"Foi – e continua sendo –... HR

"Foi – e continua sendo – difícil te lembrar do amor-que-era-só-nosso, como você dizia. Ou tentava dizer porque você nunca foi boa em declarações gritantes. Preferia calar os lábios e dizer com os olhos – essas coisas de pisciana que gosta de mergulhar em si e só aparecer em minhas praias quando quer descansar suas mágoas. Mas, então, meia hora depois daquele suposto fim proposto por ninguém sabe quem, percebi que havia me apaixonado por você novamente, pela décima oitava vez só naquele novembro chuvoso, sabe?
Vai ver o amor é isso: reapaixonar mês a mês."

"Não me dê flores, chocolates, ursinhos de pelúcias ou todas essas coisas. Me dê cartões. Escreva coisas estúpidas e bobas que me farão rir como uma criança. Depois disso, compre flores, chocolates e ursinhos. Você pode me dar um helicóptero todo rosa pink com minhas iniciais na porta, mas se não tiver um cartãozinho surpresa com teus garranchos, não será a mesma coisa, entende?"

"Tá, a gente pode não se ver mais. Ok. Tudo certo. Dobre a esquina, invada outros corpos e nem fique se perguntando se eu tomei meu remédio, como vai minha avó, meu cachorro, minha faculdade, a Zélia Duncan ou todas essas questões estúpidas que você adorava me perguntar só pelo prazer de cuidar de mim e demonstrar interesse em minhas histórias. Ok, vai lá.
Mas e se eu lembrar de você até nas coisas mais idiotas?
Um chinelo virado. Alguém pedindo pizza-de-calabresa-sem-cebola. Um short antigo do Flamengo. Meias pretas por debaixo da cama. Porta do banheiro aberta. Sei lá.
E se eu lembrar, faço o quê?"

"Eu sou simples. A melhor forma de não me ver indo embora é me pedindo pra ficar. Se eu partir com teu silêncio, aí então me torno complicado demais."

"Às vezes, um tico. Ou um teco. Ou até mesmo um cado. Um cadinho só. Uma besteirinha. Um tiquinho sequer. É o que eu peço. Ou o que preciso. Ok, não preciso. Mas eu quero. E quero muito, entende? Quero muito até o pouco que você pode me dar. Porque um pouquinho de amor já é uma tonelada e tanta."

"Mas devo assumir que ainda sinto a tua falta. Principalmente nos dias frios. Ou nos dias de sol. Ou nos dias de nada."

“Mas eu não sei explicar o que ela tem por detrás daqueles olhos turvos feito o mar em dia de tempestade. Eu apenas mergulho. Me perco. E me encontro”.

"É sério, vivo do avesso. Nasci errado e continuo errante. Meu ser é de dentro pra fora e nunca o contrário. Mas dei sorte, também. Meu traje mais lindo é visto, apenas, por quem se dá o trabalho de atravessar todas as camadas de minha pele. É difícil, complicado e até impossível para alguns. Não por birra, mimo ou infantilidade. É que sou realmente assim, sabe? Mas quem rompeu minhas barreiras e tocou no eu-mais-eu que tenho até afirma que a maior dificuldade do mundo não é entrar em mim, mas, sim, querer sair daqui. É como eu digo: "Feche os olhos e enxergue meu paraíso." Caso contrário, serei apenas mais um cartão postal no livro da vida de outrem."

Bem, eu estive pensando bastante em nós dois. Lembrei-me daquele dia que fomos ao cinema e você derrubou toda a pipoca em cima do meu vestido branco e eu tive que tomar quatro banhos para conseguir tirar todo o sal que ficou em meu corpo – recordei até de você me ajudando com o banho, sentando atrás de mim no chão do box e massageando minhas costas com o sabonete nas mãos. E depois de ficar a noite inteira acordada, relembrando tantos momentos daquela nossa relação de quatorze meses, decidi: eu me quero de volta.

"Hoje, antes de dormir, pense em mim. Assim, mesmo em silêncio. Mesmo sem me avisar. De algum jeito insano pensar que você pensa em mim e perde um cado do sono, me faz perder o meu sono, também. E, no fim, a gente sempre sonha com quem nos rouba o sono."

"Injustiça é ser alimento de alguém que nem pergunta se você tem fome."

"Quando a boca não transmite o que vem da mente, o corpo age pelo coração que ainda pulsa."

"Aí, eu disse:
- Me conte do teu dia. Fala dos teus planos, do almoço vegetariano, das amigas que furaram aquele cinema das quatorze e dos caras que te cantaram pelas ruas. Deixa que eu faço o jantar e lavo a louça. Me conte tuas falhas que eu te apresento os meus remendos. Me conte teus segredos que eu te mostro meus ouvidos-baús considerados os mais seguros do mundos. Traga tuas aflições para meu colo repousante. E prepare-se para viver apertada em mim porque, cê sabe, abraços são beijos dos braços."