Epigrafe para Mae que Amamenta
Malditos sejam os saudosistas que caminham por memórias em pedaços, que cativam momentos mortos.
Trazendo de volta com eles, o aroma de dias mais felizes.
Em teus olhos azuis velejei como no mar, sem me preocupar.
Deixei me dominar pela calmaria do seu olhar.
Afundei no azul profundo, lá eu não sabia nadar.
Um lugar onde o tempo inclina-se ao acaso, repousa o trono da incerteza.
O cavaleiro, imerso no silêncio, empunha a lâmina do destino.
Universos se entrelaçam, um ciclo que engole os dias, onde a vida devora a si mesma.
A morte sussurra promessas, e o infinito persiste.
Éramos como um barquinho de papel, moldados do início ao fim para velejar apenas em uma rasa poça d'água.
Fantasiei nós dois no incessante exercício de pisar no real,
sou o eu lírico do meu mundo irreal ideal.
Fugi do amor para viver
em um mundo mudo
cheio de silêncio que fala.
Forjado por memórias
de um pretérito
mais-que-perfeito.
Como era bom poder amar,
deixar o amor nos tocar.
Me faz pensar se
ainda existe um jeito.
Lembro do primeiro beijo.
Mas me bastava o instante
antes dos teus lábios
tocarem os meus.
Do último eu não lembro
bem, mas se eu soubesse
que acabava ali, teria feito
tua boca de refém.
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