Eu sei Dividir os Dons que Deus me Deu
Consciência negra
Eu quero ver…
Ver o navio voltar, nos levar as nossas raizes, que de lá não deveria ter saído.
Eu quero ver, ver meu irmão brilhar, a esperança ascender e ressurgir um novo amanhecer.
Um amanhecer justo, igualitário e sem cor, um que nos faça humanos de novo, que nos devolva a vida.
~Sangrando.
Eu estou sangrando outra vez!
Será que não existe uma forma de acabar com tudo de vez?
Vermelho. Vermelho é tudo que vejo quando olho para meu piso. Faz quanto tempo que não sei Oque é ao menos um sorriso.
Eu nunca atendo o telefone, porque sei que ninguém liga.
Afinal, quem mais se importaria?
Tem sangue por todo meu colchão, e novamente esmagaram todo meu coração.
Amor, compaixão. Porque eu sempre sou a segunda opção?
Eu vou embora pelo anoitecer, talvez eu encontre novamente uma maneira de amortecer.
Morte, morte, morte! É a única coisa que passa pela minha mente.
Eu não aguento mais me sentir tão doente.
Eu só queria acabar com a dor.
Queria tampar esse sangramento, mas acontece que não tem como cobrir Oque sangra por dentro...
Às vezes eu sou bobo com você
Às vezes tenho medo de ser bobo com você
Às vezes eu quero ser bobo por você.
E tudo isso não adianta pensar muito, pois não há uma fórmula de dar certo ou errado.
Eu estou buscando o equilíbrio nisso tudo.
Enquanto o dia infinito sem sol se arrastava, eu piscava devagar para o teto rachado, onde aranhas teciam teias preguiçosas como minhas próprias desculpas. "A banda parar de tocar", murmurava para mim mesmo, ecoando aquela frase quebrada que o usuário jogara, talvez um erro de digitação, talvez um grito abafado de uma mente cansada como a minha. Mas que banda? A orquestra invisível da vida, com seus violinos desafinados e tambores surdos, que nunca parava de martelar na cabeça, mesmo quando eu implorava pelo silêncio?
Sozinho no sofá que cheirava a mofo e memórias podres, eu rolava para o lado, evitando o esforço de acender a luz. Amargo era o resíduo do café na língua, misturado ao gosto metálico da derrota autoimposta. A preguiça me ancorava, uma âncora enferrujada no fundo, de um mar de nada, onde peixes mortos flutuavam como promessas quebradas. Por que me mexer? O mundo lá fora, com suas corridas e risos forçados, não sentia minha falta e eu, solitário rei de um reino vazio, não sentia falta dele.
Deixei os pensamentos vagarem como nuvens cinzentas, preguiçosos demais para chover. O tigre flamejante?
Agora era só um gatinho ronronando debilmente, sua fúria dissipada no ar úmido. A morte, ah, ela demorava, preguiçosa como eu, talvez deitada em seu próprio sofá eterno, esperando que eu a chamasse. Mas eu não chamava. Somente esperava, no vazio que se expandia, engolindo horas como um buraco negro faminto. Continuei assim, ou melhor, parei de continuar porque no fim, o que era a história senão uma sucessão de nadas, amargos e solitários, ecoando até o silêncio final.
"Amor"
Vejo amor como um monstro,
e eu sou apenas um soldado,
vice-versa a gente se encontra,
e nem sempre ele quer papo.
Lembro, que na nossa primeira luta,
sai derrotado.
Por ter sido desnorteado,
pensei que havia perdido.
Mas sempre que me recordava dessa batalha,
retia um sentimento contínuo.
Por mas que me sentisse indigno,
sabia que aquele final era incerto.
Voltei me encontrar com ele,
e dessa vez fiz certo,
apanhei feito bastardo.
Porém conquistei
o que tanto havia almejado.
Minha dor me fere, mas minha decisão me move,
não deixo a sombra ditar quem eu sou.
Com fé, atravesso o que meus olhos não alcançam,
minha identidade se ergue mesmo entre escombros.
Cada queda revela minha resiliência, cada ferida, impulso.
Tudo em mim aponta para um propósito maior,
sou instrumento de força, mesmo quando sangro.
–Purificação
Quando minha dor me desafia, eu rompo barreiras e quebro limites.
Não deixo que ela me detenha; eu a transformo em combustível para levar a palavra.
Sou apenas um instrumento, mas minha dor se torna ponte para quem mais precisa ouvir e sentir.
–'Purificação
Enquanto muitos se deixam levar pelo fluxo cego da rotina,
eu enxergo as brechas onde a contradição respira.
Enquanto tantos vivem no piloto automático, repetindo padrões que nem percebem,
eu escolho observar aquilo que quase ninguém nota.
Enquanto alguns se escondem nas danças sociais,
eu atravesso os véus e descubro a verdade por trás das máscaras.
Enquanto muitos se prendem às regras e aos jogos sociais,
eu decido olhar além das aparências e tocar o que é real.”
No final ela não era perfeita e eu não era um monstro!
Éramos apenas jovens
No início, pintei-a com tintas de luz,
e a mim, com sombras pesadas demais.
Ela parecia intacta,
eu, sempre culpado.
Mas o tempo, paciente,
abriu meus olhos como quem abre feridas
para que enfim cicatrizem.
E vi que ela também errava,
quando se calava,
quando me deixava à espera,
quando tornava frio o que deveria ser abrigo.
Eu também tropeçava,
às vezes por amar demais,
ou por medo de perder.
E nesse jogo de silêncios e ansiedades,
não fomos vilões,
não fomos santos.
Éramos apenas jovens
tentando aprender o amor
com mãos trêmulas
e corações sem manual.
Hoje sei:
ela não era perfeita,
eu não era um monstro.
Éramos só dois seres
aprendendo a viver,
e na dor do fim
Deus escreveu em mim
a lição do perdão.
Não há corrente mais pesada que a opinião alheia, e nenhuma delas me conduz, porque eu sou o leme das minhas próprias escolhas.
Marcilene Dumont
Nenhuma fronteira me limita, porque já aprendi a derrubar os muros que eu mesma levantei dentro de mim.
Marcilene Dumont
Correspondência Tardia
E se eu te disser que me viste?
Não com olhos, mas com alma —
Naquele instante em que o tempo
Fez de nós dois uma pausa calma.
E se eu te disser que me quiseste?
Não com gestos, mas com ausência,
Na troca muda de silêncios
Que só o amor em dor presencia.
O que são encontros para nós?
Acasos que o destino desenha,
Ou desencontros que a vida
Com precisão estranha empenha?
E se eu te disser que ainda espero?
Não por ti, mas pelo momento
Em que o mundo nos permita
Ser mais que sombra e pensamento.
Mas o tempo é um risco lento,
E o silêncio, um cárcere gentil.
Vivemos o que não vivemos,
E o que sentimos é sutil.
Se eu te disser que já é tarde,
Tu dirias que nunca foi cedo.
E se eu calar o que me arde,
Tu saberás — mesmo em segredo.
Jerónimo Cesarina
Amanhã
Mais uma vez me pego escrevendo
Dores e sentimentos ruins
Que foi eu mesmo que criei
Sentimentos de culpa
De odio
Uma tortura
Nao sei o que será de mim
" O que cabe a eu fazer,farei com muito amor, julgamento alheio me fará cada vez mais forte. Enquanto sou criticado, existe outros mim aplaudindo, se não tiver, não tem problema , as criticas mim darão forças para seguir em frente".
