Essa e minha Mae

Cerca de 116987 frases e pensamentos: Essa e minha Mae

Eu sempre amaria essa frágil garota humana, pelo resto da minha existência sem limites.
(Edward)

Meu coração é minha razão. Essa é a lógica que inventei pra mim.

Em certos momentos paro e me pergunto da onde se origina essa minha particular filosofia e pensamentos que me levam a tão peculiares conclusões. Sou apenas um recém-adulto que aprendeu desde pequeno a arte de indagar. Questionamentos incessantes que me atordoam os pensamentos, mas muitas vezes apaziguam minha alma. Todos necessitam de uma palavra de conforto ou de uma crença que os levem a seguirem em frente. Sou um eterno curioso que não se contenta em somente ver o resultado final, me importo com a origem, com o meio, com os erros que foram cuidadosamente ocultados pelo caminho na tentativa de se conquistar um status de perfeição… Esta que jamais existirá. Às vezes sou chato, em outras sou somente indiferente, mas em alguns momentos consigo ser fascinantemente coerente. Tenho meus dias de teimosia, minhas horas de loucuras e alguns segundos de insanidade, mas possuo a dádiva de ser exatamente como sou sem a necessidade de me mascarar para agradar um mundo que não se importa com quem você realmente é, mas como se apresenta. Sim, infelizmente aqui o rótulo vale mais que o conteúdo.

Minha mente é um turbilhão de pensamentos no qual alguns me atropelam, entretanto, há sempre outros prontos a me resgatar devolvendo-me o equilíbrio. Não sou filósofo nem gênio, tão pouco sábio. Sou simplesmente aquilo que a ocasião me permite ser enquanto luto para me tornar o melhor que minha mente consegue idealizar. E nesses vai e vem da vida vou curando as feridas das quedas, pois embora tenha tropeçado inúmeras vezes, jamais fiquei imóvel ao chão… Não que eu seja forte ou inabalável, mas porque sei que a vida é muito mais do que um tombo e que o tempo não pára esperando que eu me recomponha. Recomponha. Não adianta juntar os cacos, eles serão sempre o resto ou o excesso, a solução é viver com o cristal intacto de alma que sobra… E continuar fazendo dele seu maior tesouro, seu bem inviolável com o passar dos tempos e das tempestades.

E, ainda sim, continuo sem me entender por completo. Sou um mistério até para mim. Ser traIndagações, dúvidas, teorias, pensamentos, convicções, certezas, anseios, receios, tudo e nada, muito e pouco, desejo e repulsas... minhas complexidades.

Acho que se um dia eu sair desse meu estado parcial de ignorância tudo o mais perderá seu sentido, a vida não é nada sem a possibilidade de descobertas. Não há surpresas no conhecido, tampouco emoção no que já foi desfrutado e esmiuçado. Nem todas as surpresas são boas, mas nem todos os desastres causam prejuízos. Depende da forma como você visualiza e pensa!

Pergunta errada

Se eu acredito em Deus? Mas que valor poderia ter minha resposta, afirmativa ou não? O que importa é saber se Deus acredita em mim.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

Se minha Teoria da Relatividade estiver correta, a Alemanha dirá que sou alemão e a França me declarará um cidadão do mundo. Mas, se não estiver, a França dirá que sou alemão e os alemães dirão que sou judeu.

Albert Einstein
CALAPRICE, Alice. The Ultimate Quotable Einstein. Princeton University Press, 2010.

Nota: Trecho de um discurso a Sociedade Filosófica Francesa na Universidade Sorbonne em 6 de abril de 1922.

...Mais

Aprendi através da experiência amarga a suprema lição: controlar minha ira e torná-la como o calor que é convertido em energia. Nossa ira controlada pode ser convertida numa força capaz de mover o mundo.

Mahatma Gandhi
The Words of Gandhi. New York: Newmarket Press, 2008.

A minha consciência tem milhares de vozes, / E cada voz traz-me milhares de histórias, / E de cada história sou o vilão condenado.

Motivo

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.

Cecília Meireles
Antologia Poética. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2001.

Quando pratico o bem, sinto-me bem; quando pratico o mal, sinto-me mal. Eis a minha religião.

Os Três Mal-Amados

O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.

O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.

O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina.

O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos.

Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina.

O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.

O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome.

O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel.

O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.

O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.

O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.

João Cabral de Melo Neto
João Cabral de Melo Neto - Obra Completa

O meu corpo é um jardim, a minha vontade o seu jardineiro.

Tenho de proclamar a minha incredulidade. Para mim não há nada de mais elevado que a ideia da inexistência de Deus. O homem inventou Deus para poder viver sem se matar.

Tomei a decisão de fingir que todas as coisas que até então haviam entrado na minha mente não eram mais verdadeiras do que as ilusões dos meus sonhos.

A minha fé, nas densas trevas, resplandece mais viva.

Um beijo

Foste o beijo melhor da minha vida,
ou talvez o pior...Glória e tormento,
contigo à luz subi do firmamento,
contigo fui pela infernal descida!

Morreste, e o meu desejo não te olvida:
queimas-me o sangue, enches-me o pensamento,
e do teu gosto amargo me alimento,
e rolo-te na boca malferida.

Beijo extremo, meu prêmio e meu castigo,
batismo e extrema-unção, naquele instante
por que, feliz, eu não morri contigo?

Sinto-me o ardor, e o crepitar te escuto,
beijo divino! e anseio delirante,
na perpétua saudade de um minuto...

DA MINHA ALDEIA

Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...

Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,
Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe
de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos
nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.

Alberto Caeiro
PESSOA, F. O Guardador de Rebanhos, In Poemas de Alberto Caeiro. Lisboa: Ática. 1946 (10ª ed. 1993). p. 32
...Mais

Não confio em produto local. Sempre que viajo levo meu uísque e minha mulher.

Os versos que te fiz

Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que a minha boca tem para te dizer!
São talhados em mármore de Paros
Cinzelados por mim para te oferecer

Têm dolência de veludos caros,
São como sedas pálidas a arder...
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que foram feitos pra te endoidecer!

Mas,meu Amor,eu não tos digo ainda.
Que a boca da mulher é sempre linda
Se dentro guarda um verso que não diz

Amo-te tanto!E nunca te beijei...
E nesse beijo,Amor,que eu não dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz!

SÓ DE SACANAGEM

Meu coração está aos pulos!

Quantas vezes minha esperança será posta à prova?

Por quantas provas terá ela que passar? Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu, do nosso dinheiro que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.

Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?

Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?

É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.

Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam: "Não roubarás", "Devolva o lápis do coleguinha", "Esse apontador não é seu, minha filha". Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar.

Até habeas corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar e sobre a qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará. Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda vou ficar.

Só de sacanagem! Dirão: "Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo mundo rouba" e vou dizer: "Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau."

Dirão: "É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal". Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal. Eu repito, ouviram? Imortal! Sei que não dá para mudar o começo mas, se a gente quiser, vai dar para mudar o final!

Quanto mais diferente de mim alguém é, mais real me parece, porque menos depende da minha subjetividade.