Eu podia entrar no meu carro, ou pegar... Gustavo Lacombe

Eu podia entrar no meu carro, ou pegar um táxi, ou mofar num ônibus, ou ser maluca o suficiente para ir a pé até a casa dele. Podia levar minhas malas com todas as minhas coisas, ou uma mochila com uma muda de roupa, ou uma bolsa pra ele me levar pra sair ou só minha carteira de identidade pra não andar desprevenida. Podia chegar lá e pular no colo dele, ou podia rasgar a camisa dele e jogá-lo na cama, ou podia dar um beijão gostoso, ou podia ir pra lá só pra ver um filme e ficar de conchinha na cama matando a minha carência.

Veja bem, meu bem, eu podia fazer tudo isso, mas não quero.

Eu. Não. Quero.

Ainda existe um carinho, claro. Eu o quero bem assim como ele também me quer bem. Ainda existe uma história, claro. Mesmo que tenha sido terminada, ela nunca vai deixar de ser a minha história com ele. Ainda existe um desejo da parte dele para que eu volte, claro. Ele faz questão de me mostrar isso e deixar a porta aberta. Mas aí, eu te pergunto: o que eu fiz com tudo isso? Nada.

Eu podia mentir pra você e ir lá passar uma noite com ele. Matava minha vontade que só aumenta porque você não apaga meu fogo. Enquanto você se decide se vai ficar de raivinha pelo meu passado ou se vai aproveitar o que tem nas mãos, minha carência aumenta (eu já falei que tô carente, né?). E sim, estou nas suas mãos. Por mais que diga que me dei pela metade, pese todas as possibilidades que eu te apresentei. Eu podia fazer tanta coisa que te magoasse e terminasse com as nossas chances…

Só que não existe mais possibilidade da minha vida amorosa não ser ao seu lado.

Estou, antes de tudo, dando uma chance para nós dois. Chance de me pegar pela mão e me fazer feliz. Chance de amarmos de novo. Chance de sermos mais do que uma história, mas o presente do outro. O que não deu certo, passou – mesmo você insistindo em olhar pra mim e enxergá-lo.

Aliás, já enjoei disso.

Eu podia ficar até amanhã aqui explicando o quanto eu quero ser feliz contigo. Eu podia, mas vou me calar. Abre os olhos. Eu estou aqui. É só você querer enxergar.

Eu. Quero. Nós. Dois.

(Gustavo Lacombe)