenciosa e não há quem salve aquele que ficou dentro das chamas.