Conflito Comigo Mesma
Migrar é o ato divino de plantar raízes em solo desconhecido com a mesma fé de quem acredita que qualquer chão pode ser fértil.
Marcilene Dumont
O intangível só é alcançado quando tenho ousadia de desafiar o impossível e dizer a mim mesma: Que com Deus tudo posso .
Marcilene Dumont
Nenhuma fronteira me limita, porque já aprendi a derrubar os muros que eu mesma levantei dentro de mim.
Marcilene Dumont
Eu nunca mais vou ser a mesma pessoa.
Depois de tudo que vivi, algo dentro de mim mudou de forma definitiva. As decepções abriram meus olhos, as dores me endureceram e o tempo me ensinou o valor do silêncio. Eu aprendi que nem todo sorriso é sincero, que nem toda palavra vem do coração e que confiança é algo que, uma vez quebrado, jamais volta a ser inteiro.
Hoje, eu caminho diferente. Mais fria, mais cautelosa, mais atenta. Já não me entrego fácil, não acredito rápido, e muito menos espero demais das pessoas. Eu aprendi que às vezes é preciso se perder para se encontrar — e foi nesse processo que eu descobri uma nova versão de mim: mais forte, mais consciente e menos ingênua.
Eu nunca mais vou ser a mesma. E, sinceramente, isso é o melhor que poderia ter acontecido.
Videira
A videira em meu quintal secou
Até eu mesma achei q tivesse morrido
Quase a arranquei, quase desisti dela
Mas o inverno passou,
A primavera chegou,
Quando menos imaginei olhei em meu quintal e lá estava ela verde novamente
Os galhos que estavam secos foram ficando verdes novamente
Quando a olhei de perto lá estava ela,
E com mais frutos do que antes...
Ela se ressurgindo melhor e com mais frutos...
E isso quase nem é sobre videiras...
O poder de uma mulher não depende de vínculos, mas do instante em que ela desperta para si mesma e descobre que carrega dentro de si a força para mover mundos.
"Quem gasta tempo atacando outra mulher perde tempo de evoluir a si mesma.
Ataques entre mulheres não enfraquecem a outra, só mostram a fraqueza de quem ataca.
VERTIGEM
O silêncio é a febre que me desvela,
Emoção que, no olhar, a si mesma congela.
Um mergulho suspenso em estuário raso,
Onde o sal do teu nome corrói cada passo.
Na urgência de tocar a tua derme fria,
Como a raiz na treva, cega, nua, se avia.
Quase sempre perdido, num só abraço me acho,
E no calor de um toque, o caos desfaço.
Anseio por olhares. E que em mim se demorem,
Por mãos que em meu peito uma pátria explorem.
Num enlace de dedos, na fusão das retinas,
Ancorar o destino em praias adamantinas.
Ah, ser o desejo! Não a brisa que passa,
Mas o magma que rompe a crosta da desgraça.
Com a fúria do centro, sem temor ou medida,
Que arrasta e consome. E funda outra vida.
Ofereço meu mundo, não a gasta promessa,
Mas o chão que em meus pés, sangrando, se expressa.
Moveria os céus. As estrelas traria.
Por um só instante que a morte justificaria.
Busco em ti o meu eco, o avesso do meu ser,
Que decifra o meu caos e me ensina a querer.
Um espelho de abismos, em vertigem perfeita,
Na dança do tempo, a história desfeita.
Por um amor que seja rio a escavar
O leito da memória, e em nós se demorar.
Almas que se incendeiam, que em chamas se fundem,
Em laços que se tecem. E destinos que se confundem.
E se, de repente, você começasse a se tratar da mesma forma que trata às pessoas ao seu redor, você seria feliz?
E se, você tratasse às pessoas ao seu redor da mesma forma que se trata, eles te amariam?
A Crueldade da Poesia
A poesia é uma fera que lambe o sangue que ela mesma faz jorrar.
Finge consolar, mas apenas prolonga o suplício.
Diz que salva — e salva mesmo —
mas do modo como um naufrágio salva o mar: afogando.
Ela exige do poeta o que o mundo não ousa pedir:
a própria carne transfigurada em verbo,
a memória queimada até virar luz,
a alegria ferida até soar como canto.
O poeta, escravo e cúmplice,
aprende a sofrer em métrica,
a chorar com ritmo,
a morrer devagar, para que o verso viva.
E quando a palavra enfim o liberta,
já é tarde:
a poesia partiu, deixando-o vazio,
com a alma exaurida e os ossos repletos de beleza.
Porque toda poesia é uma crueldade sagrada
e o poeta, o único animal que agradece
por sangrar com estilo.
Envelhecer é estranho. Por dentro, sigo sendo a mesma.. meus sonhos, meus risos e até minhas inquietações continuam com a mesma voz. Mas o corpo, esse mensageiro do tempo, insiste em contar uma história que eu não sinto ter vivido tão depressa.
As pessoas que não me veem há anos se espantam com minhas marcas novas, esquecendo-se das que o tempo também gravou nelas. Às vezes dói esse choque nos olhos alheios, como se só eu tivesse atravessado os anos.
Envelhecer, para mim, é aprender a acolher essas mudanças sem perder a essência. É reconhecer que há beleza nos traços do caminho, mesmo quando a saudade do rosto de antes aperta. É um exercício diário de amor-próprio: olhar no espelho e enxergar não apenas rugas, mas histórias, resistências e memórias.
Não Sou Mais a Mesma Água
Por Ederson Cláudio Pereira de Barros
Hoje sou água, calma e transparente,
correndo entre pedras e raízes.
Mas, para alcançar o céu,
preciso deixar para trás essa forma serena.
Aqueço-me ao sol, evaporo silenciosamente,
e subo leve, em mil pequenas gotículas invisíveis.
Lá no alto, entre nuvens e ventos frios,
transformo-me novamente:
condenso-me, viro gelo,
cristal delicado suspenso no ar.
Quando o peso me chama de volta,
despeço-me do céu em forma de chuva.
Caio sobre a terra, sobre folhas, telhados,
rios — e reencontro meu estado líquido.
Volto à forma original, sim…
Mas entenda: já não sou mais a mesma água.
Carrego em mim o caminho percorrido,
as alturas que toquei,
os ciclos que vivi.
Eu estou evoluído.
Não sou mais a mesma pessoa que um dia se perdeu em meio a dores, ilusões e pequenas batalhas. Eu aprendi que crescer não é apenas viver, é transformar. Não sou refém do que me feriu, nem prisioneiro do que ficou para trás. Hoje, caminho leve, mas com passos firmes. Minha mente é mais lúcida, meu coração mais forte e minha alma mais livre. Evoluir é reconhecer que nada externo me define, é compreender que a verdadeira vitória é me tornar maior do que tudo que tentou me diminuir.
Glaucia Araújo
"Um espelho quebrado distorce o seu reflexo. Da mesma forma, nem todas as pessoas que se aproximam de ti te completam."
Sabe o que eu aprendi com o tempo?
Que até o que desbota pode voltar a ter cor.
Nem sempre a mesma, nem sempre com o mesmo brilho…
mas uma cor nova, nascida das marcas, das curas e das dores que a gente atravessa.
O tempo tira o excesso, muda os tons, ensina a olhar diferente.
E quando a vida se colore de novo, vem com outra verdade, outro peso, outro sentido.
Hoje eu entendo: nada volta a ser igual,
mas tudo pode voltar a ser bonito.
Edelzia Oliveira
