E cada vez que eu Fujo eu me Aproximo mais

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Eu não te procurei pra que a saudade fortalecesse nosso amor.

Eu vejo o futuro repetir o passado;
Eu vejo um museu de grandes novidades.
O tempo não para.

Amava seus erros assim como amava os acertos, porque o que eu amava, enfim, era você.



Eu tenho pena da Lua!
Tanta pena, coitadinha,
Quando tão branca, na rua
A vejo chorar sozinha!...

As rosas nas alamedas,
E os lilases cor da neve
Confidenciam de leve
E lembram arfar de sedas

Só a triste, coitadinha...
Tão triste na minha rua
Lá anda a chorar sozinha...

Eu chego então à janela:
E fico a olhar para a lua...
E fico a chorar com ela! ...

Eu não sou quem eu gostaria de ser;
eu não sou quem eu poderia ser, ainda,
eu não sou quem eu deveria ser. Mas graças a Deus
eu não sou mais quem eu era!

- Quando eu uso uma palavra - disse Humpty Dumpty num tom escarninho - ela significa exatamente aquilo que eu quero que signifique ... nem mais nem menos.
- A questão - ponderou Alice – é saber se o senhor pode fazer as palavras dizerem coisas diferentes.
- A questão - replicou Humpty Dumpty – é saber quem é que manda. É só isso.

Alice no país das maravilhas Lewis Carroll
CARROLL, L., Alice no País das Maravilhas, 1865

Alguém me perguntou se eu conhecia você. Um milhão de memórias passaram pela minha mente e eu sussurrei: não mais...

Sou eu, eu mesmo, tal qual resultei de tudo,
Espécie de acessório ou sobressalente próprio,
Arredores irregulares da minha emoção sincera,
Sou eu aqui em mim, sou eu.
Quanto fui, quanto não fui, tudo isso sou.
Quanto quis, quanto não quis, tudo isso me forma.
Quanto amei ou deixei de amar é a mesma saudade em mim.
E, ao mesmo tempo, a impressão, um pouco inconseqüente,
Como de um sonho formado sobre realidades mistas,
De me ter deixado, a mim, num banco de carro elétrico,
Para ser encontrado pelo acaso de quem se lhe ir sentar em cima.
E, ao mesmo tempo, a impressão, um pouco longínqua,
Como de um sonho que se quer lembrar na penumbra a que se acorda,
De haver melhor em mim do que eu.
Sim, ao mesmo tempo, a impressão, um pouco dolorosa,
Como de um acordar sem sonhos para um dia de muitos credores,
De haver falhado tudo como tropeçar no capacho,
De haver embrulhado tudo como a mala sem as escovas,
De haver substituído qualquer coisa a mim algures na vida.
Baste! É a impressão um tanto ou quanto metafísica,
Como o sol pela última vez sobre a janela da casa a abandonar,
De que mais vale ser criança que querer compreender o mundo —
A impressão de pão com manteiga e brinquedos
De um grande sossego sem Jardins de Prosérpina,
De uma boa-vontade para com a vida encostada de testa à janela,
Num ver chover com som lá fora
E não as lágrimas mortas de custar a engolir.
Baste, sim baste! Sou eu mesmo, o trocado,
O emissário sem carta nem credenciais,
O palhaço sem riso, o bobo com o grande fato de outro,
A quem tinem as campainhas da cabeça
Como chocalhos pequenos de uma servidão em cima.
Sou eu mesmo, a charada sincopada
Que ninguém da roda decifra nos serões de província.
Sou eu mesmo, que remédio! ...

Álvaro de Campos
PESSOA, F. Poesias de Álvaro de Campos. Lisboa: Ática. 1944 (imp. 1993). p. 49

Eu antes era uma mulher que sabia distinguir as coisas quando as via. Mas agora cometi o erro grave de pensar.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Eu gosto de estar bem vestida ou inteiramente despida. Não me preocupo com o meio termo.

Eu estou em paz. Me dei conta de que não sou eu quem sai perdendo nessa história. Ponto pra mim. Rumo ao zero absoluto. Zerar todo e qualquer sentimento. Me esvaziar para encher de novo depois, com sentimentos fresquinhos como a primavera.

E eu me pergunto se viver não será essa espécie de ciranda de sentimentos que se sucedem e se sucedem e deixam sempre sede no fim.

Gosto da noite imensa,
triste,preta,como esta estranha borboleta
Que eu sinto sempre a voltejar em mim!...

Eu ouço música
como quem apanha chuva:
resignado
e triste
de saber que existe um mundo
do Outro Mundo...
Eu ouço música como
quem está morto
e sente
já um profundo
desconforto
de me verem
ainda neste mundo de cá...
Perdoai,
maestros,
meu estranho ar!
Eu ouço música
como um anjo doente
que não pode voar.

Mario Quintana
Apontamentos de História Sobrenatural. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.

O homem que eu amo tem um lindo sorriso
É tudo que eu preciso para minha alegria
O homem que eu amo tem nos olhos a calma
Ilumina minha alma, é o sol do meu dia

Tem a luz das estrelas e a beleza da flor
Ele é minha vida, ele é o meu amor

Seu amor é para mim o que há de mais lindo
Se ele está sorrindo eu sorrio também
Tudo nele é bonito, tudo nele é verdade
E com ele eu acredito na felicidade

O homem que eu amo é o ar que eu respiro
E nele eu me inspiro para falar de amor
Quando vem para mim é suave como a brisa
E o chão que ele pisa se enche de flor

O homem que eu amo enfeita minha vida
Meus sonhos realiza, me faz tanto bem.

Se é certo que um Deus fez este mundo, não queria eu ser esse Deus: as dores do mundo dilacerariam meu coração.

Arthur Schopenhauer
SCHOPENHAEUR, A., A Vontade de Amar, Humus



Desde a infância eu tenho sido
Diferente d'outros – tenho visto
D'outro modo – minhas paixões
Tinham uma outra fonte e
Minhas mágoas outra origem -
No mesmo tom não despertava
O meu coração para a alegria -
O que amei – eu amei só.
Então – na infância – a aurora
Da vida atormentada – estava
Em cada nicho de bem e mal
O mistério que me prendia -
Da correnteza, da fonte -
Da escarpas rubras do monte -
Do sol que me rodeava
Em pleno outono dourado -
Do relâmpago nos céus
Quando sobre mim passava -
Do trovão, da tormenta -
E a nuvem tem a forma
(Quando o resto do céu é azul)
D'um demônio aos meus olhos.

Edgar Allan Poe

Nota: Tradução do poema "Alone".

Eu estava deitado na cama a noite e disse: “Eu vou desistir, pro inferno com isso!”. E outra voz em mim dizia: “Não desista! Salve uma pequena brasa, uma faísca. E nunca dê essa faísca, pois enquanto você a tiver, sempre poderá começar uma chama maior.

Às vezes eu acho que alugar uma apartamento cheio de posteres de cinema, almofadas coloridas e festinhas com amigos bacanas e músicas boas resolveria o meu problema. Me entupiria do meu mundo a ponto de eu parar de sentir falta de mim.

Eu treinei viver sem você. De tanto treinar me acostumei.