Coleção pessoal de WalyssonLima
Sem Cicatriz
Um dia preciso ir
Fechar seu coração
Só pra saber
Se o que eu vi
Dá pra calar uma emoção
Tristeza...
Preciso andar na rua
Preciso saber sonhar
Quero ir na casa de mãe
Só pra de novo aprender a amar
A gente só aprende quando sofre
E chora meia nove, já é hora de sorrir
Põe a ponta do sorriso e de novo esses risos
Hei de me amargurar, chorar...
Pois é tarde, meu coração diz que é tarde
Não há onde fugir
De um amor sem cicatriz...
Sonhar, Ama
Sonhar, nunca foi tão fácil
É um sonho plácido
Mas amar
Viver, sem esperar você
Nunca é demais, sempre hei de mais
Pra sofrer
Luzes acesas não têm nada
Flores ao amanhecer, não têm nada
Olho o céu azul, não vejo beleza
É assim, mesmo assim
Digo sim, meu grande amor
Perdi Você
Perdi, o único motivo
O único desvio
De tantos desvarios
Perdi você, meu amor
Um dia eu vou abençoar
Meu próprio amor
Só pra ceifar essa dor
Nessa casa grande que hei de soar
Pois você não vem
Cedo não vai dar pra andar
Sozinha na rua
De dia
Todo sua
Menina
Mas vou ver
O tempo correr
Pro espaço varrer
Pra longe, essa dor
Que faz eu pensar em você
Rua 22
Quero olhar pra cima, mas não dá.
Quero cantar, mas ele me obriga a me ajoelhar.
Já é 9 horas e eu, perdido nessa rua,
Não sei o que eu fiz, meu amigo, me perdoa.
Passei a noite toda no boteco do seu Odilo,
Já não reparei as cores — parece que saí de um hospício.
Já faz tempo que ando nessa rua que eu me criei,
A rua tem 22 becos, e 22 anos sou eu.
Já vejo a lua tão grande no céu,
E, ao mesmo tempo, vejo o sol...
Parece carnaval, na Bahia.
Vejo as portas das casas arrombadas,
Vejo imensos dias que passaram rápidos.
Vejo a Bíblia sagrada.
Peço a Deus que me perdoe,
Que me expulse e me abençoe,
Pra poder trilhar sozinho essa caminhada.
E, nessa estrada, eu quero perceber
Que, nessa rua escura do dia,
Não quero ter noite — ousadia.
Ousaria temer?
Mas, toda vez que eu choro, eu me lembro
Que, quanto mais choro, mais eu me lamento.
Pra perceber, meu amor, pervertida, hora válida,
Vem sem merecer.
Soneto I
Não precisas chorar,
Quando alguém lhe machucar, amor.
Lembre mais de mim,
Do quanto eu amo ver você sorrir.
Viva, contentimente comigo.
Pare de gritar, pare de falar
Que não me ama mais.
Pare de amar, volte a me abraçar.
Vai seguindo a rua,
Logo vire à esquerda, vá no beco
Sem saída, encontre minha vida.
Ela causa uma intriga.
Se eu chegar sem avisar, se despir
E depois amar mais ainda.
Safira
Lua, como ela voa,
Sempre delicada, a noite
É toda sua, toda tua.
Ela, com cores de seu cabelo.
Na rua, a lua nua,
Como colírio para os seus olhos lindos.
Tanta beleza, a natureza
Refletindo nos seus olhos, rindo.
Tanta beleza, indiscreta,
Inquieta de tanto beijar,
Se desmontou de tanto imaginar o nosso amor.
Hoje a lua, ela canoa,
Inesperada de tanto desejo.
E no seu beijo, safira, eu te digo:
De tanto que eu penso em ti,
Plena, Taíssa, como é a vida
De tantos cantos roucos
E de beijos loucos,
Se tanta falta me faz.
Safira
Safira
Safira...
Açaí.
Açaí, palmeiras verdes
Paixão, arara azul
Açaí, vi que acabou de ir
Sem sequer dizer adeus.
Raiz, árvore de sal aquoso,
Em um mar doce de amor.
E esse mar vazou e levou a água
Do meu amor.
Nuvem branca à noite, toda manhã.
Luz vermelha do meu quarto
É macia como lã — é um fato.
Mas é tão quente, amor...
Você veio como açaí,
E assim, você sumiu da minha vida.
Meu amor, como você está?
E foi assim, que eu nunca mais te vi.
O VÔO
Como a natureza dá a vida,
A morte é a certeza de ter por que viver.
Como o tempo - a beleza - de uns começa,
O de outros termina
sem ter nenhum porquê.
Como a senhora gostaria de ir à Europa
Sem ter passagem por aqui? Pelo amor?
Como pássaro flutuante que vive vacilante,
Sem medo de morrer, pois ninguém controla a arte de viver.
Quando passas como nada, nessa rua dourada de sol,
Tudo sopra acima — venho logo, pois agora não há perdição.
Choro ouvindo, tomando vinho, esperando vir me buscar...
Lá vem vindo, meu amigo, que hoje pode me levar.
Soneto da essência preservada
Nada a mim vieres pouco.
Nada a mim vieres muito.
Mas a mim vieres tudo.
Amo-te, como isso.
Amo-te-a, como girassol em jardim escuro.
Amo-te, como flor despensada, dura.
Fez-me de risos, como nunca.
Resido na casa de quem rico chora.
Sou simples, sou eu, sou o amor, juro.
Sou achado, sou perdido, sou puro.
Sou o coração sofrido, eu ponho.
Sou canções sensíveis, de canto.
Choro, mas quase não encanto.
Sou sensível, porém desencanto — eu sou eu.
De Repente
De repente o choro fez-se pranto
E de repente a serpente de encanto
Quando ouvires que a serpente chora
Notas que a serpente se fez humana
De repente o passado fez-se futuro
De repente o tempo simplesmente parou
De repente encontrei-me em novo amor
De repente penteou-me de dor
Vai sem pressa, tempo, vê se demora
Mas não percas a hora, ela implora
Notas que chora, e o pranto demora
Lágrimas custam a secar, mande-as embora.
Coletivos do amor
O coletivo do amor
Pode ser nada
Pode ser nada, além de taras
Pode ser a vida
O coletivo é mais que um
Mais que dois, e mais que tu
Coletivo, amor, é você
Pois você é tu, pois você é tu
Vieste procurar neste poema
O coletivo de amor?
Ou vieste neste poema
Buscar o seu amor?
Poesia escrita às vezes tortura
Às vezes fervura a gente
Às vezes pendura
E às vezes chora
Mas o que é o coletivo de amor?
Sabes que amaste, sempre choraste?
Sabes que subir é cair sem dor?
Sabes que o amor é isso?
Encontraste, finalmente, o significado de amor
Mas procure agora o coletivo de amor.
Me despeço
Movo-me sempre que posso, me despeço.
Mudo-me sempre que vejo, não te peço.
Sou novo, eu me movo, mas me despeço,
Pois, pós-abraço, me despeço.
Sou grato, mas me empresto, te despeço.
Sou simples, porém o cansaço reina — me despeço.
Despeço-me tanto quanto imaginaria,
Pois o hoje, o espeço, expresso, pode não só se despedir,
Mas também reprimir algo novo.
Que a morte não se despeça — quero que venha, mas demore.
Quero que seja um pedaço da despedida,
E não pagarei o preço.
Me despeço.
Sol
Radia, sol, por que me deixas tão só?
Me sinto só, com pouca luz,
Que todo o sol seduz...
Mas, mesmo assim, me sinto bem.
Amor, quantas vezes chorou?
Um cálice de dor, muitas vezes passou,
E, com o tempo, esqueceu-se de mim.
Radia, sol, vê se lembra: amanhã é um novo dia.
Você, lindo... qual seria?
Minha sereia marinha, Carolina,
Minha linda gatinha, tão lindinha...
E de tanto chorar as preces,
Não me apreço — me lamento, me levanto,
E, de novo, volto a cantar...
Volto a cantar... nosso amor...
Luz dourada que carrega os olhos
Mais belos, da minha amada
Mãe querida, minha alma
Meu corpo inteiro é seu
Mãe querida, choras enquanto choro
Nesse choro-canção escrevo de ti
Passas tão tarde, não cantas pra mim
Passas cantante, chorando assim
Amor, filho meu, choro sim
Esqueceu
Que meu amor é seu...
Ah, meu amor, eu digo
Que o silêncio fala mais que muitos
Ah, meu amor, contigo
Carrego toda a imensidão
Vem de me esquentar,
Florescer, florescerá
E que se vem, me andará,
E nos andares pulará
Transcender,
Cantar,
Encantar....
Nos seus olhos a tristeza,
Que de em mim a certeza,
Que consigo andar....
Ah, meu amor, pra quê? Essa tristeza
Em seu corpo há o que reina?
Não há morte,
Nem escuridão no sol
Não há vida,
Nem luz da lua no dia...
Pois, o por da vida,
Clareia mais que a dor
Meu amor...
Insensato a coração
Toda humanidade exala a falta de insensatez
Ah, humano coração que faltou, e nem se fez
A imensa solidão, não fico gritante e um pouco falante
A humanidade hoje, paga pelos tempos antigos
Por um mal que não faz...
Mas quais, carrega no próprio sangue o pecado e o perdão
Vê se olha nos olhos, e me diz com coragem
E ou será que não....
Vê a lua brilhar, o dia inteiro até acabar
A noite, vê o sol encantar meus poemas cantar
Até o dia nascer em luz novamente, te amar, te amar, te amar
Hoje, troquei o dia à noite só pra mudar o necessário
Que morro-me a lhe observar.
Tênue Amor
Ah, tênue amor...
Se de amor, só eu senti
É amor,
Lhe deu a flor do jardim,
Que colhi pra pra mim
Mas dei a ti.
Voltes, amiga, colega, companheira.
A lida é passageira,
Mas não há de passar assim —
Nem cá, nem em mim.
Vai... jogue tudo ao ar, amor.
Não me esqueça, por favor,
Ao se deitar na cama.
A cama, amor, é colchão,
Quebra o coração
E me faz viver...
Ao Amanhecer
Ah, novamente ao meu quarto escuro,
Mais uma noite em que me culpo
Por não ter um bom coração.
Ah, que sofro eu...
Já se esqueceu
Que meu amor morreu?
Vem aqui em casa,
Abre suas asas,
Pra me acolher.
Ensina-me a compor poesias,
E guia-me nas vias da desilusão.
Vai... seguindo, vem,
Vai mais além que meu coração.
Pode seguir a rua direto,
Mas, não — não vá reto,
Pra não me encontrar.
Podes, menina, cantar para mim
As vanguardas do meu jardim,
Que eu fiz — diz — pra você...
Ao amanhecer.
Tristeza
Ah, se a tristeza me olhaste
E de novo cativaste, sem sequer pediste adeus
Ah, meu amor, os olhos meus
Juro por Deus, que a insensatez deixaste
Quais a rosa que se puseste, e que novamente foste
A encontrar o novo amor que abraçaste...
A rosa clara como és, lindamente contida
Do amor do peito meu, que conquistaste
Ah, meu amor, juro por Deus
Que nenhum momento meu
Há-de novo acontecer como deixaste
Vem, seguindo e eu encerraste
Encenando essa semana
Que de novo me enganaste
Sem sequer pediste adeus
Beira-mar (Poema-canção)
Ah, sofrido beira-mar,
Quem vem sem o eu
Pra amar, se faz o desfaz sem reluz.
Ah, pare de queimar
O meu amor pra me desligar.
Vem do aomirante andar,
Sobre as águas, largar...
Ah, sofrido beira-mar,
Vem de novo me achar,
Pra poder lhe esquecer.
Vai, seguindo aomigrante,
E a lua minguante,
De tanto aguardar...
Você.
Impossível lhe esquecer,
Por mais que tento,
Não dar pra tentar.
Vem, noite brilhante,
Que passou no instante
De cada amor...
Parapararaparaapararararapara
Parapararaparaapararararapara
---
Vem, balançar na minha rede,
Que me mata de sede;
E que é lua minguante,
Dá de ver todo o mundo de cá.
Volta, meu amor, me amar...
Quase todo dia, estou a esperar
Mudes minutos pra mim,
Notas que sou assim,
Pra não ficar.
Amor, ao balançar-me contigo,
Contudo dispostas
A me separar... voltes amiga, colega —
Amiga, poeta, poesia que está no meu coração,
O que falta: a noção do tempo
Que estou sem você...