Coleção pessoal de warleywaf

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Peregrino

Eu, peregrino
peregrino pelo caminho
na busca incessante
caminho sozinho.
Cheio de gente,
cheio de Deus.
Ó, cheio de malas,
bagagens.
Nu, peregrino
livre pelo caminho,
irmão universal
do cosmo criação
do Amor, Deus menino.

Criança Interior

Tenho medo da noite
quando me deixas só
e o sol vai se deitar.
Sinto frio quando acordo
procurando por você
e não encontro no olhar.
Quanto afago bastaria
a criança interior?
Ingênuo coração,
carências de homem feito.
Ama-me, te peço.
Te amar,
somente quero.

O vento recolhe o perfume das flores e suavemente asperge-me a face com seu aroma.

A pintura é a arte visionária da expressividade humana em suas angústias e anseios externamente pincelados.

Ao abrir os olhos pela manhã, a vida retomará sua luz, pois, o pesadelo que envolveu-me dissipara no ensejo do tempo.

Podem calar a minha voz, porém, não silenciarão minhas palavras.

Setembro

Os fins de setembro em ares de chuva
do Sol a brandura às nuvens escuras,
de um frio noturno um tempo murmura
do aconchego, abraço e ternura.

A canção que me pede trilha sonora
dilata a agonia dos dias afins.
E recuo ao leito, amigo do pranto
silêncio, presença, abrigo-manto.

Setembro de flores primaveris,
dos amores, setembro dos esmorecidos.
Dias curtos, pesadelos vis.

Algumas amizades transcedem o tempo. E tesouro algum pode comprá-las.

A amizade, íntimo amor que se regozija com a presença, se solidifica com o carinho e no olhar, a liberdade de amar.

Pleonasmo

- Menino, entra pra dentro agora! Gritou minha mãe dona-do-lar.
Mal entro em casa e a redundância continua:
- Mozin, vô subir lá em cima, quando a janta tiver pronta, cê me chama; palavras do pai.
E nesse ciclo vicioso, só me resta parar inerte a rir meu riso.

Uma Noite na Roça

Contemplando o crepúsculo
que precede as noites na roça,
ao longe, no vasto horizonte
de pasto;
entre grilos e sapos
regendo a canção natural
da maestra natureza.
Uma bica d'água
verte os sons
de suas notas correntes,
límpidas e cristalinas.
E vejo a estrada de chão
quase ofuscada pela noite nascente
na orquestra da noite na roça.

O Outro Bicho

Sem destino certo, caminhava pelas ruas como um cão farejando alimento. Eu estava faminto.
Se batia à porta das pessoas, a hostilidade das donas e seus maridos causava-me medo. Minha presença provocava-lhes repugnância.
Sequer podia transitar nas calçadas frente a restaurantes sem ser vigiado ou humilhado por seguranças. Mendigos prejudicam a reputação do comércio, diziam.
Minha esperança era revirar o lixo nas lixeiras de restaurantes e, quando encontrava algo comestível, lançava-o goela abaixo sem me importar com o cheiro e o gosto desagradável.
Aquela manhã tornei-me objeto de curiosidade de um garoto, provavelmente em seus seis anos de idade. Enquanto investigava o lixo de um restaurante ao lado da escola, pelo pátio, um menino olhava-me fixamente. Estava atônito pelo espanto de perceber um homem sujo e tão magro se misturando ao lixo e dele comendo voraz.
O garoto não dizia palavra alguma. Apenas encarava-me com seus olhos insistentes que, por um momento pareceu-me gritar: “não coma isso. É lixo!” Senti-me envergonhado.
O sinal da escola tocou anunciando o término do recreio.
Lacrimaram meus olhos em ver aquele menino, meu Deus, livre de qualquer preconceito, na inocência de sua vida, com as mãozinhas trêmulas me oferecer da sua lancheira para comer.

Fechai Senhor meus lábios e minha boca não prejudicará meus irmãos.

Quanto mais nos aprofundamos no amor, tanto mais nos assemelha a alma à Cristo.

Senhor, que eu não seja motivo de pecado para meus irmãos. Antes, desejo ser para eles reflexo do Seu amor.

Todo gesto de amor, por menor que seja, é repleto da graça de Deus.

Se há políticos corruptos é porque estes, enquanto cidadãos também são corruptos. A sociedade é fruto do que cultiva.

A virtude da pureza percebe-se visivelmente naqueles de coração casto, sem vaidades.

Não diga as pessoas que vou embora; não quero despedidas. Eu vou simplesmente.

Um Novo Tempo

Eis o início de um novo tempo.
O tempo de um novo início para mim.
As tristezas passaram e,
o clarão da aurora aos poucos se revela
no véu da noite que me refugiava.
Breve, hei de alçar voo
sobre o verde das montanhas
e um sorriso brotará em meus lábios
porque sei, estarei banhado de luz.
Um ser abrasado do Sol.