Filhos que Perderam seu Pai
Perder um pai ou uma mãe, senhor Worthing, pode ser considerado um infortúnio; mas perder ambos parece descuido.
Um pai pode negligenciar seu filho, irmãos e irmãs podem se tornar inimigos inveterados; maridos podem abandonar suas esposas, e esposas os seus maridos. Mas o amor de uma mãe resiste a tudo.
É o orgulho que leva a dizer não, e a fraqueza sim. A modéstia pode dizer ambas as coisas sem paixão.
Pai nosso que estais nos céus / Neles permanecei / E nós ficaremos sobre a terra / Que às vezes é tão bela.
Meus filhos terão computadores, sim, mas antes terão livros. Sem livros, sem leitura, os nossos filhos serão incapazes de escrever – inclusive a sua própria história.
Não deverão gerar filhos quem não quer dar-se ao trabalho de criá-los e educá-los.
Muitos filhos só entenderão que deveriam ter conhecido e amado mais seus pais no dia em que eles fecharem os olhos para sempre.
Teus filhos não são teus filhos. São filhos e filhas da vida, anelando por si própria. Vem através de ti, mas não de ti. E embora estejam contigo, a ti não pertencem. Podes dar-lhes amor, mas não teus pensamentos, pois eles têm seus pensamentos próprios. Podes abrigar seus corpos, mas não suas almas, pois suas almas residem na casa do amanhã, que não podes visitar-se quer em sonhos. Podes esforçar-te por te parecer com eles, mas não procureis fazei-los semelhante a ti, pois a vida não recua, não se retarda no ontem. Tu és o arco do qual teus filhos, como flechas vivas, são disparados. (...) Que a tua inclinação na mão do arqueiro seja para alegria.
No fim da tarde, nossa mãe aparecia nos fundos do quintal: Meus filhos, o dia já envelheceu, entrem pra dentro.
“Bendito aquele que consegue dar aos seus filhos asas e raízes”, diz um provérbio.
Precisamos das raízes: existe um lugar no mundo onde nascemos, aprendemos uma língua, descobrimos como nossos antepassados superavam seus problemas. Em um dado momento, passamos a ser responsáveis por este lugar.
Precisamos das asas. Elas nos mostram os horizontes sem fim da imaginação, nos levam até nossos sonhos, nos conduzem a lugares distantes. São as asas que nos permitem conhecer as raízes de nossos semelhantes, e aprender com eles.
Bendito quem tem asas e raízes. E pobre de quem tem apenas um dos dois.
Declare a seus filhos que eles não estão no rodapé de sua vida, mas nas páginas centrais da sua história.