Coleção pessoal de SuperSuper

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Então, que seja doce. Repito todas as manhãs, ao abrir as janelas para deixar entrar o sol ou o cinza dos dias, bem assim, que seja doce. Quando há sol, e esse sol bate na minha cara amassada do sono ou da insônia, contemplando as partículas de poeira soltas no ar, feito um pequeno universo; repito sete vezes para dar sorte: que seja doce que seja doce que seja doce e assim por diante. Mas, se alguém me perguntasse o que deverá ser doce, talvez não saiba responder. Tudo é tão vago como se fosse nada.

Tive vontade de sentar na calçada da rua augusta e chorar, mas preferi entrar numa livraria, comprar um caderno lindo e anotar sonhos.

[...] sabe que o meu gostar por você chegou a ser amor, pois se eu me comovia vendo você, pois se eu acordava no meio da noite só pra ver você dormindo, meu Deus... como você me doía! De vez em quando eu vou ficar esperando você numa tarde cinzenta de inverno, bem no meio duma praça, então os meus braços não vão ser suficientes para abraçar você e a minha voz vai querer dizer tanta, mas tanta coisa que eu vou ficar calada um tempo enorme... só olhando você, sem dizer nada só olhando e pensando: Meu Deus, mas como você me dói de vez em quando!

Meu coração é um filme projetado num cinema de quinta categoria. A platéia joga pipoca na tela e vaia a história cheia de clichês.

Estou com a cabeça feito sonrisal, toda borbulhante.

Pra início de conversa: Você anda lendo o quê? Quem é que está te influenciando assim? Quem colocou essas idéias malucas em sua cabeça? Eu me preocupo com você, Carmem. Você anda feliz demais e isso é preocupante;
Eu sou um senhor de 80 e tantos anos e sei das coisas. Euforia demais é sinal de tragédia.

E se você vem, fica tudo maior, mais amplo... Sei lá... Mas é como se eu existisse dum jeito mais completo...

Seu sorriso derretia satélites e corações gelados.

É uma atriz, tão menina, e de vez em quando umas entonações sabidas de balzaquiana, ironias de diva, charme de gatinha.

Achei um pouquinho mágico, mágico suave, você sabe - nós ali, lado a lado, falando praticamente das mesmas coisas.

Às vezes me lembro dele. sem rancor, sem saudade, sem tristeza. sem nenhum sentimento especial a não ser a certeza de que, afinal, o tempo passou. nunca mais o vi, depois que foi embora. nunca nos escrevemos. Não havia mesmo o que dizer. Ou havia? Ah, como não sei responder as minhas próprias perguntas! É possível que, no fundo, sempre restem algumas coisas para serem ditas. É possível também que o afastamento total só aconteça quando não mais restam essas coisas e a gente continua a buscar, a investigar — e principalmente a fingir. Fingir que encontra. Acho que, se tornasse a vê-lo, custaria a reconhecê-lo.

Em seguida vieram o tempo, a distância, a poeira soprando. Mas eu trouxe de lá a memória de qualquer coisa macia que tem me alimentado nestes dias seguintes de ausência e fome. Sobretudo à noite, aos domingos. Recuperei um jeito de fumar olhando para trás das janelas, vendo o que ninguém veria.

Atrás das janelas, retomo esse momento de mel e sangue que Deus colocou tão rápido, e com tanta delicadeza, frente aos meus olhos há tanto tempo incapazes de ver: uma possibilidade de amor. Curvo a cabeça, agradecido. E se estendo a mão, no meio da poeira de dentro de mim, posso tocar também em outra coisa. Essa pequena epifania.

Durante algum tempo fiz coisas antigas como chorar e sentir saudade da maneira mais humana possível: fiz coisas antigas e humanas como se elas me solucionassem. Não solucionaram.

Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu.

e quis te dizer de como era bom que a gente tivesse se encontrado, assim, sem pedir, sem esperar

Era um amor diferente, quase assim feito uma segurança de sabê-lo sempre ali.

E outra vez me completo assim, sem urgências, e me concentro inteiro nas coisas que me contas... e te mastigo dentro de mim.

Dessa vez não vou evitar dizer o que está na minha cabeça só porque eu sei que minha mente geminiana vai negar no dia seguinte.

Quantas pessoas existem no mundo, encontram-se de repente e por alguma razão (...). Essas pessoas não querem se separar.

Mas o amor verdadeiro, se é que existe, entre homens ou mulheres, onde fica? Numa gaveta fechada, tive vontade de dizer.