Coleção pessoal de sorayaruffo

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NÃO!

VOCÊ NÃO SABE O QUE É SORVER A FRUTA E DEIXAR O SUMO PARA A TERRA…

SÓ OS QUE TÊM FOME E SEDE PODEM AVALIAR O REVÉS DA ESCASSEZ.

(sua cura é a fruta e não a terra)

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um homem sem palavra é um ser minúsculo.



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Uma farra seu olhar pra mim.

Você vê coisas que não existem, num tempo que não há, de uma forma que não se compara.

Obrigada, mas minha falsa modéstia me pede, pra dizer que são seus lindos olhos que fazem os meus serem especiais, aos seus.

É melhor ninguém perguntar pra ninguém se a vida está complicada.

Gripe, stress, fundo do poço social e economico, amores fora de hora, desproposito de ideias, pensamentos desarrumados, expressões inadequedas e mais todas aquelas coisas que fazem a gente se irritar só de imaginar sentir.

Mas pra mim, a vida está se arrumando. Está tomando um contorno totalmente inédito, mesmo num universo tão cheio de contradiçoes como é o meu. Como ERA o meu…cada passo faz sentido, cada drama toma corpo de coisa solucionada, cada erro me traz um acerto que estava sem pé nem cabeça, uma coisa se torna mais importante que a outra, eu vou me tornando formidável e a vida, que era complicada para muitos, vai desenhando uma saída honrosa.

Live or let die.

Jung teria receio de explicar que tipo de arquétipo somos e fomos eu e você.

Há pouco mais de 10 anos sabíamos tudo sobre perder tempo, passar o tempo, focar-se no tempo e não ter mais tempo.

Onde foi que nos perdemos assim?

Nas noites antigas…

nos compromissos de olhares

nas promessas…em detalhes que não esquecíamos e que hoje passam completamente à margem do que somos.

nada é pra sempre…

Parar no meio da rua, olhar pro lado direito, olhar pro lado esquerdo e mesmo assim atravessar, como se fosse igual cortar um pedaço de pão com a mão.

Maravilhas do meiofio?

Eu nao fecharia todas as portas assim, como todo mundo faz com tudo.

Deixaria um olho mágico a fitar seus olhos…

uma chave com segredos a falar em seu ouvido,

um maçaneta com fios ligados às suas mãos, para que sempre, tudo se abrisse, por sua vontadee força.

Mas o vento forte bateu a porta de uma só vez, tragando pra dentro da parede, tudo que se sonhou por tanto tempo…

AS PORTAS FORAM FEITAS PRA ABRIR E PRA FECHAR, NAO ESQUEÇA.

SAZONAL


sou assim.

de lua…

de veneta…

de estimulos…

de caprichos…

entao se nao tenho, nao dou.

tudo e nada

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mansa flor, de atitudes pálidas, sombras altivas, medrosas pétalas…

mansa flor, de caule magro, folhas grossas, perfume de maça…

mansa flor, de cálice longo, cores mortas, nenhum pólen.

mansa flor, escondida, dentro da sua mão.
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uma coisa é você se desligar do passado.

outra coisa é você ser do passado de alguém.

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[Pra dizer não, precisa primeiramente ter se cansado de dizer muitos sins!

o ” não” é agregado às coisas ruins, ao proibido nãogostoso, à negativa da razão e à privação do que desejamos.

digo NÃO a tudo aquilo que me faz menos feliz e a todos os pensamentos e desejos que não me deixam crescer.

às vezes, DIZER NÃO É DIZER SIM! ]

A mãe que eu sou…é só um caminho, no destino da mãe que eu sempre quis ser

Conheci uma senhorinha muito legal. 81 anos. Pequeninha (pra provar que tamanho não é documento!), doce (pra gente saber que diabetes não tira a docilidade das pessoas!), casada há 58 anos com o mesmo marido (que fez cair por terra minha afirmação de que casamento nenhum é bom!), com um problema grave no olho esquerdo (o que prova que quem quer enxergar as coisas, não precisa de olhos, mas de coração) e muito, mas muito engraçada (o que quer dizer que a idade, a vida e os percalços dela não podem tirar o humor assim, de graça!).

Tive o prazer de conhece-la e conversar com ela por um bom tempo. Trocamos impressões e idéias acerca dos mais diferentes assuntos, desde comidinhas que fazem a gente mais feliz, até sobre amores e frases feitas ditas por pessoas do nosso dia a dia.

“Adoro comer feijão com arroz e um purezinho pra acompanhar. Não preciso de muito mais que isso…Nem eu, nem meu querido”.

Perguntei se ela teve grandes amores. Disse que dois namorados, mas um grande amor só: “Foi melhor assim, porque se eu conhecesse mais homens teria certeza que não deveria me casar. A vida juntos é difícil, mas superável quando não existem promessas não cumpridas, pois por mais que se ame alguém as decepçoes das promessas são fatais. Este homem com quem eu vivo (olhando pra ele) nunca me prometeu o que não poderia cumprir, porque me olhou e me enxergou. Me deu amor e me deixou retribuir. Fez por mim e me deixou fazer por ele. Não mentiu e se o fez, porque ele não é perfeito, não me magoou. Nunca!” ela disse.

Pensei “Durma com um barulhos desses!!!”.

Sobre viver sozinha, ela disparou essa “Esta falando de você mesma amiguinha?”. Eu dei risada e disse que falava no geral. “Pode ser pior a solidão se você estiver junto com alguém. Você está? Porque se estiver solte o lastro, desamarre o barco e realmente viva sozinha! Vai ver como a maré fica calma. Vai ver como a oportunidade de estar só e bem diferente de ficar vazia”

Eu estava ali diante de alguém com a sabedoria da vida. Era uma filósofa que estudou até a 5ª. serie (disse ela), uma poeta das coisas simples, um arauto do amor sincero. Uma mulher como poucas que sabe que pode ser forte, sem ser grosseira por pura defesa. Bem na minha frente estava a guardiã de todas as amarguras e duvidas. Alguem que sabe responder a cada uma das coisas que sensibilizam a mulher!

E…não importa o nome dela.

“Queria muito que a senhora me falasse o que pensa da frase o que não me mata, me fortalece, pedi. Ela me olhou por cima dos óculos de haste clarinha e a resposta foi magnífica “Amiguinha, a diabetes não me matou, mas não me fortaleceu, apenas me abateu. Acho isso conformismo de quem não tem coragem. Eu assumi minha diabetes e hoje convivo com ela. Apenas isso.” E sapecou “Não repita essa frase, porque o que não nos mata pode nos aleijar. Fortalecer o que não nos matou? Isso não existe, pois sempre vai haver o ressentimento do problema. Matamos a causa e a lembrança persistirá. Nos fortalece nossa força no perdão. Nos fortalece nossa certeza do amor renovado todos os dias, nossa fé no Criador. O que não nos matou nos deixou cicatrizes.”

Pensei em pegar seu numero de telefone, seu endereço…

Mas creio que pequenas fadas aparecem de vez em quando, apadrinhando a gente com perspectivas boas e palavras maravilhosas. Ela foi meu presente de ano novo que veio de surpresa.



Soraya Ruffo

pensando em lhe dizer:

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queria lhe falar algo inusitado

sobre você ficar tão à vontade

fora do seu quadrado.
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“- Vocês tem sido boas meninas?”

Perguntava-nos minha avó, sistematicamente, todo mes de dezembro enquanto eramos meninas, a mim e as minhas primas. A pergunta era sempre individual, o que dava um certo charme, fazendo com que nos sentissemos especiais.
Para ela, ser uma boa menina era ter sido correta com minha mãe, meus tios que ajudaram a me criar, respeitando nossos vizinhos nordestinos e sabendo dividir minhas coisas com as primas. Fui de infancia muito simples, dai o valor das coisas pra mim ontem e hoje, ser tão diferente.

Para ser boa menina, precisava comandar uma agulha como poucas, arrumar a cama sem efeito de propaganda (aquela em que a mocinha levanta o lençol láaaaa em cima pra deita-lo suavemente sobre a cama) e lavar as panelas, deixando-as com cara de novas.
Boas meninas também faziam massa de macarrão em casa (com a maciez de uma petala rosa, dizia minha avó), lavavam o carro da tia solteira, recolhiam cocozinhos do cachorro e olhavam com carinho para o avô que produzia tarrafas em casa (grande pescador meu avô!). Eu era portanto uma boa menina!

O que eu responderia hoje à minha avó se ela me perguntasse de novo, olhos nos olhos, eu e ela?
Acho que ainda sou a boa menina, porque mantenho muitas coisas daquele tempo tão bom, terno e confortável…ainda amando as pessoas e suas crises, me contorcendo para que me enxerguem (como era antes, ainda eh agora!).
Mas também sou má, porque tenho o egoismo de me preocupar mais comigo hoje em dia, deixando um pouco o sorriso fácil pra lá, cosendo muito muito menos, cozinhando cada vez melhor, mas de vez em quando. Apelo entao para as facilidades da vida moderna, a fim de justificar para Dona Helena, que brilha no céu, que não sou preguiçosa e tenho certeza absoluta de que ela também gostaria dessa vida que levamos hoje (sushisashimis, restaurantes em casa esquina, comidinhas prontas, lavadoras,secadoras, skype, msn…! U la laaa).

Explicando: a pergunta formulada pra mim e para minhas primas tinha um objetivo: fazer-nos pensar se éramos dignas de um presente de Natal e se poderiamos iniciar o novo ano com as bençaos que as boas meninas ganham (por termos sido internas em colegio de freiras, isso contava MUITO!!! Presentes e bencaos, eram um evento e tanto).

Penso que aquele tempo foi impressionantemente repressor, mas minha linda avo, fazia da repressao social que sofriamos nos, as meninas, uma oportunidade de ensinar coisas. Ela era uma contadora de historias e nem sabia.

Para nos todas, que queremos ser boas meninas, com certeza minha avo diria “Nao passem pelas pessoas sem olha-las. Nao fiquem paradas como poste esperando dadivas gratuitas, porque nem Deus, nem nosso umbigo, nem nosso proximo gostam disso”. Mais facil? Nao sei nao…

Dona Helena sabia das coisas!

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quem pode segurar a natureza das coisas? do homem quando a saúde implora pela natureza de tudo… da propria natureza quando ela chama o homem… quem poderá entender o futuro?
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Quero porque quero um rio, uma cadeira, um olho preto, uma saidera e um pouco de flor no jardim.

Quero porque quero um aniz estrelado e uma pitanga, pra me fartar de cor e me sentir cada dia mais feliz.

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E pensar que somos uma arvore com flores, num deserto de cores…

O MUNDO ANDA TÃO VAZIO DE TUDO.
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acorda!
“suas asas estão no seu coração”