Eu Trocaria a Eternidade por essa Noite
De volta!
De volta porque preciso gritar ao mundo que tudo que eu queria sempre esteve aqui. Aqui bem pertinho de mim. Aqui, bem à minha frente, bem ao alcance das minhas mãos.
De volta porque preciso confessar minha cegueira, minha ignorância, minha teimosia.
De volta porque só assim consigo ser completa, compreendida, ouvida.
De volta porque palavras me sufocam, me queimam, me aprisionam, mas também são elas que me alforriam, me devolvem o ar, e me curam.
De volta porque não percebia que ainda estava em você. Em seus olhos, sua boca, seu corpo, seu abraço, seus sonhos, seus desejos, sua corrente sanguínea.
Mas, sabe aquela história de que só quem conhece o veneno, conhece o antídoto?
Por isso voltei.
E voltei curada. Voltei ao cubo pelas palavras que me libertam! Curada tão somente para também levar-te à cura!
Não espere me prender tentando dissimular uma liberdade que, no momento, eu não quero! Não me deixe livre, porque se eu encontrar o que eu não procuro, talvez eu comece a acreditar em outras noções de felicidade!
- Eu também.
Ele fixou-lhe o olhar. Parecia não acreditar no que acabara de ouvir. Ela dissera isso mesmo ou será que estava sonhando? Seu coração estava acelerado. Suas mãos transpiravam. Ele precisava confirmar. Mas e se ela não dissesse novamente? E se tudo aquilo realmente fosse fruto de sua imaginação? Já fazia algum tempo que esperava aquele momento... Preferiu não arriscar... Ela dissera, dissera sim. Isso que importava. Tudo bem que faltavam ali mais duas palavrinhas, mas ouvir as duas primeiras já era um bom começo. Aliás, significava que já tinham ultrapassado o tão temível começo...
Como ele não reagia, ela decidiu abraçá-lo. Primeiro contornou-lhe os traços, como se quisesse decorá-los, e deu-lhe um beijo bem na ponta do nariz. Ele sorriu. Ela sorriu e o aconchegou bem próximo ao coração. Ela sabia que faltavam ali duas palavrinhas, mas sabia também que o tempo a faria terminar a frase. Era isso que importava. Ela havia recomeçado.
Le Retour!
Talvez se eu pudesse voltar a um lugar onde nunca fui, quem sabe eu conseguiria dizer onde eu gostaria de ficar...
Petite...
É tão engraçado como eu me sentia grande quando ainda não tinha a dolorida obrigação de crescer!
Eu não sei como tudo aconteceu, tampouco quando começou a acontecer. Sei apenas que minha razão, em alguns segundos, sobrepôs-se ao meu coração, e, exatamente nesse pulsar do tempo, eu decidi aceitar o que gritava aos meus olhos. Então, despi-me de você. Não somente da roupa, mas do cheiro, do toque, da voz, da ausência, da presença, enfim, fiquei nua de você. E agora é assim que vou à rua. É assim que fico sozinha, quando estou sozinha. É assim que vou à vida. Vida que um dia eu sonhei contigo, mas por motivos irrelevantes (não para mim), quase me levaram à morte. Por isso decidi viver, ainda que para isso eu saiba que pedaços desse amor continuam jogados pelas mesmas Champs-Élysées e sarjetas que costumávamos passar. Porque era assim, não era? Com você, eu ia do luxo ao lixo, da alegria à tristeza, do prazer à dor, da dor à cura, da cura à loucura, da loucura à sensatez, do céu ao inferno, mas eu ia. Simplesmente ia. Ia a qualquer lugar do mundo porque você estaria lá. Agora não quero mais ir. Agora eu quero ficar. Ficar bem aqui, quietinha, enquanto lá se vão nossos planos, enquanto lá se vai a minha antiga pele, aquela que você tocou. Pouco a pouco também lá se vai a sua imagem se esvaindo da minha mente, juntando-se a esse amor espalhado por aí, quebrado, maltratado e perdido em vias que não se cruzam mais. Amor que eu não quero mais sentir, embora não tenha desistido de amar alguém que não me obrigue a atirar pela janela lembranças de amor na solitária tentativa de me fazer inteira mais uma vez.
A minha meiguice é diretamente proporcional ao que EU penso que você merece de mim, no momento. Se eu vou ou não continuar meiga depende do que VOCÊ me faz acreditar que merece!"
Se eu preciso te convencer a aceitar o que há de melhor em mim, não quero nem imaginar o que vai acontecer quando você se deparar com o que há de pior em mim...
Eu não precisava de alguém com menos defeitos que você. Eu só precisava de alguém que não potencializasse os MEUS defeitos!
Se você vem às vinte horas, desde às sete da manhã eu começarei a ser feliz. Se você não chega às vinte horas e cinco minutos, encontre-me se você já tiver tido a brilhante idéia de implantar um localizador em mim!
Você não tinha o direito de me abandonar no único momento da minha vida em que eu pensei que não sobreviveria sem você. Esse momento passou, e eu não apenas sobrevivi. Eu sobrevivi, vivi e renasci. Renasci, e nessa minha nova vida, não sobrou mais nenhum espaço para você.
E é bem assim a minha relação com Deus: se eu me recuso a tirar do coração, Ele arranca! Se eu me recuso a tirar da cabeça, Ele também arranca! E é à força mesmo, com cirurgias!! Mas que sai, sai!
E se Deus realmente prova àqueles que ama, eu não tenho dúvidas de que eu sou, de longe, a filha mais amada e preferida Dele!
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