Erasmo de Rotterdam Elogio da Loucura

O estudo confere ciência, mas a meditação, originalidade.

A intolerância irracional de muitos escusa ou justifica a hipocrisia ou dissimulação de alguns.

Os avarentos não crêem numa vida por vir, para eles o presente é tudo.

A impunidade é segura, quando a cumplicidade é geral.

Velho pássaro, este mundo
dorme como um menino
e se renova cada manhã.

Todo o argumento permite sempre a discussão de duas teses contrárias, inclusive este de que a tese favorável e contrária são igualmente defensáveis.

Um autor estraga tudo quando pretende fazer bem de mais.

Perdoamos mais vezes aos nossos inimigos por fraqueza, que por virtude.

Compreender é perdoar.

Quando puder ser temido, ainda mais me quero fazer amar.

A inveja, que abrevia ou suprime os elogios, é sempre minuciosa e prolixa na sua crítica e censura.

A beleza é uma letra que se vence à vista, a sabedoria tem o seu vencimento a prazos.

A chave de todas as ciências é inegavelmente o ponto de interrogação.

A modéstia é para o mérito o que as sombras são para um quadro. Dão-lhe forma e relevo.

Enquanto se ameaça, descansa o ameaçado.

Não existe vício que não tenha uma falsa semelhança com uma virtude e que disso não tire proveito.

Seja no que for, apenas poderemos ser julgados pelos nossos pares.

Quem sem descanso apregoa a sua virtude, a si próprio se sugestiona virtuosamente e acaba por ser às vezes virtuoso.

Nós dois? - Não me lembro.
Quando era que a primavera
caía em setembro?

Os bons conselhos desagradam aos apaixonados como os remédios aos que estão doentes.