"Sempre fui daquelas que prefere... Amanda Seguezzi

"Sempre fui daquelas que prefere uma metáfora a um clichê, contudo não sei se o melhor seria um olhar angelical teu ou um beijo na chuva. Dizem que se pode escolher entre o que fica e o que desaparece, mal sabes que eu faria de tudo para que tu pudeste permanecer. Mas decidiste ir embora e levar contigo parte de mim. E assim estou, desamparada, sem inspiração, sem muitas expectativas e aguardando as derrotas com pouco anseio. Estou com o coração quebrado e um buraco na cabeça, nele está escuro, o silêncio que preenchia o espaço entre o que eu penso e o que eu digo agora grita, chama teu nome, em vão. É estranho te cumprimentar como um desconhecido, quando o que eu mais queria era pegar na tua mão e não soltar nunca mais. No brilho do teu sorriso fiz um mapa, quem diria que eu me perderia neste caminho de ilusões cintilantes? Tu és o espaço vazio na minha cama, o reflexo do céu,sempre fresco e perigoso, como a madrugada; a estrela cadente, que ao passar discreta, apenas faço um desejo, uma vez que não posso tê-la. O teu coração é o único lugar que eu me atrevo a chamar de lar, e eu estou lá, bem no fundo, trancafiada, esquecida. É um lugar sombrio, teu passado ecoa pelos corredores da tua alma e te faz pensar em não sofrer mais, te faz acreditar que não é digno de amar outra vez. Está errado.Tua alma complexa, é crepúsculo, nunca aurora. É fria. Apagaste as estrelas, a Lua e não deixaste por nada o Sol entrar e irradiar tua essência tão bela, te fez escravo dos próprios pensamentos e estabeleceu princípios irrelevantes a tua própria forma de opressão. Onde está tua verdade? Onde tu a esconde? Medo é um sentimento criado para ser desafiado, portanto, o faça! Entre mil rostos e indecisões, me escolha, quero levar-te do inferno ao céu em apenas um segundo, dizer que, tu me chamas de anjo, mas ainda sim imagino se doeu muito ao pousares aqui. É cobiça. É pecado. É excesso de esperança. É querer o bem, querer o mal, é simplesmente querer. Só estou cansada das falsas promessas e mais ainda de dedicar cada misera frase ao teu descuido para com o meu amor, que obviamente não te importas nem um pouquinho em perder. Bem, chega de metáforas tolas, velhos poemas, e todas essas babaquices hiperbolizando os sentimentos "ruins". Eu já não aguento mais esse incômodo nos olhos, algo querendo escorrer. Como café amanhecido, me disseram que era amor não correspondido, que não se requenta sem se conserta. Eu não nego meus sentimentos, apenas os coloco em um potinho de vidro para que nunca se dispersem, e claro, podes roubá-lo de mim quando quiser. Entretanto, não estás preparado para cuidá-lo, ele é quebradiço, incompreendido e, por mais que eu não queira, todo teu. Sei lá, só acho que tudo se descomplica quando a gente se beija. E proferir que ainda te amo mais que tudo, é a coisa mais clichê e a mais verdadeira que eu poderia guardar a sete chaves no coração. Aí guri, por que não me beija na chuva e liga de madrugada dizendo que sente minha falta? Ai, ai! Pensando bem, adoro um clichê. Adoraria mais ainda se pudesse criá-los e recriá-los contigo. Por agora, utopia."