Depoimento De Mae Ausente

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Subversiva

A poesia
Quando chega
Não respeita nada.

Nem pai nem mãe.
Quando ela chega
De qualquer de seus abismos

Desconhece o Estado e a Sociedade Civil
Infringe o Código de Águas
Relincha

Como puta
Nova
Em frente ao Palácio da Alvorada.

E só depois
Reconsidera: beija
Nos olhos os que ganham mal
Embala no colo
Os que têm sede de felicidade
E de justiça.

E promete incendiar o país.

Ensinamento

Minha mãe achava estudo a coisa mais fina do mundo. Não é.
A coisa mais fina do mundo é o sentimento.
Aquele dia de noite, o pai fazendo serão, ela falou comigo:
“Coitado, até essa hora no serviço pesado”.
Arrumou pão e café, deixou tacho no fogo com água quente.
Não me falou em amor. Essa palavra de luxo.

Prefiro ser filha do mistério,
do que ficar a vida inteira brigando pra ser mãe dele.

Querida mãe, querido pai, não sei mais conviver com as pessoas. Estou me transformando aos poucos num ser humano meio viciado em solidão. Não sei mais falar, abraçar, dar beijos, dizer coisas aparentemente simples como “eu gosto de você”.

Eu sou meio ciumenta, bem chata, quero ser mãe e acredito no amor da minha vida. Acredito no amor pra sempre.

Mais um domingo que você me liga. Igual faz a uns quatro ou cinco anos. Você beija a sua mãe depois do churrasco, dá um oi carinhoso e finalmente pensa sem culpa na sua ex, cheira sua camiseta pra ver se a coisa tá muito feia e descobre que sua vida está prestes a ficar vazia: chegou a hora de me ligar.
Você não sabe ao certo o que vê em mim, mas também não sabe ao certo o que não vê. Você sabe que pode ter uma mulher mais gostosa do que eu, mas por alguma razão prefere a gostosa garantida, aquela que ainda ri das suas piadas. Mesmo sendo as mesmas piadas há quatro ou cinco anos.
Aí você me liga, com aquele ar descompromissado e meigo de quem só quer ir no cinema com uma velha amiga. Eu não faço a menor idéia do que vejo em você, mas também não faço idéia do que não vejo. Eu posso ter um cara mais gostoso, como de fato já tive milhares de vezes. Mas por alguma razão prefiro suas piadas velhas e seu jeito homem de ser. Você é um idiota, uma criança, um bobo alegre, um deslumbrado, um chato. Mas você é homem. E talvez seja só por isso que eu ainda te aguente: você pode ter todos os defeitos do mundo, mais ainda é melhor do que o resto do mundo.
Aí a gente, sem saber ao certo o que está fazendo ali, mas sem lugar melhor para estar, acaba pulando o cinema que nunca existiu e indo direto ao assunto. O mesmo assunto de quatro ou cinco anos que, assim como as suas piadas, nunca cansam ou enjoam.
E aí acontece um fenômeno muito estranho comigo. Mesmo quando não é bom, mesmo quando cansado e egoísta você não espera por mim e vira pro lado pra dormir ou pra voltar à sua bolha egocêntrica de tudo o que é seu, eu sempre me apaixono por você. Todas as vezes que te vi, nesses últimos quatro ou cinco anos, eu sempre me apaixonei por você. Eu sempre estive pronta pra começar algo, pra tomar um café de verdade, pra passear de mãos dadas no claro, pra poder te apresentar ao sol sem receber mensagens de gente louca ou olhares curiosos, pra escutar uma piada nova. E você sempre ignorou esse fato, seguindo seu caminho que sempre é interrompido pelo vazio da sua camiseta fedendo a churrasco. Eu nunca vou entender. Eu nunca vou saber porque a vida é assim. Eu nunca vou entender porque a gente continua voltando pra casa querendo ser de alguém, ainda que a gente esteja um ao lado do outro. Eu nunca vou entender porque você é exatamente o que eu quero, eu sou exatamente o que você quer, mas as nossas exatidões não funcionam numa conta de mais.
Eu só sei que agora eu vou tomar um banho, vou esfregar a bucha o mais forte possível na minha pele e vou me dizer pela milésima vez que essa foi a última vez que vou ficar sem entender nada. Mas aí, daqui uns dias, igual faz há uns cinco ou seis anos, você vai me ligar. Querendo pegar aquele cineminha, querendo me esconder como sempre, querendo me amar só enquanto você pode vulgarizar esse amor. Me querendo no escuro. E eu vou topar. Não porque seja uma idiota, não me dê valor ou não tenha nada melhor pra fazer. Apenas porque você me lembra o mistério da vida. Simplesmente porque é assim que a gente faz com a nossa própria existência: não entendemos nada, mas continuamos insistindo. “

Não consigo imaginar nada mais brutal do que dizer para um filho: “Tua mãe não te ama”. O mesmo vale para mães que dizem isso aos filhos a respeito dos pais. Quem faz essa covardia com uma criança é quem verdadeiramente não a quer bem. Usar o sentimento de inocentes a fim de atingir um cônjuge que passamos a odiar é de uma agressividade tão letal quanto uma injeção no pescoço, tão dolorido quanto um soco de um brutamontes.

Nem todos que agem assim o fazem por maldade. Muitos o fazem por ignorância. Mas até ignorantes deveriam possuir alguma sensibilidade para entender que uma criança necessita de segurança emocional e não de ser envolvida nas brigas de um casal que um dia resolveu se unir, e que mais adiante resolveu se separar. Casamento não precisa ser para sempre, mas a responsabilidade parental, sim.

Crianças não conseguem processar direito o que vivenciam. Assumem culpas que não possuem, fantasiam abandonos, se responsabilizam pela infelicidade dos pais, e pior do que tudo, se sentem desprotegidas em um lar briguento. Crescem e se tornam homens e mulheres paranoicos, inseguros, acovardados diante da vida.

É uma tecla insistentemente batida, mas pouco escutada: criança precisa ser amada. Não precisa de um iPhone aos nove anos, não precisa ir a Disney antes de ser alfabetizada, não precisa de um guarda-roupa de estrela de cinema. Precisa ser amada. Sai de graça. Só custa caro quando é educada por duas criaturas mais infantis do que ela.

E ao me sentir ausente
Me busque novamente - e se deixes a dormir
Quando, pacificado, eu tiver de partir.

A Um Ausente
Tenho razão de sentir saudade
tenho razão de te recusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Embora ausente, Aquiles estava sempre presente.

Ausente o encanto antes cultivado, percebo o mecanismo indiferente, que teima em resgatar sem confiança a essência do delito então sagrado.

Quando sou boa, sou muito boa, mas quando sou má, sou melhor ainda.

Mae West
Filme "Santa Não Sou", 1933

Entre dois males, escolho sempre aquele que nunca experimentei.

Mae West
Filme "Klondike Annie", 1936

Não há boas meninas que deram errado – apenas meninas más que foram descobertas.

Ama teu próximo. E, se ele for alto, charmoso e bonitão, vai ser muito mais fácil.

Errar é humano, mas faz você se sentir divino.

Mae West

Nota: citada em "Cash in!: funding and promoting the arts", Alvin H. Reiss - Theatre Communications Group, 1986

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Anjo Amigo!
Neste depoimento procuro demonstrar meu carinho,
minha ternura e minha amizade!
És mesmo uma pessoa especial e é por isso
que me sinto especialmente privilegiada em
desfrutar da tua amizade, do teu carinho e da tua preseça marcante!
Desejo a você Sol o suficiente para iluminar seus caminhos!
Desejo a você chuva o suficiente para
que possas apreciar mais o Sol!
Desejo a você felicidade o suficiente
para que mantenhas o teu espírito alegre forte,
“Que teu caminhar seja firme
para que possas fazer de teus sonhos
algo real e palpáve e para que possasl
seguir confiante em busca de teus ideais!
Agradeço a DEUS por você existir e fazer
parte da minha vida!
Que os Anjos te Protejam sempre e que
"DEUS" abençõe sempre sua vida!
Meu eterno carinho a Você viu?
Saiba que te adoro de coração!
Sua sempre Amiga:

Depoimento de um LGBT - Direitos Iguais

Todos dizem apoiar nossa causa
Mas ainda sim, a cada dez minutos um de nós é morto
Querem me matar por ser homem e usar saia
E onde fica aquele papo de "eu sou livre", "eu escolho"

Não precisamos da "aceitação" de povo
Nós só queremos as mesmas igualdades sociais
Pois vivemos negando quem somos
Por medo de homofóbicos, preconceituosos e até policiais

Concluo que eu não preciso ser "aceito"
O que eu preciso é de compaixão e respeito
Pois só assim poderei viver em paz
Em um mundo onde reina o ódio e preconceito.

Depoimento de um garoto:

Certo, eu nunca fui um cara perfeito, e pelo meu ponto de vista eu cometi bastante erros. E toda vez que eu perguntava: Amor, você está bem? Ela me respondia: sim amor, estou. Mas eu não entendia o por que ela sempre abaixava a cabeça para responder isso. Quando saíamos, ela vivia olhando pro nada, distraída e muito pensativa. E quando estava perto de mim, olhava no mais profundo dos meus olhos. Nenhuma garota sentiu por mim, o que ela sentiu. Ela me enchergava com outros olhos, ela sempre queria cuidar de mim. E eu a achava quase insuportável pelos seus ciúmes chatos, e quando ela pegava no meu pé então. E o nome disso era Cuidado! O tempo foi passando, e era como se ela estivesse cada vez mais distante. E foi aí que eu comecei a me ligar nela, claro, foi aí que eu fui percebendo que isso chegava a doer em mim. As coisas começaram a mudar de um jeito tão rapido, e impossivel de parar. E eu me perguntava o que tinha havido com ela, o motivo da estranhesa dela dos ultimos meses … E eu simplesmente não conseguia enxergar. Aos poucos ela foi deixando de me procurar, me desesperei … fiquei louco cara. Então meus dias foram dedicados a uma única coisa, faze-la feliz. E em um dia como os outros, eu liguei o computador e ela não estava online, achei estranho por que no final da tarde ela sempre estava ali me esperando entrar. Procurei seu orkut, e simplesmente não estava mais lá. Tinha sumido, de algum modo tinha sumido. E eu tentei ligar pra ela, chamava chamava e ela não atendia (…) E me deu tristeza, me deu raiva, revoltada. Somente por ela ter sumido assim, por não me procurar, por não me avisar. Deixei meu orgulho falar mais alto e resolvi que não iria correr atras dela. E todo dia eu me sentia como se tivesse morrido uma parte de mim. Eu ia todos os dias aos lugares que costumavamos ir juntos, e ela não saia da minha cabeça. E o que mais doia em mim, era ver que ela não estava lá, segurando a minha mão, com aquela alegria de quem conhece um amor, sussurrando no meu ouvido o quanto me ama. Eu nunca mais a vi, e eu perguntei pra sua amiga: Ela está bem? e sua amiga respondeu: Você a conhece, eu acho. Eu passei a pensar em como eu deixava ela sozinha, que eu podia ter ligado mais, ter reclamado menos e ter exigido menos dela. Porque hoje, pouco, nem que fosse um pouquinho só dela aqui, me faria o cara mais feliz desse mundo. E no nosso mural em meu quarto eu escrevi: Se me amava, por que partiu? Tantas noites de insônia, tanta solidão. E eu lembro como se fosse ontem, ela em meus braços me pedindo pra eu aperta-la com força. Minha vida virou em torno disso, e tive que me acostumar. Seguir em frente, é o que fazemos mesmo quando não temos forças. Ninguém sabe o quanto isso doía em mim. Em uma noite escura, fui à praia, onde ela mais gostava de ficar, e lembrei o quanto aquela garota importava pra mim. Quando cheguei em casa, minha mãe me olhou e abaixou a cabeça. Entrei em meu quarto e lá estava escrito no meu mural, abaixo da pergunta que eu fiz: Eu também precisava saber que você me amava. Pensei que você lutaria por mim. Cara, como eu pude ser tão idiota? Por que eu não fui atrás dela. Isso foi o pior! Até que um amigo me mandou um link que tinha o nome dela. Cliquei ancioso, e era o seu tumblr. Eu sempre soube que ela tinha um, mas eu nunca me importei em ler. E quando eu comecei a ler pagina por pagina, lagrimas correram em meu rosto. Se eu ao menos tivesse prestado atenção em cada detalhe antes, eu não teria feito ela se sentir tão mal. Se ao menos eu tivesse lido como ela se sentia … Cada declaração, cada texto que ela dedicava a mim, e tudo o que ela tinha escrevido ali hoje fazia algum sentido, e eu passei a entender. E nada que eu pudesse fazer, iria fazer as coisas melhorarem. E hoje eu vi, eu a perdi.

Minha mãe foi tão maravilhosa na minha educação que nem consigo criticar meu pai ausente.