Coleção pessoal de Sioux

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(…) ouvir tudo isso daquela boca e - no tom da mais sincera simpatia! ... Fiquei transtornado e tenho ainda o coração cheio de ódio. Queria que alguém ousasse repetir-me tudo isso para atravessar-lhe a minha espada de lado a lado, - porque só o sangue poderá acalmar-me. Oh! cem vezes já peguei do punhal para livrar meu coração do peso que o esmaga.
Conta-se que há uma briosa espécie de cavalos que, perseguidos, quando se vêem demasiadamente excitados tem o instinto de abrir uma veia com os dentes para não rebentarem sufocados. Sinto às vezes vontade de fazer o mesmo: abrir uma veia e conquistar assim, para sempre, a liberdade.

Todos os dias devíamos ouvir um pouco de música, ler uma boa poesia, ver um quadro bonito e, se possível, dizer algumas palavras sensatas.

Nada mais assustador que a ignorância em ação.

A mentira é o único privilégio do homem sobre todos os outros animais.

No início do verão às vezes faz dias encantadores em Petersburgo - claro, mornos, serenos. Como que de propósito aquele dia era um desses tais dias raros. O príncipe perambulou algum tempo a esmo. Conhecia mal a cidade. Às vezes parava nos cruzamentos das ruas diante de outros edifícios, nas praças, nas pontes; em certo momento entrou em uma padaria para descansar. Vez por outra olhava atentamente para os transeuntes com grande curiosidade; contudo, o mais das vezes não notava nem os transeuntes nem aonde exatamente estava indo. Estava em uma tensão angustiante e intranquilo e ao mesmo tempo sentia uma necessidade inusual de estar só. Queria estar só e entregar-se a essa tensão sofredora de modo absolutamente passivo, sem procurar a mínima saída. Com asco negava-se a resolver a pergunta que desabara sobre sua alma e seu coração. "E daí, por acaso eu tenho culpa de tudo isso?" - balbuciava de si para si, quase sem ter consciência das suas palavras.

Existem nas recordações de todo homem coisas que ele só revela aos amigos. Há outras que não revela mesmo aos amigos, mas apenas a si próprio, e assim mesmo em segredo. Mas também há, finalmente, coisas que o homem tem medo de desvendar até a si próprio...

O macaco é um animal demasiado simpático para que o homem descenda dele.

O verdadeiro homem quer duas coisas: perigo e jogo. Por isso quer a mulher: o jogo mais perigoso.

As mulheres podem tornar-se facilmente amigas de um homem; mas, para manter essa amizade, torna-se indispensável o concurso de uma pequena antipatia física.