Coleção pessoal de thalitamontesanto

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Alma inquieta, noite fria
e uma mente turbinada, louca, amante
sem se quer parar.

Faz os versos pra essa moça linda
que domingo de manhã vem me namorar.

Cospe do peito o amor guardado.
Rasga o verso ao soletrar,
que esse amor é verdadeiro
vindo ao pé do ouvido sussurrar.

Para explicar o encontro de dois elementos em um conjunto ou espaço, existem um infinito de teorias matematicamente comprovadas por grandes estudiosos.

Logo já se ouviu dizer que dois corpos não ocupam o mesmo lugar. Mas acredito eu, que eles possam dividir um único coração.

Possibilidades "raras" podem aparecer enquanto alguns cálculos são feitos. Como por exemplo, encontrar uma única tulipa amarela em um devasto jardim de rosas brancas. Não é impossível, mas sim, raro.

Outro exemplo? Achar um grão de areia em uma planície terrosa. Não é impossível, mas é preciso muita concentração e cuidado.

Agora, quer uma colocação bem clichê? Pois bem, encontrar aquela velha agulha no palheiro. Alguns acreditam que essa frase sugere impossibilidade e desistência. Porém nada disso a traduz.

Quando encontramos a nossa tal agulha no palheiro é sinal de que deveríamos mesmo a ter encontrado. É aquela velha história de estarmos no lugar certo e na hora exata.

Com você foi desse jeito. Você é a agulha "dourada" que eu encontrei no meio de tantas outras agulhas.

Por que isso aconteceu? Simples, porque era assim que tinha que ser. No meio de milhões de pessoas, Com o dobro de possibilidades, nós nos encontramos e aqui estamos até hoje.

E ela se sentia livre! Era nítido, dava pra ver.
Seu semblante esbanjava leveza e alegria,
mas o que com ela acontecera ninguém sabia.

Seu sorriso aberto e largo se fazia mar e
forte afogava a solidão.
Tudo nela estava solto,
voz, alma, pele, cabelo e coração.

Ao certo, ninguém sabe de onde surgiu tanta liberdade e
vontade de viver.
Ela virou a cabeça, virou o mundo
e poesia passou a ser.

Lavou a alma de toda a tristeza e viuvez.
Não estava em sintonia com ninguém,
era feita apenas do seu sim mais uma vez.

Já não amarrava mais os cachos e os pés preferiam
estar descalços do que presos aos chinelos.
Determinada e corajosa, com o céu fez novos elos.

Descobriu no amor próprio o seu mais novo abrigo.
Ela agora está em paz,
Vivendo o amor que só o verdadeiro EU nos traz.

Porque você é o texto que eu não escrevi,
A mensagem que eu não decifrei.
O sentimento que eu não senti,
Artefato que não guardei.

É a ardência da pela fria
Rachada por ventos fortes,
Cachoeira desviada sem destino
A bússola perdida que aponta só para o norte.

Alma desolada, coração entristecido e mente inquieta. Prato cheio para o papel em branco.

E se tudo der errado, eu continuarei escrevendo. Sempre!

Não foi no primeiro olhar, confesso. Mas foi o conjunto de muitos outros que fizeram o sentimento florescer, tão calmo, singelo e sincero como tinha que ser.

No começo eu não entendia, muito menos imaginava a dimensão do que estava acontecendo. Mas me permiti e entreguei-me ao sentimento, deixei que fôssemos apenas nós naquela quinta feira fria de junho.

Suas pernas tremiam, eu sentia. Os olhos vergonhosos fugiam dos meus, mas suas mãos, que seguravam as minhas com firmeza, estavam quentinhas como o café morno das manhãs de sábado.

Tudo esteve em sincronia na hora exata, no tempo certo, quando realmente era pra acontecer e, por isso eu te esperei por tanto tempo, mesmo sem saber que seria você. E, se em algum momento eu tive dúvidas e receios, tudo foi apagado logo com o primeiro beijo.

E hoje, mais uma vez, coloco meu amor e nós dois juntos na mesma frase como sempre foi desde aquele final de aula e como sempre será. Sempre.

Desde sempre fui muito atrapalhada. Sabe, era uma criança que toda hora caia no chão, raspava o joelho na parede áspera, batia a testa na porta, cortava a perna na quina da escada, enfim, vivia sempre machucada.

Tudo bem, criança é assim mesmo, precisa de toda essa adrenalina pra crescer. Só que além de ser travessa, eu era (ainda sou) teimosa. Ah, quantas vezes minha mãe falou: “menina não cutuca essa ferida, vai ficar marcado”, “para de arrancar as casquinhas”.

O problema era que eu não escutava a minha mãe e, confesso, adorava puxar a proteção que o meu organismo produzia para tapar a ferida. Eu ficava admirada e vivia me perguntando, como aquilo era possível.

O tempo foi passando (eu ainda continuei caindo), só que eu já não cutucava mais as casquinhas. Aquilo que a minha mãe dizia começou a fazer sentindo. Passei a ter vergonha das minhas pernas, pois estavam todas manchadas.

Uma vez fui para a escola de bermuda. As outras crianças começaram a zombar de mim. Lembro-me de escutar “Ah que pernas finas e perebentas”. Depois disso não usei mais vestidos, bermudas e condenei as saias. Só deixava as pernas respirarem dentro de casa.

Por conta deste aprisionamento poupei meus cambitos das tardes de sol. O resultado são duas pernas brancas.

Comecei a perceber que com o tempo, as cicatrizes que eu carregava nos braços foram desaparecendo por conta do sol, mesmo assim, não libertei os membros inferiores do corpo humano. Eu ainda tinha vergonha e continuava a preferir as calças.

Dias atrás eu refleti. Essas marcas são lembranças do que eu vivi, não são motivos para eu me envergonhar. Muitas delas vieram a partir das buscas de aventuras no quintal, outras foram produtos de coisas ruins, mas que eu superei e cicatrizaram. Enquanto eu não deixá-las “livres”, elas continuarão ali. Não que eu queira esquecer, mas tenho que começar a me alforriar deste trauma.

Sábado passado usei uma bermuda pela “primeira vez” depois de muito tempo, na frente de pessoas que não eram meus familiares. E sabe qual foi à sensação? De ter saído de uma masmorra, onde eu mesma me acorrentava.

Sentado no banco lá do fundo
percebi um alvoroço logo à frente.
Era até de se estranhar,
pois não acontece isso normalmente.

De-repente um homem bruto
venho em minha direção,
e foi logo me dizendo:
"Passe a bolsa agora agora mesmo,
não me tire a paciência,
pois eu tive um dia duro,
vida de criminoso não é moleza.

Pode levar Sr. assaltante,
tudo o que couber na sua mão.
Leve celular, dinheiro, balinha e
até o chaveiro de coração.

Só por favor, seja generoso
não que eu queira ser pretensioso
me devolva o chip e minhas poesias do bloquinho de anotação.