Eu Gosto do Risco dos que Arriscam
Dói
Dói tudo o que já era
Tudo que não mais está
A dor que um dia não quisera
A saudade que permanecerá
O ontem no hoje não se espera
Cada dor doida lacera a poesia
Após o inverno, a primavera
Amanheceu, já é outro dia!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Maio de 2019
Cerrado goiano
paráfrase Fernando Pessoa
O solitário,
pasmo da descoberta
conduziu-se de poeta
e, tentou salvar
a sua solidão.
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
10/06/2019
Cerrado goiano
Paráfrase Sérgio Santal
CÍCIO
Em mim um cício, que esmorecer escava
Entristecido e desiludido o bom encanto
Jogado no murmúrio em qualquer canto
Uiva e faz da queixa uma enfada escrava
Mas amastes, profundamente, portanto
Olhais com leveza a tristeza que trava
O peito, e outrora não em ti ela forjava
Cousas tristes, e aqui te torturem tanto
O amante encena o palco em que vive
E, em contraponto de abrandar, abrasa
Numa nova guia, outro pesar, e avive...
E assim, a quem possa saber, eu ando:
Solitário e no silêncio da alma sem asa
Numa sofreguidão, a andar chorando...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
11 de julho de 2019
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
VITA NUOVA
Deste de outrora prazer me convidas
Se ao mesmo desejo me faz desejos
Nestas tão insensatas vindas e idas
É amor abrasador e de doces beijos
Não me poete das lágrimas perdidas
Não me troves os olhares em cortejos
Há neste amor, o amor de liras ouvidas
E dos pecados cem mil são os pelejos
Amo-te! A distância, apenas uma porta
Entreaberta. Deixe-a assim, eu volto!
Se a nós nada importa, o que importa...
Ainda te amo, o amor, amor que canto
E o tenho na poesia, teu cheiro envolto
VITA NUOVA! Sempre cheia de encanto.
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
14 de junho de 2019
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
DESTERRO
Já do amor findo? Chega! Na tristura sou exilado
Irei, trôpego, embriagado, no amor assim sozinho
O silêncio em coro, nas rosas também há espinho
Choro, angústia, no cerrado, vazio no peito calado
Neste amor, como num sonho, sonho sonhado
Sorrisos, as alegrias espelhadas pelo caminho
Serão guardadas nas lembranças com carinho
Como quem guarda o tesouro um dia achado
Adeus, generoso afeto, prazer do meu desejo!
O mar onde navegou sonegados antigos idílios
Berço onde a quimera desenhou cada beijo!
Adeus! Esta partição, há de pesar-me tanto
Como quem na solidão suplica por auxílios
Jogado num canto, encharcado de pranto...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
18/07/2019, 05’05’
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
CHOVE
Acordei
E vi que chove
Observei
Que não era só lá fora
Revestido de breu
Minha alma
Também chora
Dengosa
Amorosa
Reclama do olhar
Da sua beleza singular
Sua essência
Desta sua silenciosa ausência
Não importa os desencontros
A sua irreverência
Não diminui o meu amor
Nem a dor
De sua indolência
Onde está?
Os sonhos sonhados
Os beijos por nós calados
Curvo-me diante desta ferida
Aberta
Sofrida
Tocada sem nenhum pudor
Nenhuma compaixão
Nenhum valor
Acho que foi só ilusão!
Agora solidão...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Rio de Janeiro, 30/08/207
05'30"
SURDINA
No ar ressequido o joão de barro canta
Um joão de barro no ar do cerrado
Encanta, na madrugada que se levanta
Que encantado!
Um joão de barro canta. Um rosário
Longe, entre o mangueiral, tece...
Operário, que trabalha solitário
Musicando a sua prece.
Que encantado! Soa na sua sina
De poético, de pássaro bravio
Tomando a sua amada, inquilina
No seu covil!
Silente. O sol no seu nascente
Vazado pelo canto de tua benesse
João de barro, que cantas docemente
Musicando a sua prece
Que belo, na magia em oferta
O olhar melancólico e vazio
Desperta a alma tão deserta
Aos ouvidos este canto luzidio
Já tanto ti ouvi! Já ti ouvi tanto!
Coração, por que estais emocionado?
Por que chora, ao ouvir-te o canto,
João de barro que musica no cerrado.
E com que júbilo o joāo de barro canta
No ar sossegado, no ar do cerrado
Encanta, na madrugada que se levanta.
Que agrado!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
PENÚLTIMA ESTROFE (soneto)
O tempo no tempo passa e apavora
Afobado por mim, vai e, vai acelerado
Acotovela os sonhos, despreza a hora
Caduca a poesia, por aqui no cerrado
Corre tirânico a disputar lugar na aurora
Adormece e acorda sem ser incomodado
No meu contendo, nem por nada demora
Sacode o vento, incauto, segue denodado
Agora, ao redigir está penúltima estância
Percebo o quão eu me faço na arrogância
De achar que a pressa do tempo é desleal
Afinal, o caminho tem estória e fragrância
O tempo vivido, não se mede pela distância
E sim, no amor ortografado, na estrofe final...
Luciano Spagnol
Novembro de 2016
Cerrado goiano
É para você, este poema
Entitulado: - "pro amigo"
Nele a afeição é o tema
Nosso carinho, eu bendigo...
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
CATA DUM AMOR (soneto)
Na cata dum amor, amor busquei
Em cada olhar, um olhar de rogo
E na sorte de tê-lo, em ter afago
Se tudo preciso novamente farei
Então constatei, que não é jogo
Ele acontece, é destino, eu sei
E em cada dia sempre acreditei
Na chama, que na paixão é fogo
No ser um amor sem fim, estarei
Sempre de prontidão, no epílogo
No destinado. Pois por ele ideei
Na conquista o que vale é diálogo
O amor é mago, gesto, nele saudei
A vida, pois é essência no âmago...
Luciano Spagnol
03 de dezembro, 2016
Cerrado goiano
SONETO ENDEREÇADO
Este é um soneto endereçado ao amor
Que redige na flor o doado nascimento
E nas estrelas segredos em sentimento
No imenso palco, a vida, ventura maior
Se a imperfeição influência detrimento
Sob o mesmo céu, sob o mesmo clamor
Nela também, brota um olhar acolhedor
O que se faz perfeito e um complemento
Quando penso que tudo nele é só primor
Há bravatas, desculpas apenas, momento
Também tem dor, que cessa o sonhador
Porém, amor que é amor, é sacramento
Não é vaidade, e sim, um transformador
Se de ti roubar, tente o mesmo fomento
Luciano Spagnol
2016, dezembro
Cerrado goiano
DE VOLTA, O MEU OLHAR
Aqui vai o meu olhar de volta, que brade
pois pra mim o céu aquietou, emudeceu
depois que o seu silêncio me escreveu
só distâncias e, pouca reciprocidade
Se me deu o melhor, em mim só doeu
ao deixar teu gosto na minha vontade
ao sentir que foi um amor na finidade
e que no teu amor, não tem mais o meu
Olha pra mim, só restou a imensidade
dum coração vazio, onde, eu sou réu
num dia de sol que virou tempestade
Se ainda ouve de mim uma canção, eu
ouço o teu suspirar na minha saudade...
Que grita, uiva, na poesia dum plebeu.
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Cerrado goiano
Dezembro, 2016
SONETO DE NATAL
Se fez homem, é noite de reflexão
Fé cristã, Menino Deus, Nazareno
Enfeitam o memorial de pequeno:
Família reunida, cantiga e afeição
É berço de amor, doce e ameno
Exaltado em versos do coração
Nesta noite cristã, de intenção
Aniversaria, Jesus, o Nazareno
É vida na vida em comemoração
Gesto de afago, de carinho pleno
Noite feliz, noite de total gratidão
É Natal, é sal do indulto terreno
Confraternização, e compaixão
Do pobrezinho que manou no feno...
Luciano Spagnol
Dezembro, 2016
Cerrado goiano
O SILÊNCIO QUE INCOMODA
O silêncio meu
está em erupção
e escorreu
pela ilusão
Matou os sonhos
matou a quimera
jorrou dias tristonhos
e vida, em espera
Hoje, um vazio
solidão
tácito e frio
Num silêncio
que incomoda
a mansidão...
Luciano Spagnol
Dezembro, 10 de 2016
Cerrado goiano
Poeta simplista do cerrado
Coração caipira
No meu coração caipira de estuque
Olho a vida e abraço com a tradição
Conto causos, estórias com emoção
Pois sou o cheiro caipira deste chão
Assim vou, assim sou, sou mineirão
Caboclo apreciador de moda de viola
Que não vive sua alma presa em gaiola
Se esbalda no cerrado e na fazendola
Troca o sapato pela botina meia sola
Coração caipira, gabola, sem truque...
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Miragem
Quimeras não me deixes só, no fundo
Do fosso da ilusão, deste veloz mundo
Subindo e descendo, remando trova
Tentando entender e ser alguma prova
Além, de estar debruçado no horizonte
Querendo mirar uma tal e desejada ponte
Que possa me levar ao outro lado, reverso
Se nas mãos só tenho o meu amor e verso.
(Pois, cada miragem, solidão, eu confesso).
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Cerrado goiano
Poema do imaginário
Vamos pulsar a vida
Expulsar e por de partida
Qualquer forma de desamor
Some no abraço o laço acolhedor
É preciso amar
É preciso atar
No olhar, a cumplicidade
Chegar mais na felicidade
Como quem chega
Para alguma parte
E sempre rega
O sonho em arte
A vida em entrega
“O silêncio é o exato momento do nada no lamento.”
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Cerrado goiano
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