Cuidando do meu Jardim

Cerca de 127617 frases e pensamentos: Cuidando do meu Jardim

MOCIDADE JAZ (soneto)

Mocidade em mim, em simpatia
A sua lembrança já é sem graça
Na arena, silêncio, pouca galeria
E já tão distante, saudade, lassa

Nesta morrinha, de lado a ideologia
Pois, acima ou abaixo, tudo passa
Apressadamente, serventia é ironia
Velhice, prudente palavra: desgraça

Nos licores de prazer, só mitologia
As perdas já fazem parte da vidraça
Do fado, e o entusiasmo na periferia

Porém, nem tudo é ledice sombria
Curtir a paisagem e brindar a taça
Do viver, dizer não, fazem a alegria

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO DE LUZ PÁLIDA

Pálida à luz da ofensiva tão sombria
Sobre a desfeita no peito reclinada
Como malícia na falta embalsamada
Grita lágrimas secas, ardidas e fria

No horizonte a luz poente desmaiada
Refletia o amor que na ilusão dormia
Era tal a ventura que ali se obstringia
Aflita, que pela afronta era embalada

Um desprezo que dia após outro dia
Me despia a alma, tão ferida e calada
Na dor se banhava e que nada alivia

Não gargalhe, ó cerrado, desta lufada
Se vim pela devoção, outras eu faria
Afeto, não tem distinção nem morada

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO DO AMOR AFETO

O afeto amor, nos faz revestido
Da jura mais atraente do fervor
Enche os dias de colorida cor
E o coração de olhar conhecido

Se dele se é um querer fingido
Aos seus apelos nenhum dispor
Culposos encantos no propor
E dor nos sonhos então parido

Pra não ter ilusão e ter sabor
Tenha poesia no doce sentido
E nas mãos uma ofertada flor

Mas, se não quiser ser querido
Jamais será dele um coautor
E de ti então, o amor, terá partido

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, março
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SAUDADES SECAS (soneto)

Saudades secas, no cerrado, banham
De lágrimas as lembranças já findas
E assim choram, tristonhas, e choram
Enxugando o soluço em sujas nerindas

Quando entardece as noites revindas
É hora de preces que os céus imploram
Oram de mãos postas, e ali tão pindas
Que tristuras secas, molhadas choram

Ao juntar estas secas dores na oração
Em vão as rezas murcham na emoção
E as saudades bebem fel na cacimba

São nostalgias que vivem de ilusão
Choram, oram, imploram recordação
Se quando no peito esquecer catimba

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

FIAR POÉTICO

E então, ó poema?
A inspiração indaga:
qual trilha, que dilema
se a intenção vaga...

Reage a página vazia
siga a tua saga
de vida
tristura e alegria
desprezo e amor

Pois, só assim
verso e reverso
o poema há de compor

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano
Aliceando, Alice Ruiz

Inserida por LucianoSpagnol

ASAS

O que o amor tem de ave
são asas do bem querer
voa intenso ou até suave
deriva do com quem haver

O seu voo agitado ou leve
são com as asas da emoção
podendo ser longo ou breve
depende do pouso no coração

Então, voa alto paixão!

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano
Paráfase Abel Silva

Inserida por LucianoSpagnol

Desde sempre você confiou suas frustrações, seus medos e desejos aos meus olhos e ouvidos. E com seu jeito de dizer-se tão verdadeira, me ajudou a reforçar minha vocação de me encontrar nos outros.

Inserida por LeitorDivulgador

o que esperamos de um amigo é que sinta nossa dor com a mesma intensidade que nós a sentimos. Às vezes, é preciso que um amigo sinta a nossa dor, antes e mais do que nós.

Inserida por LeitorDivulgador

Reconheço a insuficiência destas minhas vacilantes palavras que são apenas uma tentativa de compartilhar o mistério silencioso e vivo de um amor.

Inserida por LeitorDivulgador

Desejo para mim tempo para viver sem barulho no silêncio dos meus dias, naquele silêncio onde as coisas mais importantes acontecem.

Inserida por LeitorDivulgador

Eu é que era novo demais e geralmente os novos demais não estão prontos para a poesia sem grito, simples, leve, com aquela leveza que vem depois das batalhas vencidas e perdidas, cotidianas.

Inserida por LeitorDivulgador

Acho que somos feitos apenas de brevidade, somos aquilo que nos arremessa, entregas condicionadas ao suspiro do tempo para depois converterem-se em lembranças e promessas de um vazio que restou e tem sede.

Inserida por LeitorDivulgador

“Ainda há fragmentos de mim, espalhados como se o espelho de minhas querências se quebrasse em cacos poéticos, cabendo-me colhê-los a cada passo que me lanço, mesmo que eu corte meus dedos frágeis nos pedaços mais afiados”.

Inserida por LeitorDivulgador

às vezes, a perseverança mais afia a nossa dor do que acalanta.

Inserida por LeitorDivulgador

VIGÍLIA (soneto)

Não há graçola pelo cerrado tristonho
Distante é o olhar na sequidão erguida
Tanta melancolia, a felicidade suponho
Que contempla a relva tão adormecida

Corta o silêncio o vento na poeira trazida
Papoca secas folhas no sol enfadonho
Espalhadas no chão da irroração perdida
Ali, em craquelados plangeres enfronho

Então, vejo sozinho o deslizar das horas
Numa vigília as monocromáticas floras
Onde o tempo, lento, pousa no cansaço

E nesta vigília de quimeras fabuladoras
Tudo bordado a lantejoulas tataporas
Cravejam o céu de estrelas com lasso

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SECURA SEQUIOSA

Sequiosa a secura, como é frágua
o chão ressequido árido secou
Posso ter sede de mais água
mas do craquelado, o cerrado eu sou

E na cremação dos meus versos
saudades, magia e seca maresia
Rimando no cerrado, diversos:
O abrandar da noite, a azia do dia...

Fria está sequidão, ardida e fria!

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Abril de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

POEMA AUTOBIOGRÁFICO

Onde eu nasci
A cidade é sorriso
Do triângulo mineiro, Araguari
O cerrado é dos pés, piso
A juventude, amanheci ali
E a saudade inciso

Na chuva, brincando cresci
Ouvi os pássaros no quintal
E as estórias de saci
Fui criança, afinal...
Hoje longe, eu aqui
E lá sempre estarei

Em nada mudei!

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Abril de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

INVENTÁRIO (soneto)

Dos detalhes os anos tomaram conta
Já se foram muitos, algumas cicatrizes
Pois, lembranças, são meras meretrizes
Dum ontem, no agora não se faz afronta

O meu olhar no horizonte é sem raizes
Pouco lembro onde está a sua ponta
Tampouco se existe algo que remonta
O remoto perdido, pois sou sem crises

Gastei cada suspiro pelo vário caminho
Brindei coisas, na taça deleitoso vinho
Na emoção, chorei e ri, a tudo assistia

Em cada tropeção, espinho e carinho
Ali aconcheguei o meu lado sozinho
Não amontoei nada, nas mãos, poesia

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Abril de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

VIOLINO DO CERRADO

Violino do cerrado, o vento
Melodia, e toca pro vazio
Entre secas folhas, sedento
Dum árido chão e sombrio
Deslizante em um lamento
O som ressoa leve e macio
Orquestrando o movimento
Num ritmo de um assobio...

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Abril de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO CINZA

Então, matizei de cinza os meus passos
na secura do cerrado, todo empoeirado
me enroupei de gesto insano e calado
para dar cor aos sonhos tão escassos

No céu cinza, ressecado, me vi sentado
a rua silenciosa era só rotina e cansaços
num claustro cinza, tão cheios de traços
e todos irregulares, opaco e acinzentado

Tentei colorir a saudade, já sem espaços
aí, então em mim, o cinza ficou afogado
como se pudesse, eu haver mais regaços

Sumido neste cinza, estava o meu brado
e vi que nascia em mim, vários pedaços
do tempo, que carecia ser, então, colado

Luciano Spagnol

Inserida por LucianoSpagnol

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