Conflito Comigo Mesma
Estou em crise comigo mesma. Abandonada à própria sorte. Tenho amigos, tenho família, mas parece que ninguém me nota.
Hoje chorei. Meu nariz entupiu, meus olhos incharam, tive a famosa ''ressaca pós-choro''. Sabe como é... dor de cabeça, dor nos olhos, nariz ruim, voz lenta, e óbvio, mais vontade de chorar.
Chorei, e chorei muito. Não conseguia saber o motivo da minha tristeza. Na verdade, eu sabia sim, mas não tinha certeza. O pior de tudo foi quando tive que fingir estar bem. Em ligação, dei muita risada, fui brincalhona e era cada bobeira! Até que consegui sentir alguma alegria momentânea. Mas depois? Ah, depois eu desabei. Sempre tento parecer bem conversando por ligação, mensagens, e até mesmo pessoalmente. Nunca demonstro tristeza ou raiva, sempre com uma face e voz serena, às vezes empolgada e dando muita gargalhada. Às vezes eu dou risada por achar graça, às vezes pra disfarçar minha cara de tristeza.
Mas se alguém percebesse, e olhasse no fundo dos meus olhos perguntando ''você está realmente bem?'', poderia ter certeza que eu choraria na hora. Não aguento ser pressionada a demonstrar ou falar algo que estou sentindo, desabo na hora. Não aguento guardar tudo pra mim, depois de um longo dia, chego em casa e choro. Não aguento mais nada, eu desabo, e desabo a cada dia que passa. Sinto que farei besteira, mas não tenho muita certeza. Meu futuro parece incerto, afinal, eu estou na minha vida... quer dizer, eu estava. Até perder esse controle. Agora está tudo bagunçado, errado, ferrado. Está tudo em crise.
O silêncio que mora comigo, fala mais alto que eu, mais alto que a chuva que cai lá fora e o vento que bate na minha janela...
Tenho um traço tóxico que é: se você vacilou comigo e eu fiquei de boa com isso, não confie em mim!
- Nunca conheci ninguém como tu. Achas que podes mudar o mundo. Alguém está perdido e tu acha-lo, alguém sangra...
- E eu corro a buscar o meu pai. Como tu mesmo disseste. Sou mesmo corajosa...
- Foi preciso muita coragem para ires ter com ele! Não tens medo de nada.
- Eu? Tenho medo de tudo... do que vi e fiz, de quem sou. Tenho mais medo ainda de sair daqui e nunca mais sentir na vida aquilo que sinto quando estou contigo.... dança comigo.
- O quê, aqui?
- Aqui.
Eu tenho uma vida. E talvez essa vida possa parecer segura e entediante para você, mas é a minha vida.
