Deus Escreve Certo por Linhas Certas

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Um bom conselho a tempo e em certas conjecturas é um benefício precioso.

Hospitalidade: virtude que nos obriga a alimentarmos e alojarmos certas pessoas que não precisam de alimentos nem de alojamento.

Escrever e ler são formas de fazer amor. O escritor não escreve com intenções didático-pedagógicas. Ele escreve para produzir prazer. Para fazer amor. Escrever e ler são formas de fazer amor. É por isso que os amores pobres em literatura ou são de vida curta ou são de vida longa e tediosa.

Amo vocês como quem escreve para uma ficção: sem conseguir dizer nem mostrar isso. O que sobra é o áspero do gesto, a secura da palavra. Por trás disso, há muito amor.

Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações...

Fernando Pessoa
Álvaro de Campos (heterônimo de Fernando Pessoa), in "Poesias". 15-1-1928.

Tanto amor querendo fazer alguém feliz. Tanto amor querendo escrever uma história, mas só escrevendo este texto amargurado

Ninguém escreve para si mesmo, a não ser um monstro de orgulho. A gente escreve pra ser amado, pra atrair, encantar, etc.

Mário de Andrade

Nota: Em carta a Manuel Bandeira

"Pior do que uma mulher que fala
o que pensa é uma mulher que escreve."

Certeza

Se é real a luz branca
desta lâmpada, real
a mão que escreve, são reais
os olhos que olham o escrito?

Duma palavra à outra
o que digo desvanece-se.
Sei que estou vivo
entre dois parênteses.

Um livro onde qualquer um escreve torna-se um livro sem credibilidade

Do que os homens têm tanto medo?
Pior do que uma mulher que fala o que pensa é uma que escreve...

Quando eu tinha vinte, vinte e dois anos, choviam homens querendo namorar comigo. Eu era uma menininha perdida, com um Corsinha todo batido, semi-virgem e com medo de ir para a praia aos finais de semana e deixar minha mãe sozinha. Choviam homens. E homens interessantes, juro.
Aí agora, com quase trinta, moro sozinha, ganho bem, me tornei loira, aprendi a fazer coisas legais como torta de palmito e striptease e... nada. Os caras até se apaixonam por mim, se declaram, coisa e tal, mas nada de me levarem ao cinema de mãos dadas. Eu, meu guarda roupas fashion, meus livros publicados e meu ap moderno, vivemos sozinhos.
Que é que eu tinha com vinte anos que eu não tenho mais? Não, não era um corpo melhor. Juro que eu to melhor agora, que tenho como pagar o Paulão, meu personal. Também melhorei de cabelo, de pele, de sorriso, de voz. Meus amigos mais antigos tão aí pra confirmar, sempre que me encontram, comentam: “nossa Tati, como você ficou melhorzinha com os anos!” Então qual é o problema?
Será que me falta aquela pureza que eu tinha com vinte anos? Poxa, mas eu não era exatamente pura, eu era só bobinha. Daquele tipo mala que espera chegar ao motel pra falar pro cara “sabe que é? Não to a fim não”. Que homem gosta disso? Hoje em dia se não to a fim não dou nem bom dia.
Será que os homens sentem falta de quando eu era estagiária, com a mesadinha suada da mamãe? Pode ser. Homem é meio tosco e sempre se sente mais seguro com uma menina aprendendo o que é a vida. É mais fácil ser o rei do sexo com uma inexperiente, ou ser o rei do bom gosto gastronômico com uma garota que paga o mcdonalds com ticket restaurante. É, eu exigia e assustava menos naquela época. Mas será que é só isso mesmo? Descobri que não.
Passei os últimos meses encarando todo e qualquer relacionamento como estudo antropológico e desvendei o grande mistério da minha solidão: os caras têm medo, na verdade, das minhas letrinhas. Dá pra acreditar?
Eles acham que se não forem bons o suficiente na arte do acasalamento, no dia seguinte vai ter um texto meu com o titulo “tudo o que é bom dura pouco, mas dois segundos não é rápido demais?”. Eles acham que se não forem inteligentes o suficiente durante o jantar, no dia seguinte não vão escapar à minha crítica “o que sobra dentro da calça falta dentro do cérebro”.
Já teve cara que me pediu “se você for me largar, promete que me conta antes de publicar? Não queria ficar sabendo pela Internet!” E teve também, claro, o clássico: “putz, gata, você já foi logo escrevendo que adorou a noite de ontem, que está apaixonada...ficou muito fácil, perdeu a graça”.
Tem de tudo. Do cara que não sustenta namorar uma mulher que não só tem passado (existe alguém com 28 anos que não tenha passado?) como resolveu escrever um livro sobre ele, ao cara que fala “tanto texto bonito para outros caras e nenhunzinho pra mim? Não quero mais sair com você!”.
Outro dia ouvi de um cara que tava me paquerando “não, não vou comprar seu livro, vai perder o mistério”!
É isso então. É aí que está o problema. Eu escrevo sobre a minha vida e isso causa nos machos um misto de medo “será que ela vai me expor?” com um misto de quebra de magia “ah, ela se expõe demais ali, prefiro aquela mulher muda e sem personalidade que sempre vai ser um mistério para mim”.
Entrei numa baita crise. Tirei meu site do ar e tudo. Repensei a vida, repensei a morte da bezerra, aumentei a terapia, voltei pra meditação. Mas depois cheguei a uma conclusão maravilhosa e definitiva: nenhum homem, até hoje, me deu mais prazer do que escrever. Então que se danem eles.

"Nem esta obra, nem as que se lhe seguirão têm nada que ver com quem as escreve. Ele nem concorda com o que nelas vai escrito, nem discorda. Como se lhe fosse ditado, escreve; e, como se lhe fosse ditado por quem fosse amigo, e portanto com razão lhe pedisse para que escrevesse o que ditava, achava interessante - porventura só por amizade - o que, ditado, vai escrevendo"

Amo vocês como quem escreve para uma ficção: sem conseguir dizer nem mostrar isso. O que sobra é o áspero do gesto, a secura da palavra. Por trás disso, há muito amor. Amor louco – todas as pessoas são loucas, inclusive nós; amor encabulado – nós, da fronteira com a Argentina, somos especialmente encabulados. Mas amor de verdade. Perdoem o silêncio, o sono, a rispidez, a solidão. Está ficando tarde, e eu tenho medo de ter desaprendido o jeito. É muito difícil ficar adulto.

Gostar é começar o inferno tudo de novo. Mas ela, quem diria, escreve lá no texto que topa. Topa começar tudo de novo.

Ele é cheio de garotas e pela primeira vez na vida sorri ao pensar isso. Tá certo ele. Bonitão, rico, engraçado e safado. Que mulher não se apaixona por ele?
Eu. Eu não me apaixono mais por ele. O que significa que agora podemos nos relacionar. O que significa que agora, posso ficar tranquilamente ao lado dele sem odiar meu cabelo e minha bunda e minha loucura. E posso vê-lo literalmente duas vezes ao ano, sem achar que duas vezes na semana são duas vezes ao ano. E posso vê-lo ir embora, sem me desmanchar ou querer abraçar meu porteiro e chorar. Consigo até dar tchauzinho do portão. Tchau, vou comer um pedaço de torta de nozes e assoviar. Tchau, querido mais um ser humano do planeta.



É cansativo viver sem vírgulas porque eu respiro a sua existência 24 horas por dia, e só coloco vírgulas teatrais para você não enjoar de mim.
Te amar não é fácil, é quase o anti-amor. É muito quase como se você nem existisse, porque só o homem perfeito mereceria tanto sentimento. E eu te anulo o tempo todo dizendo para mim, repetindo para mim, o quanto você falha, o quanto você fraqueja, o quanto você se engana.
E fazendo isso, eu só consigo te amar mais ainda. Porque você enterrou meu sonho aprisionado pela perfeição e me libertou para vivê-lo.
E a gente vai por aí, se completando assim meio torto mesmo. E Deus escrevendo certo pelas nossas linhas que se não fossem tão tortas, não teriam se cruzado.

Tati Bernardi

Nota: A autoria da primeira parte não está confirmada. A segunda parte é um trecho da crônica "Linha cruzada": Link

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É Deus escrevendo certo pelas nossas linhas que, se não fossem tão tortas, não teriam se cruzado.

Menina, é tão injusto tu deixar de fazer as coisas por estar preocupada com que os outros vão pensar de ti. Aqui vai um aviso: o pulmão, o coração, o cérebro e tudo o que pode ser denominado de ‘corpo’ é teu. Creio que você terá um lucro maior se fizer o que quiser agora do que chegar aos 80 e se arrepender quando já não tiver mais tempo nem solução pra nada.

Nem tudo o que dá certo é certo.

Deus escreve certo por linhas certas, torto é quem não sabe interpretar!

"Quando não se tem interesse algum, você sempre acaba ganhando."

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