Eu Vou mais eu Volto meu Amor
Eu não tenho ideia se carrego um coração ou um animal irracional dentro do peito. Ele não se importa, ele não liga desde que você esteja aqui mimando ele. É sempre a mesma coisa, ele vai te aceitar pelo que você é, se você aceitar o jeito dele de ser. Às vezes atroz ou emotivo, às vezes dócil. Mas é sempre a mesma coisa, ele vai fazer isso sem pensar, de novo e de novo.
As pessoas já são tristes por elas mesmas, e eu não quero me afogar na paranoia da culpa. Estou drenando minhas emoções, sem lugar nenhum para depositar as mágoas.
Eu cresceria vendo um mundo borrado, onde a alma seria um rabisco distorcido pelas incertezas e a feição humana um sinônimo de todas as despedidas nunca ditas.
Bom, eu tenho meus dramas, mas de vez em quando eu sinto uma vontade imensa de trancar eles numa caixinha e colocar um aviso do tipo: cuidado, conteúdo irônico. Talvez algum idiota se interesse.
Sou egoísta, não se engane. Fico calado e evito dar o mínimo de atenção, mas se por acaso eu disser que gosto de você ou pensar que fui com a sua cara, já é meio caminho andado. Pessoas únicas sempre acabam completando umas às outras, até mesmo no silêncio.
Quantas vezes eu já senti vontade de ir atrás de alguém e gritar afirmando a falta que sinto dessa pessoa, embora sempre encontramos um motivo para dar meia volta e ignorar a segunda chance. Idiota, você teve uma oportunidade para deixar tudo bem e chutou a esperança para longe, rolando ela contra um precipício, transformando sua distração em apenas mais uma memória que corre pelas suas veias. Mas tudo bem, ao ficar sozinho e pensativo de nada adianta reclamar, não há ninguém que admire a paz das palavras quando elas machucam dentro do peito.
Sou chato e me desapego nas piores situações, mas se por acaso eu disser que gosto de você: confie, fique e sobreviva no meio do caos. Sempre mudamos após a falta ou o nascer de um sentimento, nunca sendo os mesmos aguardando um amanhã que pode nunca chegar. O que eu preciso ganhar com a sua pessoa não importa, desde que eu saiba o que eu significo para você. Ainda que eu veja estrelas caindo do céu e o sol nascendo no leste, nada mais importará, pois eu sei que você é tudo que vale a pena viver.
Não irei procurar pela chave do coração de alguém, eu sei que isso nunca funcionou. Em vez disso, talvez seja o momento ideal de pegar um clips e destrancar à tentativas… Nunca se sabe.
Um dia eu ainda voltarei a te ver e direi ao coração: cuidado, se segura ai, nada de sair correndo e se apegando. Ir atrás de quem não te deu valor não presta, guardar essa saudade dentro do peito também não. Então você se pergunta: tá, mas e agora? Agora você reflete e se acalma. Perder alguém é um prejuízo do qual não sabemos os danos, mas na vida, quem disse que precisamos recuperar todos os bens perdidos? Às vezes, é bem melhor seguir em frente, apagando uma memória do que nunca fomos.
Existir nem é algo tão ruim assim. Eu estava me inspirando com a rebelião interna, com os pensamentos, com os corações partidos. Definitivamente, eu estava rindo do desgosto, levando a vida para passear e rir à vontade. Eu poderia ir aonde eu desejasse, em mim mesmo. Tropeçando ou não, bastava prosseguir…
Preciso admitir que de vez em quando eu sinto vontade de significar algo para alguém, mesmo que de forma tão estúpida.
Quando uma pessoa diz à outra que ela parece ser incrível, eu realmente me assusto. Muitos nem imaginam que não existe nada para ser demonstrado, sequer sentido. Além de cacos e incertezas, as pessoas carregam um peso enorme dentro de si mesmas, é isso que provavelmente nomeamos como incrível. Não imaginam que existe uma alma mais velha do que o corpo pode suportar e não conseguem ver cicatrizes à flor da alma. A palavra incrível não pode caber numa única palavra, muito menos num único sentimento. Pessoas incríveis não aparentam ser o que realmente são: o indescritível.
Eu corro atrás, digo que sinto falta, peço desculpas, sou trouxa e faço o papel de apaixonado clichê. Insisto mais um pouco, evito receios, presto atenção nos detalhes e faço de conta que sua futilidade não tem nada a ver. Mas quando eu disser chega, não adianta, perdi o encanto: o meu desinteresse é seu.
Vejo o espelho e encontro eu mesmo. Nesta jaula mental eu permaneço aprisionado. Olho para minha criança interior e sussurro: cuidado com os sonhos. E eu seguro ela para ela não chorar, diante de olhos que se tornaram geleiras. Minha fraca respiração guia o vento, enquanto eu destruo o inquebrável. Liberdade, para um coração que é um oceano e pensamentos que são uma galáxia. Apenas observo os imbecis, porque é assim que me sinto: perdido, nessa selva sádica onde todos falam, mas ninguém entende nada.
Diariamente eu chego à conclusão de que a melhor forma de viver em uma pessoa não é necessariamente ao lado dela, mas nela em si. Quando damos algo a alguém, somos praticamente um parasita que não se vai até o último suspiro. Corroemos memórias, vivemos em feridas que cicatrizam e renascemos a cada carta retirada do fundo da imaginação. Cuidado com esses rostos cansados, ali se escondem sonhos que se foram, sorrisos que nunca mais se entrelaçaram e beijos que caíram no inevitável. Pois de fato, tudo o que dissemos e fizemos é marcado para sempre em alguém. Somos como poetas mortos que eternizam no que não se pode mais tocar.
E então, eu não sentia culpa, muito menos falta. Percebi que não eram as pessoas que estavam indo embora, mas eu que já havia partido faz muito tempo.
Amanhã é um novo dia, e eu gostaria de congelar o tempo, inexistir por um pequeno momento. Não exatamente deixar de viver, mas mudar a rotina e sair das regras entediantes. Que aquilo que se ama pudesse ser feito em vez das obrigações, sem a necessidade de sofrer tanto por algo. E tudo bem, eu gostaria de alguém ao meu lado. Sinto-me vazio nessa questão de amar, sem dar nada de mim mesmo. Queria você aqui me abraçando, com o calor do corpo de fato. Esta noite, eu prefiro que as palavras saiam da sua boca e não de um livro sussurrando na minha mente.
Desprendido, isso que eu penso sobre transformar algo ruim em apenas uma memória. Minhas preocupações não são mais as mesmas, estão seladas numa sepultura que resiste à anos sozinha perante a rejeição, a mentira e os julgamentos. Solidão incompleta, humanos abstratos, pessoas que pensam semear vento em uma tempestade para conquistarem o que mais precisam. Companhia. Um vulto de ar seco que se desfaz perante o último grito de ajuda. Todos partem e todos quebram, essa é a triste realidade. Acostume-se com isso, obter conforto com o aborrecimento, com o que se foi, tornou-se pálido ou virou pó em meio ao nada. É a vida me dizendo para prosseguir, sem ter motivos para recuar. Existe fé suficiente para sair do poço da ilusão escalando até o último degrau de agonia. Até mesmo as pancadas diárias da vida sentem a força com que batem, e apanham. Palavras possuem atitudes, mas quem disse que toda atitude dura para sempre? É o engano, o deplorável, o lado ridículo que todos tentam ocultar. Atitudes também são carregadas pelo vento num passe de mágica, simples assim. Nunca acreditei em mágica, aliás, nunca gostei de nada que faça meus olhos brilharem e depois desapareça sem entendimento algum.
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