Dedicatoria para uma Filha na Bencao das Fitas
VOZ DO VENTO
Uma agonia! a voz do vento que murmura
No cerrado, sussurrando aquela saudade
De outrora, em uma sensação pela metade
Sobra de um sonho, esquecido numa jura
E o vento no terreiro vai pela noite escura
Gemendo entre os galhos tortos em riste
A melancolia n’alma e no coração insiste
Expondo ao verso um versar com tristura
Vai e vem, bafeja, suspira, queixa, farfalha
Um vendaval choroso, cortante tal navalha
Revivendo aquele amor perdido. Um talvez
Ah vento! Quanto falta, ah! quanta solidão
Que sinto no peito, que se vai na vastidão
Ermo, dos mimos ameigados a minha tez...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
19 março, 2022, 14’21” – Araguari, MG
girassol
girassol, gira
pira, mira, vira
num carrossel pro sol
e se curva em mesura
em uma beleza pura
para o arrebol...
gira, girassol!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
21, abril, 2022, 15’03” – Araguari, MG
ABANDONO
Talvez, tudo, já ti tenhas esquecido
A saudade já não é mais frondosa
Em uma parte do passado, a rosa
E os ternos suspiros já sem sentido
Perdeu-se aquela forma carinhosa
Pois, agora, um vazio enternecido
Aquele palavreado a nós divertido
Se calou, o que já foi a boa prosa
Do olhar, apenas, breve recordar
Da rizada, dos gracejos, um dia
Cá na ilusão, o apesar, contudo
Só, errante, a poesia a murmurar
Sob o céu do cerrado, penosa via
Passado, deves ter esquecido tudo!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30 de abril, 2022, 11’38” – Araguari, MG
A VELHA RUA
Passou o tempo, ligeiro, distante
e a lembrança ainda uma guria
guardou aonde brinquei bastante
aquela velha rua... terna poesia!
Então, encanecido e inquietante
saudoso quis revê-la. Tão vazia
suas calçadas. Estreito instante
velhos momentos, velha alegria
Achei, por ali, tudo tão desigual
outrora garrida, agora com danos
avelhada, cansada, quase casual
Casas idosas, calçamento mordaz
iguais a mim, se foram os anos
e a velha rua, por fim, contumaz!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
08 de maio, 2022, 16’34” – Araguari, MG
PRELÚDIO
Estes versos que faço estão dispersos
Em uma saudade que me faz perdido
Tal um bardo com versos sem sentido
De sentimentos duramente perversos
E a intensidade de afeto encandecido
No olhar, agora, vazios, e tão reversos
No acaso vil, fadados a findar imersos
No silêncio... de um poetizar repartido
Versos sem poética, sem a singeleza
De um toque, do cheiro, e da certeza
Do ter mais. Um prelúdio enfadonho!
Falte tudo ao aconchego, a inspiração
Mas, me reste a sensação da emoção
Da paixão na poesia, cheia de sonho!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
23 de maio, 2022, 04’39” – Araguari, MG
PROSA DE AMOR
O amor é uma linda inspiração torrente
Poético, doce quimera, sedução inteira
Que um dia se encontra tão de repente
No vínculo, no olhar, na afeição fagueira
Para uns ele é de maneira surpreendente
Brando, de agrado, uma paixão primeira
Outros, porém, de sua vida lhe é ausente
Cativo duma solidão. Nem eira nem beira
E o tempo andeja, seja. E acaso, quando
O toque, o cheiro, assim, tão enamorado
Basta, então, sensações vai provocando
Ah! o amor, emoção na vereda percorrida
Aquele sentido, um sentimento ao lado...
É sempre a suave poesia em nossa vida!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
09 junho de 2022, 17’17” - Araguari, MG
VERSOS A MAIS...
Como é cruel uma poesia sem ser amada
E tão vazia e tão cheia de nada, rarefeita
Com as rimas de dores e tão desfigurada
Com sua prosa mal traçada e insatisfeita
É sempre trágica e sem nem um sorriso
E teus versos são iluminados por círios
Da desilusão, mentido estar no paraíso
Se nas entrelinhas truculentos martírios
Ah! tudo tão desgastante está história
Quando não tem no amor a sua glória
E aquela paixão não há nos reais ideais
Na prosa os versos de poética adunca
Que sem o amor e de um amor nunca
Sentiram sensação, são só versos a mais!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
Junho 20, 2022, 06’45” – Araguari, MG
A POESIA É UMA PROSA
Mas como não entreter se a poesia é prosa
Um momento singular, feito duma quimera
Da flutuação e uma imaginação em espera
Ora triste, ora contente... mas harmoniosa!
Assim, cada verso, naquela direção airosa
Cheio de cheiro, do colorido da primavera
Que o encanto de um bardo nos assevera
E, sempre duma existência, a rima jeitosa
Ah poeta! Da poesia um criado e senhor
Num só sonho de inspiração a compor:
Desencavando a sensação inteiramente
Palavras da entranha que alegram o triste
Ou que entristecem a alegria, mas insiste:
Naquela emoção que prosa à toda a gente.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
05 julho, 2022, 16’14” – Araguari, MG
PAINEL
Matinada. O raiar na sua romaria
Do alvor, agradável e tão disposto
Verseja em uma encantada poesia
No marco da invernada de agosto
E, as flores em sua principiante via
Da primavera, dum belo composto
Curvado pelos bafejos da ventania
Num balé, vibrante e predisposto...
Lantejoilando o olhar, a borboleta
Que aformoseai os versos do poeta
Versos, estes, de cor, vida, do viver
Um painel, poético, leve, mimoso
Criando um versar tão primoroso
Pintando, no cerrado, o amanhecer!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
31, julho de 2022, 06’23’ – Araguari, MG
TANTO MAIS
Queixo-me da redação de uma distinta prosa
Com mimos, amor, daquilo tudo que agrega
Uma sensação envolta naquela ofertada rosa
Suspiros, a quem o destino liberal nada nega
Assim, um versar, da ânsia que não sossega
Em torno do ideal, que esplende, da viçosa
Forma, dos sonhos que a ventura nos lega
Ah! irreal poeta! Quanta reticência fabulosa!
Então, dá-me iluminação divina, ó imaginação
Aquele cântico sussurrado do poético coração
E não apenas os versos habituais e tão iguais
Dá-me a consolação da beleza, dá-me ovação
Ver fulgir na inspiração sentimento e emoção
Com de vida, sentidos, prazer e tanto mais...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
2 agosto, 2022, 06’30’ – Araguari, MG
UMA MANEIRA
A cada prosa de uma nova poesia
A doce poética se revigora vigente
Enche a profunda obra de quantia
Onde cada sensação nunca mente
É muito bom a gente ter cadência
Sussurros da imaginação, a sonhar
Naqueles versos cheios de essência
Pois, serão ao poeta o valioso lugar
Amar, e amar, o inevitável segredo
Da trova que quer a afeição suspirar
Versado com a variedade sem medo
Um enredo, um sentido, uma maneira
Pra acelerar a emoção e fazer delirar
Senão, estás a perder a prosa inteira...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
20 de agosto, 2022, 21’20” – Araguari, MG
TRAGO
Trago a prosa na alma, inteiramente
Como se fosse uma tocante sinfonia
Que me invade e do profundo irradia
Inspiração. Sou da poética pendente
Trago no âmago o lírico praticamente
Olhares, agrados e sensível harmonia
Em cada versejar o trovar com magia
Sou apaixonado, ao acaso indiferente
Trago o canto, na cadência, atraente
Sou instante, um todo, o total afago
Um Bardo cheio de emoção presente
Trago sensação, premissa dum amador
Para o meu contentamento, tudo trago
Menos a perfídia daquele amado amor
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
28 agosto, 2022, 21’07” – Araguari, MG
AUSÊNCIA, UMA
A folha em branco, uma ausência apossa
Do coração. Nada é leve, a emoção vazia
Sem calor, tão desamparada está a poesia
A noite adentra e uma prostração endossa
Letras amargas, cruas, vou até onde possa
Sentimento solto ao vento, de pouca valia
Que a própria poética no versejar desafia
Em um carecente que está solidão esboça
Fomentos que com um pouco se asilam
Se fazendo indolente, inusual e horrível
Como rabiscos fossem, assim, suspiram
Olho a folha em branco, atento, sensível
E das inquietas sensações, nada cintilam
Somente um volúvel sussurro inaudível...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
06 setembro, 2022, 22’42” – Araguari, MG
DA COXIA DA POESIA
Só quando os olhos cerro, sinto a poesia
Suspirando em uma prosa cheia de ilusão
Os tons marcantes duma doce imaginação
Perdidos nos sonhos, em uma poética via
Só quando cerro os olhos, vejo a fantasia
A tudo esqueço e sussurro com emoção
Pra não acordar aquela singular sensação
Onde é sentido, e não apenas o que seria
Só quando os olhos cerro, vejo o alheio
Amor, por entre o agrado e a sabedoria
Nada ou pouco quero se for sem anseio
Só quando cerro os olhos, que há quantia
N’alma, nos poemas, sem nenhum custeio
Tudo pegado de dentro da coxia da poesia
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
07 setembro, 2022, 17’12” – Araguari, MG
EM CURSO
Nosso fado é uma poesia inacabada
Uma sedução de pluralidade na vida
Rimas indefinidas e epopeia velada
Arrematada de chegada e de partida
Nos inspiramos a cada uma alvorada
Em cada poética há palavra incontida
Cheia de sentimento, contos de fada
Ou não, talvez, uma cadência ferida
É a narrativa do tempo num existir
A estória num sentido inteiramente
Mesmo que não saibamos, sentir...
E tudo é breve, prosápia, vai tendo
Quanto caso tem em uma saudade
Quanto drama em cada odes sendo
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
20 setembro, 2022, 15’17” – Araguari, MG
SEM CULPA
Na poesia se alivia o estado de pecador
Com os versos molhados em um pranto
De uma paixão, do ciúme, dum amargor
Completando a alma com prazer, tanto!
Tivesse a poética o afago, o dado amor
E tudo mais de um olhar, o seu encanto
Se fosse a prosa perfumada, com ardor
A sensação seria e não mais entretanto
No alívio no cântico, a arte e a fantasia
Que transborda em uma rítmica magia
De sentimento sem qualquer desculpa
Então, pulsa na poesia um lírico sonho
Imaginado... Com aquele valer risonho...
Doando ao poeta, calmaria sem culpa!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
29 setembro, 2022, 11’46” – Araguari, MG
SEM UMA PRESENÇA
Não tenho a quem recitar os meus versos
Dos devaneios, medos, do poetar de amor
Com emoção, sensação, de rumos diversos
Colocando sentido e sentimento ao dispor
No silêncio, sem um olhar pra permanecer
Logo, a solidão poeta e o poeta na solidão
Declama os seus versos para o amanhecer
Tentando poetizar a prosa sem interação
É triste a quem não ter os versos para ler
A cada momento o ledor sem comparecer
E no tormento a imensidão da indiferença
Então, o instante é de companhia distante
E o poema fingindo ser um acompanhante
Quando, a poesia é fira sem uma presença
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
04 outubro, 2022, 19’25” – Araguari, MG
POESIA DECAÍDA
Hoje, redijo uma poesia descaída
Onde minha poética a ti confessa
Os sentimentos de uma dor doída
E a agrura que tua falta expressa
Ah! solidão negra, que burla a vida
Corrói todo o pensamento, à beça
No silêncio, numa ausência sofrida
Do amor perdido e sem a remessa
A noite é longa, a emoção na proa
Brumas nos olhos, truncada pessoa
A sensação demora na monotonia
O que me pareceu o versar eterno
Que no peito pulsa ameno e terno
Hoje, na poesia, decaída, só agonia!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
05 outubro, 2022, 13’31” – Araguari, MG
CANTANDO EM VERSO A SAUDADE
Este vazio de uma poesia sem um feito
Essa lembrança poetando com espinho
É igual a uma aflição pinicando o peito
O que era a dois, depois, virou sozinho
E, os versos ardentes jazem no passado
Escrevendo a tal dor de uma despedida
A poética indigente... o poema cansado
E em cada ênfase uma emoção partida
É aperto em cada canto rimando a sina
Em compasso aflitivo que não termina
Sussurrante a uma ausência que brade
É uma linguagem suspirada da solidão
Da nostalgia, fria, do pesar do coração
Carecido, cantando em verso a saudade...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
07 outubro, 2022, 17’57” – Araguari, MG
O MANTO DA POESIA
Depois de uma poesia, outra poesia
Onde eu sei que criei porque é criado
Tendo a inspiração e o incito ao lado
Então, podendo ser real ou fantasia
Selvagem, nasce de ousada travessia
Infiltra-se-lhe um estímulo imaginado
E, assim, no recamo que o é decorado
Transcrevendo sentimento e a magia
E, traduz-se-me em um desejo liberto
Excarcerado pelas mãos. Ah! encantado
Toma fôlego, um significado e a direção...
Depois da poesia o entusiasmo certo
E, essa vitória se gloriaria tanto, tanto
Se no leitor despertar a devida emoção!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
21 outubro, 2022, 15’04” – Araguari, MG
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