Coleção pessoal de venanciochipala

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⁠As mulheres
Mas as mulheres porquê que apresentam-se como as maiores e as mais fortes se elas já o são?! Não acreditam nelas mesmo, nós os homens estamos cheios de medo, não acabaram connosco quando estávamos frágeis no ventre delas, não acabaram connosco quando amavelmente nos alimentaram do seu leite, tão pouco nos eliminaram quando bem ao lado delas dormimos sem defesas e procuramos como coitados que nos abracem e nos tenham carinho quando dormimos como faz com o outro que acaba de sair do ventre. Homens, criação da mulher, somos fisicamente mais fortes então partamos para a guerra pelas nossas mulheres, vamos defende-las mesmo depois da morte porque é o que elas fazem e fariam por nós. Viva a mulher, maior guerreira dos guerreiros. Vamos para guerra, homens gloriosos mas seguros de que a nossa retaguarda está cheia de mulheres sábias que com os seus frágeis músculos vão se reinventando para que as nações continuem vivas com as suas crianças, os seus adolescentes e jovens educados e bem formados pelas sábias cabeças de mulheres.

⁠As estrelas não vão aparecer hoje, mas continuemos com o nosso serão Cristão: Soaram cânticos depois do terço, uma voz afinada solfejava, dó(la), ré(la), mi(la), fá(la), só(la), lá(la), si(la), dó(la), era o meu imortal pai, que Deus o tenha. Um relâmpago seguido de um trovão pôs em pânico os alegres e acérrimos cristãos que ocupavam a assumpta capelinha quente com o astral elevadíssimo. Apagaram-se os candeeiros, a escuridão como uma abóbada envolveu-nos, aos apalpões fomos todos obedecendo a ordem de uma voz que vinha da garganta sôfrega do meu pai, vamos sair um por um, 1º os da primeira fila, depois os a seguir até chegar a minha vez, dizia ele. A capelinha de bancos corridos era pequena como um enxame espantado por uma pedra lançada por um menino insurrecto, inundou o seu pátio de homens e mulheres que se chocavam uns contra os outros com o grau de entropia superior ao esperado num sistema termodinâmico. Neste instante relampejou de novo e a trovoada ensurdeceu os presentes que aos gritos aproveitaram-se da luz celestial que por aí passou (relâmpago), sem deixar vítimas, para encontrar caminhos para as casas. A confusão vivida durante a noite não entristeceu os aldeões, todos alegres como de costume apareceram nas orações da manhã antes de partirem para as suas actividades diárias e esqueceram-se da noite turbulenta vivida. Mas o inspector geral e o presidente do grupo da legião de Maria convocaram os catequistas da aldeia e os anciãos...

⁠Tranco a cara, os olhares entram pela porta sorridente, ai tem flores abertas, mostram a boca cheia de dentes, cara trancada de muros altíssimos sucumbe diante o coração cheio de jardins exóticos radiantes, radiante de Estrelícias, de Orquídias, de Dálias, de Margaridas, de rosas amarelas, de rosas vermelhas e rosas brancas perfumadas com aromas de amor. É um paraíso no interior desta cara trancada.

O sol beija o mar e o céu azul empresta o seu brilho ao fundo do mar, as estrelas são vistas na escuridão do mar e são confundidas com o cintilar dos olhos lanterna dos peixes e os cardumes que se movem para sítios incertos vão mostrando, um peixe duas estrelas, por fim um mar de estrelas no fundo do mar até o sol raiar.

⁠Uma xícara de café quente para um coração frio, uma xícara de café fresco para um coração que entrega as suas energia de luta ao suor que rompe com os poros fechados e faz escorrer rios no rosto e transforma as axilas em fontes de água, uma xícara de café quente para animar o espírito criador que se esconde na sombra da preguiça, uma xícara de café para a vitória ser certa, uma xícara de café para a luta continuar.

⁠Tu és terra, em ti lançarei as sementes para fecundares, tudo que sobre ti florescer será fruto do meu desejo e do teu querer aceitar em ti amadurecer e fazer germinar as sementes, tens o solo vitaminado e as raízes estão a perfurar e prontas para sugar os adubos e dar qualidade a seiva que alimenta o caule, os ramos e rebentos ricos com frutos saborosos. És tu mulher, terra dos meus sonhos como amigo e amante insaciável.

⁠Fico pensando que sentí , mas fico com medo de ter pensado que sentí por estar a aprender que não se deve pensar mas fazer o que pensamos que pode ser, que pavor estou outra vez com medo por ter pensado o que sentí, é tudo pensamento. Vou morrer se pensar na vida, eu só faço porque vivo, a vida de cada um está dentro dum intervalo aberto, O que faço porque vivo está entre um momento e o outro momento e este instante não é pensado, é porque vivo e se chama sono que nos mata e leva-nos para outro momento, são etapas, interrupções na vida vivida. Estou novamente a pensar, pensaria em que se o sono não me interrompesse do momento anterior, não importa ficar ou não com medo, é tudo pensamento, importante é reduzir o tempo entre pensar e fazer.

⁠O homem que eu vi hoje no meu espelho tem amor no coração e estava abraçado a ti e a beijar-te com paixão, tu gostas dele, és apaixonadíssima por ele, é homem para ti mulher linda...

Procurei-te nos escombros, removi alvenarias, os pilares guardiões não suportaram a intempérie da vida. Fiquei a saber que o vendaval lhe tinha transferido para bem longe do meu abraço e dos meus beijos selvagens adoçados de mel.

O surfista queria ser feliz na onda do mar, ficou dias à fio esperando por uma boa onda, onda que cativa e põe as pranchas em delírio, até que o horizonte escureceu, o mar amargurou-se e uma onda gigante soltou-se do labirinto, bateu com a praia e não mais voltou; era o tisunami que rompeu com o surfista e o atirou contra as paredes matando o hábito do vem e vai das ondas do azul do mar. ⁠

Gosto estar à beira mar, gosto estar a apreciar o vai e vem das suáveis ondas do mar, elas de facto vêm e beijam as areias. beijam e acariciam os belos corpos dos banhistas e sem zangas voltam ao mar e deixam muita espuma como sinal de satisfação.

⁠Com toda gentileza esta garrafa de vinho bom seduziu-me, esta garrafa de vinho é parecida com ela, vou embriagar-me dela, depois de embebedar-me vou telefonar-lhe porque é ela que me faz embriagar-me, Ela é o meu vinho bom.

⁠ A sua alma decorada por um jardim cheio de lindas flores, com flores jamais colhidas por almas sem dó. Porque até o inverno trás para o presente primaveras, com rosas cheias de amor e colorem o amor, com rosas vermelhas cheias de paixão e exalam paixão, no meio com rosas amarelas com a sua mágica sedução, e todas elas lideradas pela brandura de rosas brancas para que o coração sinta paz ao entregar-se a um novo amor.

⁠É fogo que arde este sentimento que te devora, estás sentindo o mesmo que eu, estás a ser consumida, enquanto as cinzas estão quentes liberte-se, pondere os teus passos e mostre a pureza de amar nítida em cada gesto que dás, em cada piscar dos seus olhos e em cada movimento de ternura. Por ti compus poesia de encanto para iluminar o seu querer, acredite, não sou uma abelha que anda de flor a flor para um favo de mel, eu acoito-me no botão da flor escolhida para o bom cheiro das suas pétalas.

⁠Para ti é tempo de calor, tempo de chuvas, os mares se abrem, os amores de verão mergulham e vão bem fundo, o mar se deixa penetrar, os olhares se perdem na imensidão do tempo e as paixões se cruzam lá onde o céu toca o mar e com ele o sol que se vai confundindo com a meia lua até o total mergulho deixando para trás a escuridão, não vá embora meu amor, permita-me que afunde mais uma vez como uma sonda no leito dessas águas.

Uma taça de tinto, uma mulher de decote da cor de tinto e uma reacção por instinto, o trato, dividimos o vinho em duas taças e de trago em trago, te trago para mim, as taças se beijam, nós como as taças nos damos um trato, com os beijos sem fim, o vinho e o amor, só imitamos as taças.⁠

⁠Ela é um anjo em forma do céu, amar suas curvas, são ventos que me afagam, em sussurros submersos no espaço, no plano geo-estacionário, clamo, para ao meu resgate você vir, sem manto, sem água, você vir acolher-me numa sombrinha com as minhas feridas de graus diferentes na profundeza da alma, vem sem magoas, sem alardes, sem recordações, vamos construir os novos momentos que fazem nós dois.

⁠As férias do Natal passaram mas deixaram a sua alegria no rosto das pessoas, estão todas mais leves a caminhar, com a aparência mais renovada e um pouco mais positivas no que dizem e pensam, quando passam libertam calor que aquece, estão todos como eu ostentando muito amor no coração.

Sinto que está com a alma fria, o inverno daí não só gela a sua casa, as suas ruas, o seu corpo por fora, mas também o seu interior que apela sem parar por algo que assemelha-se ao verão e que trás os raios do sol para aquecer o seu corpo na sua plenitude. ⁠Esta coisa é o meu grande amor.

Na busca de um ano novo
Acordei com a casa a cheirar a padaria e pensei comigo próprio; És o decreto, haverá pão com fartura. Não tardou começou a soar o trus-trus-trús, feliz ano novo, o trús-trús, estamos a procura de emprego, o trús-trús, ajuda-me com algo para comer, trús-trús, a minha filha está sem nada para comer, a minha mulher abandonou-me e a sogra não quer saber da menina de dois anos e neste instante o bondoso coração da vizinha acolheu a menina enquanto mendigo. Fiquei sensibilizado, dei a volta a casa e o cheiro da padaria não tinha deixado pão, então percebí que por decreto não se muda estados e que é preciso que as pessoas se permitam aos seus desejos. Fechei a porta com o coração partido.