Eu te Amo do Amanhecer ao Anoitecer
Então há poucos minutos eu larguei meu livro e me sentindo um tanto quanto sozinha, vim escrever em você, diário, pois toda vez que me sinto sozinha você consegue preencher essa solidão, ou eu mesma preencho minha solidão com palavras e algo de vazio em mim de repente torna-se cheio e não me sinto mais tão triste. Eu contive minha vontade de escrever ao Rick, também, pois toda vez que sinto a saudade apertar eu escrevo a ele, e isso faz com que eu me sinta melhor, mesmo que ele nunca vá ler essas cartas. No entanto, escrever a ele é amá-lo cada vez mais, é perpetuar esse amor em suas páginas, é me machucar profundamente e eu não quero mais isso. Basta! Tem que bastar de uma vez por todas! Agatha Christie menciona em “A Morte no Nilo” que: “ O que importa é o futuro, não o passado”. Eu sei que o passado faz parte de nós, que nos tornou quem somos hoje, mas o fato de ele ser importante não significa que devemos viver acorrentados a ele, não é mesmo? Eu estou acorrentada ao Rick por correntes invisíveis que eu mesma criei ao longo dos anos e isso não está certo, não é saudável para mim. (Anseios de uma jovem escritora)
Minha amiga me chamou para pedir se eu vi a publicação e eu disse que vi. Eu tinha visto. Eu tinha sentido? Mas sentido o quê? Eu não senti nada, nem mesmo surpresa, pois tudo já era esperado por mim. Não houve surpresa, nem tristeza, aflição ou dor. Não houve lágrimas. Eu me espremi toda como quem espreme uma laranja, mas não houve lágrima alguma a escorrer por meu rosto. Não havia lágrima por não haver dor e quem sabe não houvesse dor por não haver amor.
Não sei exatamente o que é mas eu sinto que as coisas estão mudando , mesmo que a mudança ainda não seja algo visível, que seja algo que se opera nas profundezas e ainda não veio à tona. Isso faz algum sentido? Talvez faça, quer dizer, minha formatura é em um mês exato, eu de repente estou esperando minha carteirinha da OAB chegar, minha Pós começa quarta-feira e eu estou comprando um carro! Eu já não tenho medo do mundo. Eu abro minhas asas e me preparo para voar, como o passarinho do livro do Fisk, o do "Spreading wings." Eu me sinto aquele passarinho agora. Ainda não é hora de voar, mas logo será. Eu sinto isso.
Foi como se a faculdade tivesse mudado completamente, mas quem mudou fui eu. Isso faz sentido? Aquela faculdade fazia parte de mim e ao passar por aqueles corredores eu lembrava de tantas coisas! Lembrei de correr por aqueles corredores saindo bêbada do bar no primeiro ano, de beijar meu namorado ali no segundo ano, de rir alto com minha melhor amiga no terceiro ano. Lembrei do tédio de olhar para aquelas paredes segunda após segunda, estágio após estágio no quarto ano. Por fim, lembrei de passar por ali carregada de livros para fazer o TCC no último ano. Foi uma jornada incrível! Eu queria petrificar cada uma daquelas lembranças em mim para elas não se dissolverem no ar. Queria torná-las cláusulas pétreas!
O auditório explodia em aplausos e eu me sentia flutuar no ar de alegria. Eu era Bacharel em Direito, finalmente. Eu era Bacharel em Direito e a vida e de repente vida me sorria. A vida era uma taça de sorvete colorido esperando por mim e eu queria devorá-lo como uma criança faminta. Parecia que minha vida começava naquele momento, naquele exato instante em que eu peguei o diploma, e eu tinha a sensação que estava diante do desconhecido, do desconhecido que era um enorme abismo que se abria à minha frente e no qual eu pulava sem hesitar. Pulava com ansiedade, paixão e fúria. Pulava como quem tem pressa de viver!
A vida de recém-formada não é nem de longe tão glamurosa quanto eu pensei. A vida vem e nos dá uma série de tapas na cara de uma só vez e ainda quer que a gente levante e continue sorrindo. A sociedade nos exige isso, mesmo quando tudo o que a gente quer é se afundar no travesseiro e chorar até desidratar.
Eu estou em uma situação melhor que tanta gente e tem tanta gente que está em uma situação melhor do que a minha. E assim é a vida; há dias em que a vida nos sorri e nos presenteia com flores, momentos e oportunidades, e há dias em que parece que só chove, tudo é cinzento e não há esperança, mas na verdade há. A vida é uma peça teatral e se um ato ou cena termina em tragédia, a cena seguinte pode terminar em comédia, em vitória, em romance...Talvez tenha que ser assim, pois do contrário ficaríamos tão viciados no próprio sucesso que seriamos cegos para a beleza, cegos para a tristeza e poesia, cegos para a felicidade no fim das contas.
Nesta minha jornada eu sou uma viajante, conhecendo pessoas incríveis a todo tempo, visitando lugares diferentes,assimilando novos conhecimentos, bebendo drinks exóticos e deixando a música me preencher de dentro para fora enquanto isso. Abri minhas asas há pouco tempo e agora eu estou voando. Reconheço que não estou voando alto, sou um jovem passarinho, mas sinto que estou voando...e a vista aqui de cima é tão bonita!
Ele foi embora antes de eu ter a chance de me apaixonar, mas se ele se demorasse por mais duas semanas eu teria caído em tentação, eu teria dedicado a ele as melhores músicas de "The Cure", eu teria me entregado incondicionalmente pois eu confiava nele, logo eu que não confio em ninguém...
Eu não entendo o proporção dos meus sentimentos, pois logo que o vi eu quis desmaiar, fugir para longe. Depois quis beijá-lo. Mais adiante eu quis cuspir na cara dele como ele foi idiota, idiota, idiota! Ele trocou um diamante por uma bijuteria, pois doa a quem doer, eu sou um diamante! Há gosto para tudo nesse mundo. Inclusive, há mulheres que preferem bijuterias a ouro, enquanto outras têm alergia a qualquer coisa que não seja ouro pois qualquer outro material causa uma irritação na pele, uma vermelhidão, uma coceira...
Eu queria saber desde quando nosso relacionamento se tornou uma norma programática, igual aquelas do artigo 3º da Constituição, sabe? Aquelas que são lindas na teoria, mas não se sabe se vão ocorrer, como, ou quando, mesmo que tão bonitas na teoria. Somos perfeitos um para o outro,embora não hajam garantias de que possa dar certo, como se fosse uma utopia construída por filósofos.
Eu acho que a liberdade é o direito fundamental mais bonito e jamais iria restringi-la de alguém. Entretanto, ela o domina e o mantém preso a ela como um pássaro na gaiola e ele deixa...eu tenho para mim que isso não é amor; é dominação. Mas, como o perdão das expressões chulas e vulgares, que ele se foda, que ela se foda, e que se foda tudo que me atrasa e me restringe. Eu sou um pássaro aprendendo a voar, como na música do Pink Floyd, e se ele não quer voar comigo e prefere ficar preso em uma gaiola, desejo desde já uma boa sorte.
Desculpe-me pela sinceridade, mas a verdade é que eu sou uma pessoa incrível! Eu tenho várias qualidades, assim como vários defeitos, mas não é qualquer um que se encaixa nos meus versos, preenche meus intervalos introspectivos ou desafia meus princípios jurídicos. Não é qualquer um que integra meu ordenamento, que me desalinha de A a Z e causa um vendaval em minh´alma, por isso, eu não preciso dele. Aliás, eu nunca precisei, mas agora é diferente, porque eu não o quero.
Meu querido Rick, sei que não escrevo há muito tempo, e eu inclusive deveria tomar juízo e parar de escrever estas cartas bobas. Hoje, no entanto, estou aflita e precisei escrever para não sufocar com minhas preocupações. A prova de matemática é amanhã e por mais que eu tenha passado a semana estudando, não sei se saberei resolver as questões. Eu não sei lidar com ângulos, formas geométricas e raízes quadradas juntos e misturados em uma questão. Pensando bem, eu não sei nem lidar com eles individualmente. Acontece que eu não sou feita de números e lógica, nada disso. Eu sou feita de palavras, de advérbios que intensificam, de substantivos que explicam, de verbos que dramatizam, e de pronomes que apresentam, demonstram e captam todo amor que eu sinto por você. Sinto-me neste momento banhada de luz pelo sol que se põe e pelas listras azuis e rosas que se formam no céu da tarde. Imagino se você está olhando para o céu agora, mas creio que não...você deve estar flertando com uma garota qualquer, comemorando um gol ou andando de bicicleta na avenida em alta velocidade e de braços abertos para mostrar que você é destemido. Você deve estar tendo uma vida incrível, cheia de amigos, de novidades, e eu estou perdendo essa parte da sua vida. Cada dia que passa, uma nova página da sua vida é escrita, cada mês, um capítulo, cada ano, um novo livro, e eu vou sendo deixada para trás, e o garoto que eu conhecia vai ficando no passado e eu vou deixando de conhece-lo, de reconhece-lo, de entende-lo, como se eu fosse uma leitora voraz tentando ler todos os capítulos da sua vida, mas sempre acabo ficando para trás, em algum canto esquecido de sua história, de sua memória.
Fico pensando se eu te encontrasse por acaso na rua um dia, em uma dessas reviravoltas do destino, eu fico me perguntando se eu te reconheceria e se você me reconheceria. Uma parte do meu coração me diz que eu sempre vou te reconhecer em qualquer lugar do mundo, em qualquer situação, mas será mesmo? Será que você mudou tanto quanto eu sinto que mudei? De qualquer modo, eu lhe desejo sorte na sua vida e jogo mil beijos às estrelas, como se elas pudessem entrega-los a você...
-Annie.
(Anseios de uma jovem escritora)
Eu não sei dizer se foi a literatura ou a música que tocaram minha alma e me fizeram ficar tão sensível, tão triste, tão frágil a ponto de eu vir aqui na sacada, de pijama, às 22 horas escrever. Creio que eu seja feita dessas duas coisas, de literatura e de música, como se a melodia e a poesia fossem duas linhas que se entrelaçassem dentro de minha composição genética, como se fossem meu próprio DNA. (Anseios de uma jovem escritora).
23 de fevereiro
Meu querido Rick, eu sei é tarde, pois já passa da meia noite, mas me perdoe a má- caligrafia, me perdoe o sentimentalismo. É que sentimentalismo é meu nome do meio e não consigo ficar séria quando penso em você e quando a música “When you´re gone”, da Avril toca, pois ela me faz lembrar de você e de todos os sentimentos que transbordam por meu coração a ponto de eu não conseguir contê-los, a ponto de eu precisar escrever para não sufocar. Os anos longe de você parecem décadas e me sinto perdida quando penso que já faz tanto tempo, que você tem outra, que é tarde e estou perdendo meu tempo escrevendo em vão, que esse amor é sem esperança e sem futuro, e que eu te amo, te amo, te amo de forma enlouquecedora e esse amor me queima de dentro para fora, fazendo com que eu não consiga amar outro além de você. Perdoe esses versos sem sentido, perdoe o meu amor, embora talvez, quem sabe, você riria dele se soubesse. Você sairia anunciando aos quatros cantos que te amo e como sou insana, e talvez você tivesse razão pois eu me sinto cada vez mais insana conforme o tempo passa e deixo de estudar e construir meu futuro olhando as estrelas e pensando desiludida em você, e às vezes me acho tão idiota e débil…Eu estou tendo um ano bom, todavia, minha melhor amiga foi embora e isso me faz ficar ainda mais triste, e até as aulas estão sem graça sem ela. Eu sou um tal qual uma mocinha de filmes antigos; frágil, doce e sentimental, e tenho medo de não conseguir encarar os desafios que a vida me impõe, contudo, até agora estou indo bem, estou lidando super bem com as aulas, com meus compromissos do dia a dia, com a adolescência, e olha que a adolescência não é fácil! Devo dizer que estou amando estudar as orações coordenadas e subordinadas na aula de português, embora isso não seja novidade, pois eu amo português! Eu não deixo de sorrir toda vez que a professora Rosa entra na sala e nos explica uma nova classificação de orações, ao mesmo tempo em que meus colegas sentem vontade de pular da janela sem hesitar. Quem sabe nem todos consigam compreender o amor, a magia, a poesia que brota nas entrelinhas… Queria saber como você está e quem sabe vê-lo um dia, mesmo que de longe, só para servir de alento, só para dar uma folga para essa saudade que sufoca. Talvez se eu fizer um pedido a uma estrela, ela atenda meu desejo e permita que eu te veja, mesmo que de longe, como aquele dia na sexta-serie, aquele breve momento de doçura. Eu me subordino a você como uma oração sem sentido, sem complemento, pois meu complemento é você e sem você estou fadada a vagar por aí como uma oração subordinada, que não é totalmente clara, que depende de outra, que depende de algo, que depende de você. Sei que isso é errado, mas é a realidade, e é provável que o que eu queira te dizer com esse momento de prolixidades seja apenas isto: eu sinto sua falta.
-Annie.
(Anseios de uma jovem escritora)
Eu estou aprendendo a fazer sentenças, eu estou curando a ESMESC, eu sou advogada, eu sou formada, eu sou escritora, eu sou eu e eu sou feliz da maneira como sou, com cada detalhe, cada cicatriz, cada queda que me conduziu até aqui. Eu sei que estou ainda no começo de uma longa jornada até a magistratura, mas sinto que neste ano eu subi alguns degraus importantes. Então, se eu fosse falar sobre minha versão de novembro, eu diria que ela é determinada. Capital inicial canta: “ são águas passadas, escolha uma estrada e não olhe pra trás” e a música está certa. Eu escolhi minha estrada e sou muito grata a tudo e todos que me trouxeram até aqui. As coisas boas eu vou guardar comigo e levar sempre , mas as ruins , as dores, ansiedades, aflições e traumas apesar de importantes para minha evolução, são águas passadas , eu não me prenderei a sentimentos ruins de impotência, baixa-autoestima e culpa. Eu escolhi minha estrada e não olharei para trás.
Hoje eu trabelhei em home office, assim como todo o Poder Judiciário e isso foi tão estranho para mim... Parece uma gripe, mas não é uma simples gripe, é um vírus que está matando as pessoas! As determinações são para não sairmos de casa e pouco a pouca as cidades vão se tronando cidades fantasmas. Parece que estamos vivendo em um filme, um filme ruim digno de uma framboesa de ouro no qual 80% do elenco morre em decorrência do vírus e os 20% restantes precisa lidar com a fome, a escassez de recursos e as mortes. Em meio ao caos, precisamos ter fé, calma, respirar e ficar em casa. Tudo parece tão distante de nossa realidade agora...Eu realmente entrei na formatura com "everybody wants to rule the world" há um ano? Eu realmente sonhava acordada totalmente apaixonada ouvindo "Just like heaven" há um ano e meio? Quem tem a ousadia de sonhar agora? Quem tem coragem para viver um romance agora? O mundo de repente parece envolto em trevas e eu me sinto mais adulta do que nunca trabalhando em home office e assistindo o noticiário. Ontem houve 1 morte, hoje 4, amanhã 8, e assim sucessivamente. Foi mesmo nesta vida que ouvimos "More than words" no fisk? Foi nesta vida que eu estudei no fisk ou realizei um intercâmbio? Quem possui a coragem para fazer um intercâmbio agora? Precisamos ter fé e eu por enquanto ainda tenho. Há tanta beleza e tragédia no mundo...mas em meio ao caos eu ainda tenho fé.
Quando eu escrevo, o mundo inteiro desaparece por baixo das palavras, meus dramas deixam de ser dramas e passam a ser histórias, as preocupações se amenizam, os amores intensificam, os parágrafos tomam forma, a caneta desliza no papel suavemente como se dançasse ao ritmo de uma música e as histórias pouco a pouco se petrificam para sempre no papel.
Enfim, hoje à tarde eu fui até a sacada e fiquei ouvindo a música “poema”, que é lindíssima. A música é de Cazuza, mas ninguém supera a versão do Ney Matogrosso. Então, eu estava na sacada pensando sobre a viagem que faremos com a turam daqui a uns dias, sobre as provas que se aproximam e o ensino médio que está logo aí quando subitamente, meus pensamrentos tomaram outra direção como que soprados pelo vento. Ney Matogrosso cantava “Poema, Frejat tocava guitarra e eu de repente me sentia tonta e sentimental. De repente eu sentia falta daquele sentimento doce de amor que se esvaia de mim, que quem sabe já havia se esvaído...! Eu tentava me agarrar a ele, agarrar-me a esse amor, a um tempo que já foi e sentia uma súbita vontade de chorar! Eu lembrava da quinta-série, da quarta, daquele arrepio na espinha que eu sentia quanto chegava perto do Rick! O fato é que eu não sentia mais isso quando falava com ele, quando conversávamos, e o fato era que o Rick não era mais a mesma pessoa por quem eu me apaixonei no passado. Talvez, quem sabe, eu não fosse a mesma pessoa...O fato é que esse sentimento doce de amor me iluminava diariamente. Eu sentia-me banhada de amor como quem se sente banhada pelo sol em um dia quente na praia, no entanto..., no entanto, eu já não amava mais o Rick e eu percebia isso agora. Eu me prendi a ele com medo de perder qualquer coisa, com medo de perder uma parte importante de mim, mas eu não o amava mais há algum tempo e mesmo assim o amor florescia em mim como uma rosa vermelha e fazia minha alma se arrepiar inteira. Eu estava cheia de amor, mas não pelo Rick e eu não entendia, não entendia esse sentimento doce de onde vinha, para onde ia e eu tropeçava naquela frase de Camões, que dizia: “Ah o amor... que nasce não sei onde, vem não sei como, e dói não sei porquê”. Esse amor me doía e me queimava ao mesmo tempo que afagava minha alma, como que me embalando o sono. Minha mente estava tão confusa e tentava organizar os pensamentos e entender. Eu jamais me senti tão poética, tão cheia de versos, tão cheia de amor. Eu jamais tive tanto medo e o que eu conhecia como amor era algo diverso do que eu sentia agora. Era um sentimento diferente. O final de tarde exalou um perfume de flores desabrochando na primavera e eu me senti leve. “De repente a gente vê que perdeu ou está perdendo alguma coisa morna e ingênua que vai ficando no caminho” dizia a música e eu me sentia assim. Parecia que eu havia perdido algo que deixei não sei quando, não sei onde, mas então por que é que minha alma parecia transbordar de amor?
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