Coleção pessoal de WebertGomes

A solidão me toma à mão e me leva a passear. Eu sequer a pedi, sequer a chamei. Mesmo rodeado de trocentas pessoas, é com ela que faço o meu ilustre jantar.

Não se ocupe em procurar-me quando eu não estiver aqui. Preciso refugiar-me para onde não há mapa. Onde minha solidão possa ser admitida.

Estou deixando a comodidade do casulo pela insegurança do mundo. Mas se não fizer isso, jamais aprenderei a voar.

Quanto mais se aquece o fogo, mais se engrossa o caldo.

O caminho para a sabedoria consiste em saber que muito pouco se sabe.

O ciúme demarca a posse com cerca. O amor a liberta amando.

O que eu sou não tem nome próprio. Tem nome comum: eu.

Se me ofereces um corpo suculento, porém sem recheio, é provável que eu passe fome. A massa só enfeita. Mas o recheio é que sustenta.

Aprendi a ouvir do silêncio dos outros e a captar na mudez o mais nobre dos sentimentos: o amor contido.

O mundo é grande demais pra o meu espírito infinito. Grande e com cercas.

Prefiro a solidão em estar só que fingir que não a tenho estando junto.

Não sei para onde ir. Sou eu o meu limite.

Só tente me entender se também puder sentir o que o mundo considera fora de sentido.

Ter saúde é um grande risco. O risco de nunca cair de uma montanha e viver.

O amor incondicional não impõe limites, mas os desfaz completamente só por amar.

Eu converso comigo o tempo todo. Talvez por isso precise tanto do silêncio oportuno. Pra me ouvir, e às vezes me calar.

O coração nos faz tão juntos quanto se o corpo estivesse próximo.

Preciso urgentemente de mim mesmo quando não há ninguém por perto. Ou não há sustento para a minha solidão.

Minha noiva é a Solidão. Amo-a tal como um casal em intimidade conjugal entre quatro paredes. Ninguém mais pode entrar.

Observo, reparo e analiso os seres da minha espécie, tal como o faço ao analisar as minúcias de uma formiguinha. E o efeito é apavorante. Simplesmente porque me vejo no outro.