Depoimentos Saudades do Passado
Soneto 30
Quando à corte silente do pensar
Eu convoco as lembranças do passado,
Suspiro pelo que ontem fui buscar,
Chorando o tempo já desperdiçado,
Afogo olhar em lágrima, tão rara,
Por amigos que a morte anoiteceu;
Pranteio dor que o amor já superara,
Deplorando o que desapareceu.
Posso então lastimar o erro esquecido,
E de tais penas recontar as sagas,
Chorando o já chorado e já sofrido,
Tornando a pagar contas todas pagas.
Mas, amigo, se em ti penso um momento,
Vão-se as perdas e acaba o sofrimento.
Lembro-me do passado, não com melancolia ou saudade, mas com a sabedoria da maturidade que me faz projetar no presente aquilo que, sendo belo, não se perdeu.
Se queres conhecer o passado, examina o presente que é o resultado; se queres conhecer o futuro, examina o presente que é a causa.
Aqueles que não conseguem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo.
Nota: Adaptação de um trecho de George Santayana.
Nós vivemos a temer o futuro, mas é o passado que nos atropela e mata.
Afinal, se coisas boas se vão é para que coisas melhores possam vir. Esqueça o passado, desapego é o segredo!
Passado
Antes o voo da ave, que passa e não deixa rasto,
Que a passagem do animal, que fica lembrada no chão.
A ave passa e esquece, e assim deve ser.
O animal, onde já não está e por isso de nada serve,
Mostra que já esteve, o que não serve para nada.
A recordação é uma traição à Natureza,
Porque a natureza de ontem não é Natureza.
O que foi não é nada, e lembrar é não ver.
Passa, ave, passa, e ensina-me a passar!
(...) Todo sentimento precisa de um passado para existir
O amor não, ele cria como por encanto um passado que nos cerca
Ele nos dá a consciência de havermos vivido anos a fio
Com alguém que há pouco era quase um estranho
Ele supre a falta de lembranças por uma espécie de mágica...
A música cria para nós um passado que ignorávamos e desperta em nós tristezas que tinham sido dissimuladas às nossas lágrimas.
Não é possivel destruir o passado para reconstruir o presente, mas é possível reconstruir o presente para reescrever o passado.
Quem controla o passado, controla o futuro. Quem controla o presente, controla o passado.
Superar é preciso. Seguir em frente é essencial. Olhar para trás é perda de tempo. Passado se fosse bom era presente.
Escolher o dia. Apreciá-lo ao máximo. O dia como ele vem. As pessoas como elas vêm. O passado, eu acho, me ajudou a apreciar o presente, e eu não quero estragar nada disso por idealizar um futuro.
O amor tem uma consciência louca do futuro, de fazer passado com o futuro. A paixão vive fora do tempo. O amor vive no tempo porque deixa rastros. Paixão se esquece, e amor nem enterrando acaba.
Aqueles que não aprendem com o passado estão condenados a repeti-lo.
Nota: Trecho de "The Dark Tower VII: The Dark Tower", adaptado de outro trecho de George Santayana.
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